As Aparições

Apare­ceu, porém, o Sen­hor a Abrão, e disse: à tua semente darei esta ter­ra. Abrão, pois, edi­fi­cou ali um altar ao Sen­hor que lhe apare­cera.” Géne­sis 12:7

Questão

As aparições serão apoiadas pela Bíblia, ou não pas­sarão de embuste cri­a­do por gente sem escrúpu­los a fim de sat­is­faz­erem os seus próprios interesses? 

Con­tex­to bíblico

Primeiro ter­e­mos que averiguar a nar­ra­ti­va das Sagradas Escrit­uras sobre o assun­to em epí­grafe. No iní­cio do livro de Géne­sis encon­tramos o rela­to da exper­iên­cia do primeiro casal após o seu peca­do: “E, ouvin­do a voz do Sen­hor Deus, que passea­va no jardim à tardinha, escon­der­am-se o homem e sua mul­her da pre­sença do Sen­hor Deus, entre as árvores do jardim.” (Gn 3:8). Dá para notar uma coisa: Eles escon­de­ram-se de Deus porque temi­am enfren­tá-lo, mas não o viram de for­ma algu­ma.  De­pois dis­so, “chamou o Sen­hor Deus o homem, e per­gun­tou-lhe: Onde estás? Respon­deu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque esta­va nu; e escon­di-me. (Gn 3:9,19). Deus somente chamou Adão, mas não lhe apareceu. 

Abrão, na primeira vez, somente ouviu a voz do Sen­hor a faz­er-lhe um con­vite, mas não o viu: “Ora, o Sen­hor disse a Abrão: Sai-te da tua ter­ra, da tua par­entela, e da casa de teu pai, para a ter­ra que eu te  mostrarei. (Gn 12:1). Porém, na segun­da expe­riência o tre­cho diz que: “Quan­do Abrão tin­ha noven­ta e nove anos, apare­ceu-lhe o Sen­hor e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda em min­ha pre­sença, e sê per­feito; (Gn 17:1). Nat­u­ral­mente, Abrão não viu o Sen­hor, vis­to que Ele é Espíri­to, e não pode ser vis­to. Abrão depreen­deu que Deus esta­va falan­do com ele. Tan­to nas re­ferências ante­ri­ores, como nas seguintes, Gn 18:1 e 26:24, a tradução gre­ga con­tém o ver­bo ‘fainô’ que sig­nifi­ca bril­har, res­p­lan­de­cer. Ele viu, por­tan­to, um bril­ho, um res­plendor. A con­cor­dar com a ideia está o rela­to de Mateus 1:20: “E, pro­jectan­do ele isso, eis que em son­ho lhe apare­ceu um anjo do Sen­hor, dizen­do: José, fil­ho de Davi, não temas rece­ber a Maria, tua mul­her, pois o que nela se ger­ou é do Espíri­to Santo.” 

Em segui­da temos a exper­iên­cia de Moisés, cujo rela­to é o seguinte: “E apare­ceu-lhe o anjo do Sen­hor em uma chama de fogo do meio duma sarça. Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se con­sum­ia.” (Êx 3:2). Tam­bém Moisés não viu o Sen­hor, somente obser­vou a sarça em chama con­stante. Neste caso, tan­to o ver­bo hebraico como o grego são os mes­mos de ante­ri­or­mente. A dúvi­da de Moisés, que seus irmãos acred­i­tari­am nele, rev­ela bem o con­ceito do povo quan­to a aparições: “Então respon­deu Moisés: Mas eis que não me crerão, nem ouvirão a min­ha voz, pois dirão: O Sen­hor não te apare­ceu;” (Êx 4:1).

Então, temos a exper­iên­cia do povo no deser­to: “E quan­do Arão falou a toda a con­gregação dos fil­hos de Israel, estes olharam para o deser­to, e eis que a glória do Se­nhor, apare­ceu na nuvem;” (Êx 16:10). Eles somente viram a glória, o resplen­dor da Sua pre­sença. “E disse mais: Não poderás ver a min­ha face, porquan­to homem ne­nhum pode ver a min­ha face e viv­er.” (Êx 33:20).

Nova­mente obser­va­mos out­ra exper­iên­cia de Moisés: “E quan­do a min­ha glória pas­sar, eu te por­ei numa fen­da da pen­ha e te cobrirei com a min­ha mão até que eu haja pas­sa­do;” (Êx 33:22). “Depois, quan­do eu tirar a mão, me verás pelas costas; porém a min­ha face não se verá;” (Êx 33:23). Deus não pode ser vis­to com os olhos car­nais, somente o bril­ho da Sua glória.

Mais tarde, todo o povo viu a glória do Sen­hor no deser­to: “E Moisés e Arão entra­ram na ten­da da rev­e­lação; depois saíram, e abençoaram o povo; e a glória do Sen­hor apare­ceu a todo o povo; (Lv 9:23). E o livro de Números dá-nos este rela­to: “Mas toda a con­gre­gação disse que fos­sem ape­dre­ja­dos. Nis­so a glória do Sen­hor apare­ceu na ten­da da rev­e­lação a todos os fil­hos de Israel; (Nm 14:10). Daqui para diante, as Escrit­uras men­cionam a rev­e­lação do Sen­hor a vários per­son­agens, sem­pre no sen­ti­do ver­bal de ‘fainô’ : A Gideão, aos pais de Samuel, a Elias, e a Salomão.

Ago­ra passe­mos para ocor­rên­cias relatadas pelo Novo Tes­ta­men­to. José, em Nazaré, não viu o anjo do Sen­hor; primeiro porque era um son­ho, depois porque era tam­bém um resplen­dor ‘fainô’: “E, pro­jectan­do ele isso, eis que em son­ho lhe apare­ceu um anjo do Sen­hor, dizen­do: José, fil­ho de Davi, não temas rece­ber a Maria, tua mul­her, pois o que nela se ger­ou é do Espíri­to San­to;” (Mt 1:20). O mes­mo lhe acon­te­ceu no Egip­to: “Mas ten­do mor­ri­do Herodes, eis que um anjo do Sen­hor apare­ceu em son­ho a José no Egip­to;” (Mt 2:19).

No monte da trans­fig­u­ração, três dis­cípu­los de Jesus viram ali três per­son­agens com eles: “Seis dias depois tomou Jesus con­si­go a Pedro, a Tia­go, e a João, e os lev­ou à parte sós, a um alto monte; e foi trans­fig­u­ra­do diante deles;” (Mc 9:2)… “E apare­ceu-lhes Elias com Moisés, e falavam com Jesus; (Mc 9:4). Vis­to que Jesus esta­va trans­formado em glória, eles estavam igual­mente. Todavia, este fac­to acon­te­ceu com adul­tos respon­sáveis, que dev­e­ri­am rece­ber uma lição práti­ca acer­ca do reino.

Quan­do Jesus ressus­ci­tou, apare­ceu várias vezes aos dis­cípu­los para com­pro­var o cumpri­men­to das Escrit­uras e des­per­tar a fé dos dis­cípu­los: “[Ora, haven­do Jesus res­surgido cedo no primeiro dia da sem­ana, apare­ceu primeira­mente a Maria Madale­na, da qual tin­ha expul­sa­do sete demónios;” (Mc 16:9).  “Por últi­mo, então, apare­ceu aos onze, estando eles recli­na­dos à mesa, e lançou-lhes em ros­to a sua incredul­i­dade e du­reza de coração por não haverem dado crédi­to aos que o tin­ham vis­to já ressurgi­do;” (Mc 16:14).

Depois obser­va­mos a exper­iên­cia de dois dis­cípu­los no cam­in­ho de Emaús, os quais nem o recon­hece­r­am à primeira vista. Só pela maneira como par­tiu o pão foi reconhe­cido: “Enquan­to assim comen­tavam e dis­cu­ti­am, o próprio Jesus se aprox­i­mou, e ia com eles; mas os olhos deles estavam como que fecha­dos, de sorte que não o reco­nheceram; (Lc 24:15,6).  Jesus apare­ceu ain­da a mais de quin­hen­tos irmãos, pois que­ria que eles fos­sem teste­munhas ocu­lares da sua ressur­reição: “depois apare­ceu a mais de quin­hen­tos irmãos duma vez, dos quais vive ain­da a maior parte, mas alguns já dormem;” (1 Co 15:6)… “e por der­radeiro de todos apare­ceu tam­bém a mim, como a um aborti­vo;” (1 Co 15:8).

Após estes teste­munhos sobre aparições, con­sid­er­e­mos a séria advertên­cia de Jesus acer­ca dele mes­mo: “Se, pois, alguém vos diss­er: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! não acred­iteis; porque hão de sur­gir fal­sos cristos e fal­sos pro­fe­tas, e farão grandes sinais e prodí­gios; de modo que, se pos­sív­el fora, enga­nari­am até os escol­hi­dos. Eis que de antemão vo-lo ten­ho dito. Por­tan­to, se vos dis­serem: Eis que ele está no deser­to; não saiais; ou: Eis que ele está no inte­ri­or da casa; não acred­iteis;” (Mt 24:23–26).

Con­tu­do, deixou um sinal para recon­hec­i­men­to da sua pre­sença, no futuro, a fim con­sumar o seu reino: “Porque, assim como o relâm­pa­go sai do ori­ente e se mostra até o oci­dente, assim será tam­bém a vin­da do fil­ho do homem;” (Mt 24:27).  “Então apare­cerá no céu o sinal do Fil­ho do homem, e todas as tri­bos da ter­ra se lamen­tarão, e ve­rão vir o Fil­ho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória;” (Mt 24:30).  O sinal, pro­pri­a­mente, sig­nifi­ca que, naque­le dia, a pre­sença do Sen­hor bri­lhará no céu com a rapi­dez e o bril­ho como um relâmpago.

Con­clusão

Con­sideran­do todo o teste­munho bíbli­co descrito aci­ma, e a séria advertên­cia do Se­nhor Jesus, como é ain­da pos­sív­el que pes­soas esclare­ci­das aceit­em como ver­dade cer­tas aparições em várias local­i­dades des­ta Ter­ra? Ain­da mais: Nem todos os preten­sos inter­ve­nientes eram pes­soas adul­tas, nem pes­soas esclare­ci­das para poderem ava­liar entre a ver­dade e a men­ti­ra. Nem, pelo menos, estavam investi­dos nal­gu­ma mis­são impor­tante para Deus, à semel­hança dos ante­ri­ores, a fim de cumprirem mais efi­cazmente o seu com­pro­mis­so. As aparições serão apoiadas pela Bíblia, ou não passa­rão de embuste cri­a­do por gente sem escrúpu­los a fim de sat­is­faz­erem os seus própri­os interesses?

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