A Cidade de Deus

E vi a san­ta cidade, a nova Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, adereça­da como uma noi­va atavi­a­da para o seu noi­vo.”  nova jerusalémApoc­alipse 21:2

Questão

Que cidade é esta que desce do céu até à ter­ra como uma esposa? Quem é o noi­vo? Será uma cidade físi­ca, ou uma cidade humana?

Con­tex­to bíblico

No princí­pio o Cri­ador esta­b­ele­ceu a base para uma cidade de Deus, con­forme o rela­to de Géne­sis 2:7,8: “E for­mou o Sen­hor Deus o homem do pó da ter­ra e soprou-lhe nas nar­i­nas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente. Então plan­tou o Sen­hor Deus um jardim, da ban­da do ori­ente, no Éden, e pôs ali o homem que tin­ha for­ma­do.” Este propósi­to, con­tu­do, foi alter­ado com a entra­da do peca­do, e o primeiro casal foi expul­so daque­le lugar. Porém, o nasci­men­to de Sete ren­ovou a esper­ança de haver uma sociedade jus­ta porque “Foi nesse tem­po que os home­ns começaram a invo­car o nome do Sen­hor” (Gn 4:26).

A esper­ança na descendên­cia de Sete foi tam­bém gora­da porque os seus fil­hos mis­tu­raram-se com os ímpios descen­dentes de Caim, e Deus decid­iu destru­ir aque­la humanidade e esta­b­ele­ceu o seu pacto com Noé: “Porque eis que eu tra­go o dilúvio sobre a ter­ra para destru­ir, de debaixo do céu, toda a carne em que há espíri­to de vida; tudo o que há na ter­ra expi­rará. Mas con­ti­go esta­b­ele­cerei o meu pacto; entrarás na arca, tu e con­ti­go teus fil­hos, tua mul­her e as mul­heres de teus fil­hos.” E Noé fez tudo con­forme o Sen­hor lhe ordenara. (Gn 6:17,18). Todavia, Eles decidi­ram edi­ficar orgul­hosa­mente uma cidade sua, não a de Deus. “Dis­ser­am mais: Eia, edi­fique­mos para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque no céu, e façamo-nos um nome para que não sejamos espal­ha­dos sobre a face de toda a ter­ra.” (Gn 11:4). Por este moti­vo o Sen­hor con­trar­i­ou os seus propósi­tos e provo­cou a dis­per­são pela terra.

Depois, na mes­ma ter­ra onde localizara o jardim do Édem, escol­heu Abrão e chamou‑o a fim de edi­ficar a sua cidade com ele. Seria a cidade de Deus, como está escrito: “Ora, o Sen­hor disse a Abrão: Sai-te da tua ter­ra, da tua par­entela, e da casa de teu pai, para a ter­ra que eu te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrande­cerei o teu nome; e tu, serás uma bênção.” (Gn 12:1,2). Abrão foi obe­di­ente e rumou sem rumo cer­to, somente con­fian­do na direcção de Deus. Mais tarde, o Sen­hor apare­ceu-lhe e disse-lhe: “esta­b­ele­cerei o meu pacto con­ti­go e com a tua descendên­cia depois de ti em suas ger­ações, como pacto per­pé­tuo, para te ser por Deus a ti e à tua descendên­cia depois de ti. Dar-te-ei a ti e à tua descendên­cia depois de ti a ter­ra de tuas pere­gri­nações, toda a ter­ra de Canaã, em per­pé­tua pos­sessão, e serei o seu Deus.” (Gn 17:7,8).

Após a sua descendên­cia haver pas­sa­do cer­ca de qua­tro­cen­tos anos no Egip­to, Deus chamou Moisés e entre­gou-lhe a mis­são de tirá-los dali para os con­duzir à ter­ra prometi­da. Moisés foi obe­di­ente e fez como o Sen­hor lhe ordenara. Quan­do tin­ham chega­do ao Sinai Deus disse-lhes: “Ago­ra, pois, se aten­ta­mente ouvird­es a min­ha voz e guardard­es o meu pacto, então sereis a min­ha pos­sessão pecu­liar den­tre todos os povos, porque min­ha é toda a ter­ra; e vós sereis para mim reino sac­er­do­tal e nação san­ta. São estas as palavras que falarás aos fil­hos de Israel.” (Êx 19:5,6). Ao que o povo respon­deu: Tudo o que o Sen­hor tem fal­a­do fare­mos (cf. Êx 19:8). Infe­liz­mente não cumpri­ram esta promes­sa, mas Deus foi misericordioso.

Entre­tan­to Deus escol­heu Judá, de cuja tri­bo sairia aque­le que rece­be­ria o bastão para reinar com autori­dade, de acor­do com as Escrit­uras: “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de autori­dade den­tre seus pés, até que ven­ha aque­le a quem per­tence; e a ele obe­de­cerão os povos.” (Gn 49:10). Essa eleição caiu sobre David, que foi ungi­do rei sobre todo o Israel pelo pro­fe­ta Samuel: “Então disse o Sen­hor: Lev­an­ta-te e unge‑o, porque é este mes­mo. Então Samuel tomou o vaso de azeite e o ungiu no meio de seus irmãos; e daque­le dia em diante o Espíri­to do Sen­hor se apoder­ou de David.” (1 Sm:16:13). Mais tarde, já investi­do no car­go, David procu­ra con­quis­tar a cidade dos Jebuseus: “Depois par­tiu o rei com os seus home­ns para Jerusalém, con­tra os jebuseus, que habitavam naque­la ter­ra, os quais dis­ser­am a Davi: Não entrarás aqui; os cegos e es cox­os te repelirão; queren­do diz­er: Davi de maneira algu­ma entrará aqui. Todavia Davi tomou a for­t­aleza de Sião; esta é a cidade de Davi.” (2 Sm:5:6,7). Esta seria a futu­ra cidade de Deus.

Então o anjo do Sen­hor orde­nou a Gade que dissesse a Davi para subir e lev­an­tar um altar ao Sen­hor na eira de Ornã, o jebuseu. Subiu, pois, Davi, con­forme a palavra que Gade falara em nome do Sen­hor.” ( 1 Cr 21:18,19). “Então disse Davi: Esta é a casa de Sen­hor Deus, e este é o altar de holo­caus­to para Israel.” (1 Cr 22:1). E teve o cuida­do de ajun­tar tudo o que era necessário para a con­strução da casa do Sen­hor, uma riqueza fab­u­losa: “Eu, pois, com todas as min­has forças ten­ho prepara­do para a casa de meu Deus o ouro para as obras de ouro, a pra­ta para as de pra­ta, o bronze para as de bronze, o fer­ro para as de fer­ro e a madeira para as de madeira; pedras sardóni­cas, pedras de engaste, pedras de orna­to, pedras de várias cores, toda sorte de pedras pre­ciosas, e már­more em abundân­cia.” (1 Cr 29:2).

A seguir, cabe a seu fil­ho Salomão o priv­ilé­gio de con­stru­ir a mora­da do Sen­hor nesse lugar, e em redor cresceu uma cidade, que se chamaria ‘Jerusalém’, ou cidade da paz.. Uma pro­fe­cia de Eze­quiel ref­ere a existên­cia duma cidade com suas por­tas aos qua­tro ven­tos, cujo nome será Jeová-Samá, que sig­nifi­ca ‘o Sen­hor está ali’ (cf. Ez 48:30–35). Se o Sen­hor está ali, a mes­ma será a Cidade de Deus. Fornece igual­mente a car­ac­terís­ti­ca da sua flo­ra. “E jun­to do rio, à sua margem, de uma e de out­ra ban­da, nascerá toda a sorte de árvore que dá fru­to para se com­er. Não mur­chará a sua fol­ha, nem fal­tará o seu fru­to. Nos seus meses pro­duzirá novos fru­tos porque as suas águas saem do san­tuário. O seu fru­to servirá de ali­men­to e a sua fol­ha de remé­dio.” (Ez 47:12).

Muito antes já o salmista can­ta­va: “Há um rio cujas cor­rentes ale­gram a cidade de Deus, o lugar san­to das moradas do Altís­si­mo. Deus está no meio dela, não será abal­a­da; Deus a aju­dará des­de o raiar da alva.” (Sl 46:4,5). E o livro de Apoc­alipse rev­ela uma cidade semel­hante no futuro onde Deus habi­ta: “Nela não vi san­tuário porque o seu san­tuário é o Sen­hor Deus Todo-Poderoso e o Cordeiro.” (Ap 21:22). “E mostrou-me o rio da água da vida, claro como cristal, que pro­ce­dia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, e de ambos os lados do rio esta­va a árvore da vida, que pro­duz doze fru­tos, dan­do seu fru­to de mês em mês; e as fol­has da árvore são para a cura das nações.” (Ap 22:1,2).

João foi tam­bém con­vi­da­do a obser­var o aspec­to da cidade de Deus, cuja descrição é semel­hante à forneci­da por Eze­quiel: “e falou comi­go, dizen­do: Vem, mostrar-te-ei a noi­va, a esposa do Cordeiro. E lev­ou-me em espíri­to a um grande e alto monte e mostrou-me a san­ta cidade de Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ten­do a glória de Deus; e o seu bril­ho era semel­hante a uma pedra pre­ciosís­si­ma, como a pedra de jaspe; e tin­ha um grande e alto muro com doze por­tas, e nas por­tas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tri­bos dos fil­hos de Israel. Ao ori­ente havia três por­tas, ao norte três por­tas, ao sul três por­tas, e ao oci­dente três por­tas. E disse: “Bem-aven­tu­ra­dos aque­les que lavam as suas vestes [no sangue do Cordeiro] para que ten­ham dire­ito à arvore da vida e pos­sam entrar na cidade pelas por­tas.” (Ap 21:9–14).

E a rev­e­lação con­tin­ua: “A cidade não neces­si­ta do sol nem da lua para que nela res­p­lan­deçam, porque a glória de Deus a tem alu­mi­a­do, e o Cordeiro é a sua lâm­pa­da. As nações andarão à sua luz, e os reis da ter­ra trarão para ela a sua glória.” (Ap 21:23,24). O Sen­hor assever­ou que Ele é a luz do mun­do, e que os seus dis­cípu­los são tam­bém a luz do mun­do, de acor­do com as Escrit­uras: “Então Jesus tornou a falar-lhes, dizen­do: Eu sou a luz do mun­do; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo 8:12). E, “Vós sois a luz do mun­do. Não se pode escon­der uma cidade situ­a­da sobre um monte.” “Assim res­p­lan­deça a vos­sa luz diante dos home­ns, para que vejam as vos­sas boas obras, e glo­ri­fiquem a vos­so Pai, que está nos céus.” (Mt 5:14,16). Por­tan­to, “Fazei todas as coisas sem mur­mu­rações nem con­tendas para que vos torneis irrepreen­síveis e sin­ceros, fil­hos de Deus imac­u­la­dos no meio de uma ger­ação cor­rup­ta e per­ver­sa, entre a qual res­p­lan­de­ceis como luminares no mun­do” (Fl 2:15).

O autor da epís­to­la aos Hebreus escreveu que pela fé em Cristo cheg­amos à cidade de Deus: “Mas ten­des chega­do ao Monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celes­tial, a miríades de anjos; à uni­ver­sal assem­bleia e igre­ja dos pri­mogéni­tos inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíri­tos dos jus­tos aper­feiçoa­d­os” (Hb 12:22,23).

Con­clusão

Em vista do expos­to, con­sid­er­amos que a cidade de Deus é for­ma­da por todos os res­gata­dos pelo Cordeiro de Deus, que veio tirar o peca­do do mun­do. Ele mes­mo é o fun­da­men­to dessa cidade, de acor­do com as suas palavras per­ante os dis­cípu­los: “sobre esta pedra eu edi­fi­carei a min­ha Igre­ja, e as por­tas do Hades não prevale­cerão con­tra ela”. (Mt 16:18). O esposo é Jesus, que prom­e­teu voltar para levar a sua esposa con­si­go para casa do Pai, e um dia regres­sar com ela. Por con­seguinte, a Cidade de Deus será com­pos­ta por pes­soas sal­vas e san­tifi­cadas, as quais recebem a luz do Sen­hor para a reflec­tirem neste mun­do e alu­mi­ar a todos. Será assim ago­ra e no futuro.

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