Falar línguas

1 Corín­tios 14:5

Ora, quero que todos vós faleis lín­guas, mas muito mais que pro­fe­tizeis; pois quem pro­fe­ti­za é maior do que aque­le que fala lín­guas, a não ser que tam­bém inter­prete para que a igre­ja rece­ba edificação.” 

Questão

Um dos sinais apon­ta­dos, que acom­pan­ham os crentes, é falar out­ras lín­guas, como está escrito em Mar­cos: “E estes sinais acom­pan­harão aos que crerem: em meu nome expul­sarão demónios; falarão novas lín­guas.” (Mc 16:17). Como poder­e­mos saber se alguém está falan­do inspi­ra­do pelo Espíri­to ou não, tan­to no falar lín­guas, como no profetizar? 

Con­tex­to bíblico

Para respon­der a esta questão ter­e­mos de exam­i­nar o con­tex­to bíbli­co, incluin­do mes­mo os referi­dos tre­chos. Ao cumprir-se o dia de Pen­te­costes, e reunidos no lugar do cos­tume, os dis­cípu­los foram vis­i­ta­dos por um ruí­do estran­ho “e todos ficaram cheios do Espíri­to San­to e começaram a falar noutras lín­guas con­forme o Espíri­to lhes con­ce­dia que falassem.” (At 2:4). 

Entre­tan­to, uma grande mul­ti­dão jun­tou-se à por­ta daque­la casa, con­fusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria lín­gua, e inter­rog­a­ram-se: “Como é, pois, que os ouvi­mos falar cada um na própria lín­gua em que nasce­mos? Nós, par­tos, medos, e elami­tas; e os que habita­mos a Mesopotâmia, a Judeia e a Capadó­cia, o Pon­to e a Ásia, a Frí­gia e a Pan­fília, o Egip­to e as partes da Líbia próx­i­mas a Cirene, e forasteiros romanos, tan­to judeus como prosél­i­tos, cretens­es e árabes, ouvi­mo-los em nos­sas lín­guas falar das grandezas de Deus.” (At 2:9–11).

O teste­munho dos vis­i­tantes é pro­va con­clu­dente que aque­les cristãos estavam falan­do inspi­ra­dos pelo Espíri­to San­to. Pois, sendo todos eles galileus, descon­heci­am todas aque­las lín­guas em que se expres­savam. O mes­mo acon­te­ceu na casa do cen­turião Cornélio. Enquan­to Pedro expun­ha a men­sagem da sal­vação, o Espíri­to San­to desceu sobre todos, de for­ma a ficarem mar­avil­ha­dos, porque os ouvi­am falar lín­guas e mag­nificar a Deus. (At 10.45,46). Se a acção de falar lín­guas tem a função de glo­ri­ficar a Deus, não haja dúvi­da que o Espíri­to San­to está agin­do. Se, por­ven­tu­ra, o agente fal­ador procu­rar a sua glória, é o seu espíri­to que está agin­do, e não o de Deus.

Igual­mente, o após­to­lo Paulo não duvi­dou que os cristãos em Éfe­so tin­ham rece­bido o Espíri­to San­to, porque “haven­do Paulo impos­to as suas mãos, veio sobre eles o Espíri­to San­to e falavam lín­guas e pro­fe­ti­zavam.” (At 19:6).

Porém, há uma condição para o cor­rec­to uso das lín­guas em assem­bleia: é a inter­pre­tação. Se esta não exi­s­tir, não há edi­fi­cação para os ouvintes e, por con­seguinte, a aque­la acção tornou-se nula. Seria mel­hor, para o tal, falar somente entre si e Deus, que a todos entende. Neste caso, o após­to­lo ensi­na que “se não hou­ver intér­prete este­ja cal­a­do na igre­ja, e fale con­si­go mes­mo e com Deus.” (1 Co 14:28). O fac­to é que Deus, quan­do dis­tribui os dons, reparte a cada um con­forme a neces­si­dade do cor­po, “porque a um, pelo Espíri­to, é dada a palavra da sabedo­ria; a out­ro, pelo mes­mo Espíri­to, a palavra da ciên­cia; a out­ro, pelo mes­mo Espíri­to, a fé; a out­ro, pelo mes­mo Espíri­to, os dons de curar;  a out­ro a oper­ação de mila­gres; a out­ro a pro­fe­cia; a out­ro o dom de dis­cernir espíri­tos; a out­ro a var­iedade de lín­guas; e a out­ro a inter­pre­tação de lín­guas.  Mas um só, e o mes­mo Espíri­to, opera todas estas coisas, dis­tribuin­do par­tic­u­lar­mente a cada um como quer.” (1 Co 12:8–11). Os agentes só têm que usar a fer­ra­men­ta dis­tribuí­da pelo Sen­hor ten­do o cuida­do extremo que seja para bene­fí­cio de todos.

Assim como Deus colo­cou os mem­bros necessários ao nos­so cor­po, tem, igual­mente, o mes­mo cuida­do com o cor­po de Cristo. Vis­to ser um cor­po espir­i­tu­al per­feito, não pode fal­tar-lhe qual­quer mem­bro com o respec­ti­vo dom espir­i­tu­al para bene­fí­cio de todos. Por este moti­vo, Paulo, o grande doutor da igre­ja, inter­ro­ga à guisa de ensi­no: “Que faz­er, pois, irmãos? Quan­do vos con­gre­gais, cada um de vós tem salmo, tem dout­ri­na, tem rev­e­lação, tem lín­gua, tem inter­pre­tação. Faça-se tudo para edi­fi­cação.” (1 Co 14:26).

Con­clusão

Por con­seguinte, podemos saber quan­do alguém está sendo inspi­ra­do por Deus, quan­do recon­hece­mos nes­sa acção algum bene­fí­cio espir­i­tu­al para edi­fi­cação do cor­po de Cristo. Se naque­la man­i­fes­tação não exi­s­tir a car­ac­terís­ti­ca do bene­fí­cio colec­ti­vo, podemos con­cluir que provém sim­ples­mente do espíri­to humano, queren­do demon­strar ser um crente espir­i­tu­al toma­do pelo Espíri­to de Deus e bus­can­do glória para si mes­mo. Além dis­so, con­cluí­mos tam­bém que aque­le que o dom de pro­fe­cia não será maior se o dom de lín­guas for acom­pan­hado pela inter­pre­tação. Pois a inter­pre­tação tor­na o dom de lín­guas semel­hante à pro­fe­cia, vis­to que tem uma men­sagem para edi­fi­cação do cor­po. Então, um serviço com­ple­to no cor­po de Cristo seria onde hou­vesse todos os dons em man­i­fes­tação, exercendo cada mem­bro o seu dom con­forme a neces­si­dade e a opor­tu­nidade adequada.

E o olho não pode diz­er à mão: Não ten­ho neces­si­dade de ti; nem ain­da a cabeça aos pés: Não ten­ho neces­si­dade de vós. Antes, os mem­bros do cor­po que pare­cem ser mais fra­cos são necessários; e os mem­bros do cor­po que rep­uta­mos serem menos hon­ra­dos, a ess­es reves­ti­mos com muito mais hon­ra; e os que em nós não são deco­rosos têm muito mais deco­ro, ao pas­so que os deco­rosos não têm neces­si­dade dis­so. Mas Deus assim for­mou o cor­po, dan­do muito mais hon­ra ao que tin­ha fal­ta dela, para que não haja divisão no cor­po, mas que os mem­bros ten­ham igual cuida­do uns dos out­ros.” (Paulo – 1 Co 12:21–25). ASSIM SEJA.

Both comments and pings are currently closed.

Comments are closed.

Translate »