A conquista da cidade

Todo lugar que pis­ar a plan­ta do vos­so pé vo-lo dei, como eu disse a Moisés.” Josué 1.3,4

Questão

A promes­sa que Deus fez a Josué: “Todo o lugar que pis­ar a plan­ta do vos­so pé, vo-lo ten­ho dado, como eu disse a Moisés” tem sido comen­ta­do de for­ma não bíbli­ca, sem obser­vação algu­ma pelas ele­mentares regras her­menêu­ti­cas. Vis­to que a mel­hor her­menêu­ti­ca encon­tra-se nas Sagradas Escrit­uras, observe-se como Deus fez a promes­sa a Moisés, lendo o próprio con­tex­to jun­ta­mente com Deuteronómio 11:22–25, inseri­do abaixo.

Con­tex­to bíblico

Primeiro, Deus envi­ou esta men­sagem ao povo de Israel. Então, prom­e­teu tirar as nações daque­la ter­ra. Depois, delim­i­tou as fron­teiras dos seus ter­mos. Em quar­to lugar, asse­gurou que a ter­ra que pisas­sem seria deles. His­tori­ca­mente, estes fac­tores não acon­te­ce­r­am na total­i­dade, provavel­mente dev­i­do à des­obe­diên­cia do povo. E, pre­sen­te­mente, con­stata­mos a tremen­da luta por causa dum pedaço de ter­ra, muito menor do que o prometido.

Porque, se dili­gen­te­mente guardard­es todos estes man­da­men­tos que eu vos orde­no, se amardes ao Sen­hor vos­so Deus, e andard­es em todos os seus cam­in­hos, e a ele vos ape­gardes, tam­bém o Sen­hor lançará fora de diante de vós todas estas nações, e pos­suireis nações maiores e mais poderosas do que vós. Todo lugar que pis­ar a plan­ta do vos­so pé será vos­so; o vos­so ter­mo se esten­derá do deser­to ao Líbano, e do rio, o rio Eufrates, até o mar oci­den­tal. Ninguém vos poderá resi­s­tir; o Sen­hor vos­so Deus porá o medo e o ter­ror de vós sobre toda a ter­ra que pis­ardes, assim como vos disse. Vede que hoje eu pon­ho diante de vós a bênção e a maldição.”

Pos­to isto, seria ridícu­lo afir­mar que Deus nos ani­ma a con­quis­tar cidades com a mes­ma promes­sa. Pois, temos que dis­tin­guir entre promes­sa especí­fi­ca e promes­sa ger­al. A promes­sa fei­ta a Moisés e a Josué é especi­fi­ca­mente dirigi­da ao povo de Israel, que teri­am de con­quis­tar a ter­ra pela força. É que eles, ten­do saí­do do Egip­to, procu­ravam uma ter­ra onde pudessem habitar e servir a Deus em liber­dade. Ora, isto não acon­tece connosco, que já temos a nos­sa ter­ra, onde podemos habitar, emb­o­ra ain­da busque­mos uma pátria, mas essa é celes­tial e muito mais exce­lente, a qual não podemos con­quis­tar, mas deve­mos herdar.

Porém, o referi­do tex­to tem uma men­sagem para os nos­sos dias, a qual deve­mos extrair com sabedo­ria e fidel­i­dade às regras da her­menêu­ti­ca. Primeiro, o tex­to con­vi­da-nos a con­fi­ar em Deus para alcançar­mos supri­men­to para as nos­sas neces­si­dades con­tem­porâneas. Com­pare-se com Hebreus 11.6: “Ora, sem fé é impos­sív­el agradar-lhe, porque é necessário que aque­le que se aprox­i­ma de Deus creia que Ele existe e que é galar­doador dos que o bus­cam”. Segun­do, o tex­to dá-nos a esper­ança de que Deus estará connosco enquan­to estiver­mos dis­pos­tos a obe­de­cer à sua Palavra. Ter­ceiro, o tex­to asse­gu­ra-nos que se der­mos o primeiro lugar à Palavra de Deus ser­e­mos bem sucedidos.

Mas, não poder­e­mos con­quis­tar uma cidade com o evan­gel­ho à semel­hança da con­quista de Jer­icó? Talvez. Todavia, isso jamais acon­te­ceu na história da Igre­ja, e tam­bém ess­es cristãos eram assis­ti­dos pelo Espíri­to San­to. O pas­tor só poderá pas­tore­ar as ovel­has que o Sen­hor lhe con­ced­er, “o que vem a mim” mais nen­hu­ma. O próprio Sen­hor Jesus disse acer­ca dos judeus: “vós não cre­des porque não sois das min­has ovel­has… as min­has ovel­has ouvem a min­ha voz… e elas me seguem”. De nada servirá o número de voltas que sejam dadas ao redor da cidade, se o povo não for con­ven­ci­do que vale a pena ser cristão.

Con­clusão

A ordem dada a Josué tin­ha um aspec­to mil­i­tar, e visa­va con­quis­tar a ter­ra prometi­da, que, emb­o­ra prometi­da, tin­ha de ser con­quis­ta­da através da luta de sol­da­dos esforça­dos. Isto jamais sig­nifi­ca con­quis­tar qual­quer cidade no aspec­to evan­gelís­ti­co. Quan­do muito, ver­e­mos suces­so em nos­sos esforços pes­soais ou colec­tivos como luzeiros bril­hantes no reino de Deus. Deste modo ser­e­mos influ­entes sobre o mun­do, sem ten­tar, de algum modo, dom­iná-lo. Pois tam­bém Pedro ensi­na os pres­bíteros a cuidar do reban­ho de Deus, sem força nem vio­lên­cia, mas com exem­p­lo. O que deve­mos ser neste mun­do para con­quistá-lo é: a luz do mun­do e o sal da ter­ra, como nos ensi­na o Sen­hor Jesus, nos­so capitão. Con­quis­te­mos o mun­do através do exem­p­lo que nos deu o nos­so capitão Jesus.

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