“Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha até ficar tudo levedado.” Mateus 13:33
Questão
Embora saibamos que o fermento é símbolo da corrupção e da maldade, deveremos, por isso, considerá-lo, também, como o mesmo símbolo no versículo supra? Nesse caso, a mulher estaria juntando corrupção à farinha, o que não é o facto. A mulher adiciona fermento à farinha a fim de esta fermentar e crescer, tornando o pão mais fofo e próprio para comer.
Contexto bíblico
A Bíblia começa a falar de fermento quando, no Egipto, Deus ordena aos hebreus que durante sete dias devem privar-se dele nas suas casas: “Por sete dias comereis pães ázimos; logo ao primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas porque qualquer que comer pão levedado, entre o primeiro e o sétimo dia, esse será cortado de Israel.” (Êx:12.15).
Visto que os hebreus estariam deixando a vida velha de escravidão, rumo a uma vida nova de liberdade, essa transição devia ser marcada por um sinal forte que fosse recordado pelos séculos. Comer anualmente, na Páscoa, pão sem fermento, é recordar, comemorar e ensinar aos descendentes como Deus libertou Israel da terra da escravidão e os levou à terra da liberdade a fim de servirem a Deus como povo livre.
Muitos anos se passaram, e Jesus, certa vez, falou-lhes sobre o cuidado a ter com o fermento dos fariseus e dos saduceus. “E Jesus lhes disse: Olhai, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. (Mt 16:6). Tendo eles associado o discurso ao pão da Páscoa, Jesus teve de explicar: “Como não compreendeis que não nos falei a respeito de pães? Mas guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. Então entenderam que não dissera que se guardassem do fermento dos pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus.” (Mt 16:6,11).
As doutrinas erradas, essas sim, corrompem as ideias, os bons costumes, as boas acções, etc. Por essa causa, também Paulo se dirige aos cristãos coríntios desta maneira: “Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda? Expurgai o fermento velho, para que sejais massa nova, assim como sois sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificado. Pelo que celebremos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade.” (1 Co 5:6–8).
Conclusão
No caso supra de Mateus 13.33, de acordo com o contexto imediato, o fermento significa simplesmente causa de crescimento do reino, à semelhança da pequenina semente de mostarda que se desenvolve até chegar a grande planta, de modo que até as aves encontram abrigo nela. Os cristãos, à semelhança do sal, estão misturados na massa humana desta terra e causam o crescimento do reino de Deus até à sua consumação total.