O capítulo três de Génesis fornece-nos o relato sintético da história da queda e da promessa da redenção. O resultado da queda no pecado foi a perda da imagem divina pela falta de comunhão com Deus. Por isso, logo o Senhor revelou a solução adequada para o problema do pecado. A tentação é a arma usada por Satanás a fim de ter sucesso nos seus intentos. Ele aproveita a fraqueza espiritual de cada um para cederem aos seus convites.
O nosso adversário não age sozinho, ele trabalha por meio de agentes. Pois, ele não é omnipresente como Deus. Para cada situação conta com seres especializados a quem delega as suas funções. A este respeito já foram mencionados os anjos demoníacos, que estão às suas ordens constantemente. No caso de Eva usou uma inofensiva serpente para transmitir a sua mensagem (Gn. 3.1–5). Certa vez, até se usou de Pedro para afastar Cristo da cruz; porém, sem resultado (cf. Mt. 16.22,23). Vemos assim como até os crentes podem ser enganados e cair na armadilha. Noutra ocasião, escolheu um insincero a fim de fazer negócio com Ele; Judas vendeu‑o por trinta dinheiros (Lc. 22.3).
No primeiro estágio semeia a dúvida com uma interrogação pertinaz: “É assim que Deus diz?” (Gn. 3.1b). Cristo enfrentou a interrogação: “Se tu és o filho de Deus;” Quem não sabe, ou duvida da Palavra do Senhor, fica vulnerável a qualquer tentativa sua para derrotá-lo. Convém conhecer bem a vontade de Deus, e, ao mesmo tempo, os ardis de Satanás, para responder como Jesus: “Está escrito” (Mt. 4.4).
No segundo estágio o tentador altera o significado da Palavra de Deus dando-lhe uma interpretação conveniente aos seus propósitos fraudulentos; cuidado! (Gn. 3.4). Devemos sempre tomar em consideração alguma acção que não sirva para glorificar a Deus (cf. 1 Co. 10.31). Nesse caso, convém a seguinte interrogação: Aquilo que me é proposto glorifica a Deus?
No terceiro estágio o astuto faz promessas ambiciosas. Eva foi instigada para a grandeza descomunal: “serás como Deus” (Gn. 3.5). E, a Jesus prometeu aquilo a que Ele próprio tinha direito legal por ser Filho de Deus; “tudo isto te darei” (Mt. 4. 9). Satanás sempre usa uma isca, um engodo compatível com a natureza humana. Ele explora o que está dentro de nós a fim de render a seu favor (Tg. 1.13–15). O sistema é sempre o mesmo em todos os tempos. João adverte que a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos, e a soberba da vida, não são de Deus (cf. 1 Jo. 2.16).
A vitória será alcançada se nos fizermos acompanhar constantemente desta interrogação: Que faria Jesus? A luta interna é uma guerra constante travada no íntimo de cada um de nós. É mesmo uma guerra espiritual, a verdadeira guerra espiritual entre o nosso espírito e os espíritos malignos. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra as hostes espirituais da maldade (Ef. 6.12).
O propósito de Deus é que o corpo esteja subordinado ao espírito. Isto é compreensível pelo facto de o corpo não ter vida sem o espírito. A entrada do pecado colocou em conflito o espiritual e o natural, de modo que travamos esta guerra dentro de nós mesmos (Rm. 7.21–24). E, esta nossa guerra exige armas especiais para vencer o adversário (Ef. 6.13–18). As nossas armas não são carnais, mas são poderosas quando usadas convenientemente; (2 Co. 10.4). A nossa guerra exige uma estratégia especial da nossa parte. Tiago ensina: “Sujeitai-vos a Deus e resisti ao diabo” (Tg. 4.7). Como soldados de Cristo venceremos usando a armadura concedida por Deus para esta guerra espiritual.
A armadura de Deus consta de sete armas espirituais que devem estar constantemente em ordem de uso; assim:
1. O capacete da salvação ilustra a certeza que devemos ter naquilo que Deus fez e diz na sua Palavra. Deus amou-nos e deu seu Filho para que sejamos salvos pela fé (Jo. 3.16,18).
2. A couraça da justiça representa a justiça de Cristo que nos reveste a fim de sermos justos em nossa vida (Rm. 5.18,19).
3. O cinto da verdade é o revestimento de Cristo e o nosso viver sincero diante de Deus e dos homens como representantes de Cristo (Ef. 4.25).
4. As botas da paz é a preparação e disposição para proclamar o evangelho da paz. Havendo sido reconciliados recebemos o ministério da reconciliação (2 Co. 5.18).
5. O escudo da fé é a confiança absoluta na substituição efectuada por Cristo na cruz em cumprimento da lei. Esta é a fé que vence o mundo (1 Jo. 5.4).
6. A espada do espírito é o uso constante da Palavra de Deus praticando o que está escrito (Hb. 4.12).
7. A oração vigilante é a prontidão constante na intercessão e na recepção das ordens de Deus para cumpri-las (1 Pd. 5.8).
Esta é a nossa guerra constante porque o adversário não dá tréguas, nem por um momento. Certamente, com estas armas cedidas por Deus, e usadas convenientemente, todo o soldado cristão vencerá nas batalhas desta vida. Amém.