Baptismo para remissão

Pedro então lhes respon­deu: Arrepen­dei-vos e cada um de vós seja bap­ti­za­do em nome de Jesus Cristo para remis­são de vos­sos peca­dos; e rece­bereis o dom do Espíri­to San­to.” Actos 2:38

Questão

Pedro respon­deu que o bap­tismo em nome de Jesus Cristo serve para remis­são dos peca­dos? Então, quem não for bap­ti­za­do não é remi­do? O que acon­te­ceu ao malfeitor con­de­na­do com Cristo?

Gramáti­ca

Exis­tem no tre­cho três palavras que deve­mos exam­i­nar para enten­der­mos o seu real sig­nifi­ca­do. Elas são: arrepen­dei-vos, bap­ti­za­do, e remis­são, as quais são rep­re­sen­tadas pelos vocábu­los gre­gos: meta­noeo, bap­ti­zo, e afe­sis, respectivamente.

Ao usar o ver­bo ‘meta­noeo’ o após­to­lo está con­vo­can­do os seus ouvintes, e todos os demais, a mudar de ati­tude em relação ao peca­do; isto é, deve tomar a decisão de dar meia vol­ta e seguir em sen­ti­do opos­to, com o ros­to volta­do para Deus. Aque­le que isso fiz­er deve sub­me­ter-se ao bap­tismo em nome de Jesus Cristo. Este fac­to é o primeiro sinal práti­co e públi­co da sua con­ver­são. Quan­do acon­sel­ha o bap­tismo usa o ver­bo grego ‘bap­ti­zo’ que tem o sig­nifi­ca­do de sub­mer­gir na água. Este acto rep­re­sen­ta o sepul­ta­men­to e o desa­parec­i­men­to do vel­ho homem, dom­i­na­do pelo peca­do, e, acto con­tín­uo, lev­an­tar-se e apare­cer o novo homem, sub­mis­so ao Sen­hor. Aque­le que isto cumprir tem garan­ti­do o perdão dos seus peca­dos. O perdão é rep­re­sen­ta­do pelo grego ‘afe­sis’ que sig­nifi­ca lib­er­tar a pes­soa da con­se­quên­cia do peca­do. A redenção, pro­pri­a­mente dita, que é rep­re­sen­ta­da pelo ver­bo grego ‘lutroo’ acon­te­ceu quan­do Cristo mor­reu em seu lugar. Mas o perdão, rep­re­sen­ta­do por ‘afe­sis’ é rece­bido pela fé na obe­diên­cia ao bap­tismo, como primeira orde­nança impor­tante do Senhor.

Con­tex­to bíblico

Quem não dese­jar o bap­tismo, ou não se preparar para ele, está incor­ren­do na des­obe­diên­cia e per­den­do a bênção do perdão. Porque, como assever­ou o irmão e ser­vo de Cristo, Tia­go: “Que proveito há, meus irmãos, se alguém diss­er que tem fé e não tiv­er obras? Por­ven­tu­ra essa fé pode salvá-lo?” (Tg 2:14). Emb­o­ra ele se este­ja referindo à obra social como pro­va práti­ca da fé, cabe incluir aqui, tam­bém, a obe­diên­cia ao bap­tismo como pro­va bási­ca da fé sub­mis­sa. Ou, no diz­er do Sen­hor: “mas aque­le que blas­fe­mar con­tra o Espíri­to San­to, nun­ca mais terá perdão, mas será réu de peca­do eter­no.” (Mc 3:29). Apren­demos que esta blas­fémia pode ser a resistên­cia con­tínua ao Espíri­to San­to, a des­obe­diên­cia delib­er­a­da do indi­ví­duo ao plano de Deus.

O malfeitor que mor­reu ao lado de Cristo é um figu­ra viva daque­les que, por algum moti­vo, como ele, não tiver­am a pos­si­bil­i­dade de se sub­me­terem fisi­ca­mente ao acto, ain­da que o ten­ham feito men­tal­mente. Para os tais está asse­gu­ra­do o perdão, segun­do as palavras do Sen­hor: “Respon­deu-lhe Jesus: Em ver­dade te digo que hoje estarás comi­go no paraí­so.” (Lc 23:43).

A pre­gação de João tin­ha três com­po­nentes impor­tantes que são: arrependi­men­to, bap­tismo e perdão. Isto é, mudança de ati­tude em relação ao peca­do, bap­tismo como sinal de fé sub­mis­sa, com vista ao perdão dos peca­dos, como está escrito: “assim, apare­ceu João, o Bap­tista, no deser­to, pre­gan­do o bap­tismo de arrependi­men­to para remis­são dos peca­dos.” “e eram por ele bap­ti­za­dos no rio Jordão, con­fes­san­do os seus peca­dos.” (Mc 1:4; Mt 3:6). Con­sid­er­e­mos que o bap­tismo está vira­do para o perdão, de acor­do com a preposição gre­ga ‘eis’ que sig­nifi­ca ‘na direcção de’; e que, nes­sa ocasião, o can­dida­to fazia con­fis­são de ter sido pecador.

Alguns podem até ale­gar que, uma vez rece­bido o bap­tismo no Espíri­to San­to, não há neces­si­dade do bap­tismo em água. Mas, con­trapo­mos a esta ideia o rela­to claro de Actos 10.47: “Respon­deu então Pedro: Pode alguém por­ven­tu­ra recusar a água para que não sejam bap­ti­za­dos estes que tam­bém, como nós, rece­ber­am o Espíri­to Santo?”

O após­to­lo das gentes con­fir­ma a neces­si­dade do bap­tismo em água, em nome de Jesus, quan­do respon­deu aos primeiros cristãos de Éfe­so, que ain­da não tin­ham rece­bido o bap­tismo em nome de Jesus: “João admin­istrou o bap­tismo do arrependi­men­to, dizen­do ao povo que cresse naque­le que após ele havia de vir, isto é, em Jesus. Quan­do ouvi­ram isso, foram bap­ti­za­dos em nome do Sen­hor Jesus. (At 19:4,5).

Paulo con­sid­era o bap­tismo em água como uma sepul­tura onde o vel­ho homem do peca­do é deix­a­do para sem­pre, e o novo homem de Cristo ressurge para a vida nova, como nar­ra a Escrit­u­ra: “Fomos, pois, sepul­ta­dos com ele pelo bap­tismo na morte, para que, como Cristo foi ressus­ci­ta­do den­tre os mor­tos pela glória do Pai, assim andemos nós tam­bém em novi­dade de vida.” (Rm 6:4). E, aos colossens­es diz: “ten­do sido sepul­ta­dos com ele no bap­tismo, no qual tam­bém fos­tes ressus­ci­ta­dos pela fé no poder de Deus, que o ressus­ci­tou den­tre os mor­tos;” (Cl 2:12).

Con­clusão

Seria ópti­mo ter­mi­nar com a nar­ração de 1 Pd 3:18: “Porque tam­bém Cristo mor­reu uma só vez pelos peca­dos, o jus­to pelos injus­tos, para levar-nos a Deus; sendo, na ver­dade, mor­to na carne, mas viv­i­fi­ca­do no espíri­to; 19  no qual tam­bém foi, e pre­gou aos espíri­tos em prisão; 20  os quais noutro tem­po foram rebeldes, quan­do a lon­ga­n­im­i­dade de Deus esper­a­va, nos dias de Noé, enquan­to se prepar­a­va a arca; na qual pou­cas, isto é, oito almas se sal­varam através da água, 21  que tam­bém ago­ra, por uma ver­dadeira figu­ra — o bap­tismo, vos sal­va, o qual não é o despo­ja­men­to da imundí­cia da carne, mas a inda­gação de uma boa con­sciên­cia para com Deus, pela ressur­reição de Jesus Cristo, 22  que está à destra de Deus, ten­do subido ao céu; haven­do-se-lhe sujeita­do os anjos, e as autori­dades, e as potestades.”

Isto é, assim como a água, que serviu de con­de­nação para muitos, e Noé foi sal­vo com a família, através da mes­ma água, tam­bém o bap­tismo nos sal­va à semel­hança daque­la exper­iên­cia. Isso não sig­nifi­ca limpeza pela lavagem da carne, mas purifi­cação do espíri­to pela lavagem medi­ante a fé e a obe­diên­cia con­scientes à Palavra de Deus.

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