A salvação consta de cinco itens especialmente muito importantes.
Três deles relacionam-se com a acção de Deus. Os outros dois dizem respeito à nossa atitude acerca do sacrifício de Cristo. David atribui a sua salvação ao Senhor, que é a sua rocha, fortaleza e refúgio. [1]
Visto que o Homem transgrediu as leis do Criador teria que receber algum castigo por esse facto. Deus tinha sido muito claro ao advertir o primeiro casal para não desobedecer à Sua ordem. Pois, caso isso acontecesse perderia a vida que recebera d’Ele. Ora, aconteceu que ambos cometeram transgressão do mandamento comendo do fruto proibido. Então, perderam a comunhão com Deus e a vida espiritual e eterna.
Entraram em queda contínua até chegarem ao caos em todos os aspectos. E este caos atingiu proporções tais que o Senhor decidiu enviar um dilúvio para destruir a humanidade, salvando somente uma família de oito pessoas, com alguns animais, através duma gigantesca arca que lhes mandara construir. Com muita fé e perseverança, Noé alcançou a salvação com a sua família. Sem dúvida que isto foi expressão dum acto amoroso de Deus.
Mas Deus não queria salvar somente aquelas oito pessoas; Ele tem interesse em todos quantos criou e colocou nesta terra. Por isso prometeu a sua salvação através da semente da mulher noutra expressão amorosa registada em Génesis. E fez um convite à humanidade nestes termos: “Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os confins da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.”[2]
I. Amor
O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, assevera que “Deus deseja que todos os homens sejam salvos.” Por este motivo, o Senhor agiu amorosamente na preparação desta caríssima salvação e, “vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”[3]. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”[4]
O Senhor não tem prazer que as suas criaturas sejam condenadas, por isso resolveu o problema transferindo a condenação para o Seu querido Filho que, oferecendo-se voluntariamente para tomar o nosso lugar, foi morto entre dois malfeitores representando toda a humanidade. Como escreveu o autor de Hebreus: “mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.”[5]
II. Sacrifício
Visto que o pagamento do pecado requer sacrifício, Deus instituiu, no princípio, o sacrifício de animais sem defeito algum sobre os quais os pecadores confessavam os seus pecados que eram queimados no altar. Todos aqueles sacrifícios eram uma figura típica de nosso Senhor Jesus Cristo que havia de vir para tirar o pecado do mundo. Quando veio, foi reconhecido por João Baptista que proclamou aos seus ouvintes: “Eis o Cordeiro Deus que tira o pecado do mundo.” E João, no seu Evangelho, assegura que Jesus não veio para condenar o mundo, mas para salvá-lo.
Quando o Senhor iniciou o Seu ministério dirigiu-se à sinagoga da sua terra e aí foi convidado para fazer a leitura e leu uma profecia a Seu respeito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e para proclamar o ano aceitável do Senhor.”[6]
Então, Pedro, cheio do Espírito santo, afirma que “em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, por quem devamos ser salvos.”[7]
III. Graça
A graça é o acto generoso de Deus ao entregar o Seu querido Filho para ser sacrificado em nosso lugar. O justo em lugar dos injustos. O santo em vez dos pecadores. Ele podia dar a Sua vida porque tinha poder para tornar a tomá-la. Desta forma cumpriu o castigo do pecado na Sua morte e ressuscitou para nos conceder a vitória sobre a própria morte. Como escreveu o apóstolo Paulo: “Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.”[8]
Graça é a oferta do perdão de Deus aos pecadores sujeitos à condenação eterna. Agora não há mais condenação para os que andam com Cristo, mas há vida abundante e eterna para desfrutar na presença de Deus. Quando a graça de Deus e a fé do pecador se encontram é operado o milagre da salvação, com escreveu S. Paulo: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom (presente) de Deus.”[9]
IV. Fé
A fé é o acto de confiar plenamente na acção generosa de Deus em nosso favor. Pois, “sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.”[10] E João escreveu o seguinte: “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado; porquanto não crê no nome do unigénito Filho de Deus.”[11]
A fé deve ser manifesta por acções adequadas como, por exemplo, o baptismo: “Quem crer e for baptizado será salvo; mas quem não crer será condenado.”[12] E ainda a invocação ao Senhor: “e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.”[13]
Certa vez, um carcereiro perguntou a Paulo e a Silas o que deveria fazer para ser salvo, e “responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa. Então lhe pregaram a palavra de Deus e a todos os que estavam em sua casa. Tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou- lhes as feridas; e logo foi baptizado, ele e todos os seus.”[14]
V. Perseverança
Isto foi o próprio Senhor que o afirmou como advertência para nós: “E sereis odiados por todos por causa do meu nome, mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.”[15] Perseverança significa não desistir nas contrariedades, oposição, ou perseguições. É seguir em frente olhando para Cristo diariamente, Senhor experiente na perseverança.
Por isso mesmo, pôde Ele entregar-nos estes bons conselhos a fim os seguirmos fielmente: “Pela vossa perseverança ganhareis as vossas almas.”[16] E continua: “Mas a que caiu em boa terra são os que, ouvindo a palavra com coração recto e bom, a retêm e dão fruto com perseverança.”[17] E o autor da Epístola aos Hebreus escreveu o seguinte: “Porque necessitais de perseverança para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa… Portanto, nós também, que estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, fitando os olhos em Jesus.”[18]
ASSIM SEJA
[1] Sl 18:2[2] Is 45:22[3] Gl 4:4[4] Jo 3:16
[5] Hb 9:26
[6] Lc 4:18,19
[7] At 4:12
[8] Rm 5:17
[9] Ef 2:8
[10] Hb 11:6
[11] Jo 3:17
[12] Mc 16:15
[13] At 2:21
[14] At 16:33
[15] Mt 10:22
[16] Lc 21:19
[17] Lc 8:15
[18] Hb 11.1,2