Written on Abril 8th, 2008 by Constantino Ferreira
Blasfemar contra o Espírito
“… aquele que blasfemar contra o Espírito Santo nunca mais terá perdão, mas será réu de pecado eterno” (Marcos 3:29).
Questão
Então não há possibilidade alguma de uma pessoa se arrepender e ser perdoado o seu pecado de blasfémia?
Contexto bíblico
O Dicionário apresenta o significado de blasfemar com ultrajar, afrontar, injuriar, insultar, difamar, ofender a dignidade. Sobre este assunto, Moisés ditou a norma como segue: “E aquele que blasfemar o nome do Senhor certamente será morto; toda a congregação certamente o apedrejará. Tanto o estrangeiro como o natural, que blasfemar o nome do Senhor, será morto” (Lv 24:16). Quem ofender a Deus só merece a morte.
O primeiro exemplo de blasfémia encontra-se nas palavras de Senaqueribe, rei da Assíria, quando montou cerco a Jerusalém no tempo de Ezequias: “E os servos de Senaqueribe falaram ainda mais contra o Senhor Deus e contra o seu servo Ezequias. Ele também escreveu cartas para blasfemar do Senhor Deus de Israel, dizendo contra ele: Assim como os deuses das nações das terras não livraram o seu povo da minha mão, assim também o Deus de Ezequias não livrará o seu povo da minha mão” (2 Cr 32:16,17).
E a seguir temos o resultado desta blasfémia ao Senhor: “Mas o rei Ezequias e o profeta Isaías, filho de Amós, oraram por causa disso, e clamaram ao céu. Então o Senhor enviou um anjo que destruiu no arraial do rei da Assíria todos os guerreiros valentes, e os príncipes, e os chefes. Ele, pois, envergonhado voltou para a sua terra; e, quando entrou na casa de seu deus, alguns dos seus próprios filhos o mataram ali à espada” (2 Cr 32:20,21).
Outro exemplo temo-lo no caso de Jó, quando Satanás instiga Deus a testá-lo: “Mas estende agora a tua mão e toca-lhe em tudo quanto tem, e ele blasfemará de ti na tua face!” (Jó 1:11). E mais tarde: “Estende agora a mão e toca-lhe nos ossos e na carne, e ele blasfemará de ti na tua face!” (Jó 2:5).
Porém, apesar de tanto sofrimento e prejuízo, Jó não ousou abrir a sua boca contra Deus, acusando‑o de qualquer injustiça contra ele: “Então Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a sua cabeça e, lançando-se em terra, adorou; e disse: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor. Em tudo isso Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma” (Jó 1:20–22).
Neste caso o resultado foi outro, pois “o Senhor virou o cativeiro de Jó quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu a Jó o dobro do que antes possuía…E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó mais do que o primeiro” (Jó 42:10,12).
Agora debrucemo-nos sobre o caso dos fariseus quando criticavam Jesus pelo facto de expulsar demónios: “Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: Este não expulsa os demónios senão por Belzebu, príncipe dos demónios” (Mt 12:24). A sábia resposta do Senhor veio com outra pergunta muito directa: “Se eu expulso os demónios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes” (Mt 12:27).
Os filhos, neste caso, eram os discípulos daqueles mestres, os seus alunos a quem ensinavam a libertar os oprimidos. Se eles podiam agir em benefício das pessoas, por que Jesus não poderia? Se eles agiam em nome de Deus, por que o Senhor o não faria?
Então declarou-lhes que atribuir a Satanás uma acção feita por Deus é blasfémia contra Deus: “Portanto vos digo: Todo pecado e blasfémia se perdoará aos homens; mas a blasfémia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro” (Mt 12:31,32).
Conclusão
O apóstolo Paulo atribui as palavras do salmista no Salmo 69:9, “Pois o zelo da tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim”, a Cristo, quando diz: “Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam” (Rm 15:3).
Como observamos, as injúrias dos ímpios caíram sobre o Senhor que as carregou e pagou por elas como está escrito: “Ele não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano; sendo injuriado, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente; levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados” (1 Pd 2:22–24).
Agora, “quem crê nele não é condenado, mas quem não crê já está condenado porque não crê no nome do unigénito filho de Deus” (Jo 3:18). Nesta situação estavam os fariseus blasfemos que rejeitavam o Senhor e a sua acção milagrosa como divina, assim como estão todos aqueles que mantêm a sua rejeição até ao final da sua vida terrena.
Então, o destino de todos é, juntamente com Satanás, o fogo eterno, como somos informados por João: “E abriu a boca em blasfémias contra Deus para blasfemar do seu nome e do seu tabernáculo e dos que habitam no céu” (Ap 13:6). “… e o Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados pelos séculos dos séculos. E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo” (Ap 20:10,15).
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