O Carácter da Igreja. A igreja é paciente e sofredora pela nobreza da sua missão no mundo. “Pois, que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus”, diz S. Paulo (At. 14.22b). Ele até afirma gloriar-se nas tribulações, pois elas contribuem para a formação do carácter à semelhança de Cristo. A igreja possui um forte carácter, como o do seu Senhor, e, por este motivo, não tem sido destruída, apesar dos esforços de Satanás. A estratégia de Lúcifer não terá vantagem sobre o povo eleito de Deus. Jesus é a nossa força, e com fé venceremos o adversário até à derrota final.
Paulo imprimiu, também, o seu forte caráter nas igrejas que fundou. Ele afirmava regozijar-se de, no seu corpo, cumprir o resto das aflições de Cristo. Significa que o apóstolo sofria em nome de seu Senhor, perseguições, fomes, espancamentos e prisões, e dava um grande exemplo aos cristãos pela sua dedicação no reino de Deus.
A História da Igreja está recheada de semelhantes exemplos, e, por este motivo, temos a igreja hoje em atividade no mundo. O apóstolo escreve aos Tessalonicenses dizendo-lhes que se fizeram seus imitadores e do Senhor Jesus, “recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo”. 1 Ts. 1.6.
Os cristãos em Tessalónica davam tão belo testemunho que a fama da sua fé em Cristo se tornou conhecida em toda a parte. Na transição para o século vinte e um urge que a igreja siga o exemplo da primitiva de forma a ganhar o crédito perdido. É preciso viver em justiça, em paz, e com alegria pela presença do Espírito Santo. Estas são as características básicas do reino de Deus, e devem ser cultivadas constantemente até à sua consumação no porvir. Além disso, aquele que serve desta maneira agrada a Deus e tem a aprovação dos seus semelhantes.
A igreja é a comunidade messiânica, o pequeno rebanho, aqueles a quem o reino é doado. O reino de Deus é a justificação para a existência da igreja. E a igreja forma-se na medida em que Deus reina; ou, na medida que Deus ocupa nos corações humanos. Como está escrito: “Dá-me filho meu o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos;” Pv. 23.26. Todavia, a “ekklesia” de Deus relaciona-se com o tempo da graça, e dará lugar à “basileia” de Deus no porvir. Ambos os substantivos gregos estão no feminino do singular relacionando-se perfeitamente um com o outro. A Igreja é a precursora do Reino, tal como João Batista foi o precursor do Messias. Pode-se dizer que a igreja e o reino são duas circunferências concêntricas, com projeção na eternidade, cujo centro é Cristo.
O propósito divino é trazer o reino dos céus mediante a igreja na terra, e isto acontecerá quando formos chamados ao seu encontro. É oportuno despertar do sono espiritual. Agora é o tempo apropriado para todos se prepararem a fim de acompanhar o Senhor do Reino. “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há-de vir,” diz o Senhor; (Mt.25.13). Assim como o ladrão não avisa quando vai roubar a casa, e apanha todos distraídos, também Jesus chamará para junto de si a sua igreja santa, sem informar do dia ou da hora desse acontecimento. Prepare-se para ir com Ele e gozar as delícias da sua companhia.
A parábola dos dez talentos é semelhante, mas a sua instrução é acerca da diligência e da fidelidade no serviço do reino. Deus confiou-nos aptidões, tempo, recursos e oportunidades para O servirmos enquanto estamos aqui na terra. Devemos, pois, administrar estes dons da melhor maneira a fim de agradar àquele que manifestou confiança em nós, e podermos apresentar os resultados do nosso trabalho. Procure ser útil no reino dos céus.
Quando vier o nosso Senhor e pedir contas a cada um, que lhe apresentaremos? Se tivermos algo para apresentar-lhe ouviremos da sua boca: “Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor.” Mt. 25.13. Portanto, é proveitoso usar bem os recursos, e o tempo, em benefício do reino de Deus, porque a sua recompensa é maior. Assim, é sábio não deixar para amanhã o que pode ser feito hoje.
Eis um conselho de Paulo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” 1 Tm. 4.16.