A Epístola de Tiago é considerada uma carta prática porque indica explicitamente as normas da vida cristã
daqueles que fazem parte do reino de Deus. O estudo deste grande livro da Bíblia, embora pequeno no tamanho, enriqueceu-me bastante, e julgo proveitoso compartilhar estes pensamentos com o prezado leitor. Espero que aproveite da sua leitura e contribua para que outros venham a usar os seus ensinamentos preciosos.
Este livro, embora mencione uma única vez o reino de Deus, dá instruções práticas sobre as exigências do Senhor para a construção do seu Reino. Ninguém pode ficar alheio a essas diretrizes divinas se quer participar com Cristo no governo de paz e prosperidade na Terra. Jesus ensinou a necessidade do renascimento espiritual para poder entrar no reino de Deus. Tiago requer o fruto do espírito como resultado duma vida consagrada a Deus e ao seu Reino.
A epístola de Tiago é considerada um excelente Manual Prático da Conduta Cristã. É com este propósito que figura no cânon bíblico, e, da mesma forma, também estas meditações aqui são incluídas. Sendo meditações pessoais, comportam estudo e apresentação simples de modo a servirem a todos na experiência cristã.
O autor desta carta é considerado o primeiro pastor da primeira igreja, em Jerusalém, que terá escrito a primeira missiva instruindo a Igreja Universal. O seu nome em português é uma Corrupção do hebraico Jacob. Com a junção de santo formou-se Sant’Iago, e pela omissão de “san” ficou Tiago.
Embora haja, no Novo Testamento, três indivíduos com o mesmo nome, a maioria dos estudiosos identifica o autor desta carta com o irmão de Jesus chamado Tiago. Mateus e Marcos mencionam-no nas suas listas dos familiares de Jesus como sendo seu irmão. E a expressão “sua mãe e seus irmãos” confirma que Tiago era filho de Maria e de José. (Mt. 13.35; Mc. 6).
Paulo também o apresenta como irmão do Senhor ao dizer que não viu a nenhum outro dos apóstolos senão a “Tiago irmão do Senhor.” (Gl. 1.). Ele usou esta expressão para o distinguir dos outros Tiagos e demonstrar a sua afinidade familiar com Jesus.
Tiago e a Fé
Os historiadores contam-nos que Tiago tinha os joelhos calejados como resultado de estar em oração constante, adorando a Deus e implorando o perdão para o povo. Ele era um judeu observante de tudo considerado sagrado, que sentia Correr-lhe nas veias o sangue real, e esperava o reino dos céus. Certa vez, a fim de conterem o povo que aderia ao cristianismo, as autoridades ordenaram-lhe que proclamasse de um dos pórticos do Templo, que Jesus não era o messias. Porém,
Tiago bradou que Jesus era o Filho de Deus e o Juiz do mundo. Em resposta, arrojaram-no ao chão e apedrejaram-no até que um carrasco pôs fim ao sofrimento dando-lhe um golpe de maça. Entretanto, ajoelhado, orava como Jesus: “Pai, perdoa-lhes, não sabem o que fazem.” Já antes dele, outro gigante do cristianismo, chamado Estêvão, se comportara da mesma forma. Exemplos como estes têm servido de inspiração aos cristãos ao longo dos séculos na proclamação do Reino dos Céus.
A sua carta foi enviada aos cristãos hebreus, dispersos entre os gentios. Possivelmente, terá sido dirigida àqueles que assistiram aos acontecimentos no dia de Pentecostes, em Jerusalém, e, convencidos pela lúcida mensagem de Pedro, ingressaram na igreja. Esta missiva destinava-se a ser lida nas sinagogas por esses cristãos ainda aí se reunirem.
Compreende-se, por este motivo, por que o escritor é tão cauteloso a falar de Jesus somente duas vezes. Todavia, a sua posição em relação a Jesus é exemplar. Logo no princípio apresenta-se como “escravo do Senhor Jesus Cristo” reconhecendo assim a Sua divindade. Depois refere-se à “Fé de nosso Senhor Jesus Cristo” demonstrando que a mesma é necessária para a salvação.
A epístola de Tiago visa denunciar a fé vã, fingida, não demonstrada pelas obras. Ele acha que a fé genuína deve produzir resultados positivos na vida de todos os cristãos de forma a serem úteis no reino de Deus. O seu alvo principal é fortalecer a fé e a lealdade dos cristãos que sofrem pela causa de Cristo. É o encorajamento para suportar as provações com a esperança de alcançar a recompensa no seu reino. É uma exortação a viver de acordo com a Palavra de Deus como prova prática da verdadeira religião. É um apelo à paciência até à vinda do Senhor, na esperança da consumação do Reino dos Céus.