A Igreja de Jesus Cristo
A doutrina da Igreja é de suprema importância, e conhecê-la deve ser do interesse de cada cristão, pois juntos formamos esse organismo vivo fundado por Cristo. A igreja é o conjunto das pessoas que foram chamadas por Deus a fim de iniciarem e manterem com Ele uma comunhão espiritual através de nosso Senhor Jesus Cristo. É o número dos redimidos pelo sangue do Cordeiro que esperam a volta do seu salvador para instaurar definitivamente o reino dos céus.
Erroneamente, o vocábulo passou a ser usado para designar os edifícios das reuniões da Igreja, e, mais recentemente, passou a servir para designar também as várias denominações existentes.
A Natureza da Igreja
A Igreja é compreendida à luz do significado dos vocábulos que a descrevem. “Ekklesia” é a palavra grega, e seus derivados, que aparece, tanto na tradução helénica do Antigo Testamento como no Novo Testamento, com o significado de igreja.
Séculos antes da tradução grega da Septuaginta, o termo na Grécia tinha conotação política. Era a assembleia dos cidadãos com direito a debater assuntos do interesse da sua cidade. As sessões dessa “ekklesía” abriam com sacrifícios e orações às divindades da cidade.
Os escritos do A.T. seguem a mesma definição, mas com referência ao único Deus dos hebreus. Os LXX traduzem “qahal” do Velho Testamento por “ekklesia” igreja, sinagoga e multidão. Exemplos desta igreja no A.T. encontramo-los em Lv. 8.4: “Fez pois Moisés como o Senhor lhe ordenara e a congregação ajuntou-se à porta da tenda da congregação” (cf. Dt. 9.10; 18.16; Js. 18.1; Jz. 20.2; 21.8). Estêvão, na sua exposição histórica perante as autoridades, fez referência à igreja no deserto; e Lucas usou “ekklesía” para designar esse povo no deserto (At. 7.38).
Descrição da Igreja
“Ekklesía” significa uma assembleia formada por pessoas chamadas para fora. O povo de Israel foi chamado para fora da escravidão do Egipto (Êx. 3.8–10). Nós fomos chamados para fora da escravidão do reino das trevas. Eis o que Jesus disse: “Eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento” (cf. Mt. 9.13; Mc. 2.17; Lc. 5.32).
Por conseguinte, os membros que formam a Igreja de Deus são chamados por Deus, embora Ele use instrumentos humanos para atingir o seu objectivo. Assim está escrito: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou,…e aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou” (Rm. 8.29,30; cf. Gl. 5.13; 1 Pd. 2.9).
A Igreja pode ser considerada de várias maneiras concernente à situação geográfica. Primeiramente ela é uma Igreja Universal, pois foi com essa finalidade que Cristo a fundou. Nós havemos chegado à Jerusalém celestial, à universal assembleia e igreja dos primogénitos, que estão inscritos nos céus (cf. Hb. 12.22,23). Foi esta igreja universal que Jesus amou para se entregar ao sacrifício e dar a vida por ela (Ef. 5.24,25,32). Também Paulo se regozijava no que padecia pela igreja, cumprindo o resto das aflições de Cristo no seu corpo (Cl. 2.24.).
Os apóstolos falam também das igrejas regionais: As igrejas da Síria e Cilícia (At. 15.41); as igrejas dos gentios (Rm. 16.4); as igrejas da Ásia (1 Co.16.19); as igrejas da Macedónia (2 Co. 8.1); as igrejas da Galácia (Gl. 1.2); e as igrejas da Judeia (Gl. 1.22). Sem dúvida que viveriam como uma família espiritual.
Mencionam também a igreja local numa cidade, como: Jerusalém, Antioquia, Corinto, Tessalónica, e as sete igrejas da Ásia (cf. At. 11.22; 13.1; 1 Co. 1.2; 1 Ts. 1.1; Ap. 1.20). Neste caso são consideradas as igrejas nas casas. Priscila e Áquila reuniam uma igreja em sua casa (Rm. 16.5; 1 Co.16.20). Ninfa reunia uma igreja em sua casa (Cl. 4.15). Filemom reunia uma igreja em sua casa (Fm. 2).
A Igreja é de Deus, pertence-lhe por direito próprio. Foi Ele que a resgatou pagando com o sangue do seu amado Filho. Assim, temos várias denominações para a mesma Igreja: Igreja do Senhor (At. 20.28); a Igreja de Deus (1 Co. 1.2; 15.9; 2 Co.1.1; Gl. 1.13; 1 Tm. 3.15); as igrejas de Deus (1 Co. 11.16; 1 Ts. 2.14). Temos ainda as igrejas de Cristo (Rm. 16.16). As igrejas são formadas por todos os santos resgatados pelo sangue do Cordeiro de Deus (1 Co. 14.33; Ef. 5.23,24).
ILUSTRAÇÕES DA IGREJA
Jesus e os apóstolos usaram ilustrações para tornar compreensíveis muitas verdades espirituais. Valemo-nos das principais a fim de explicar a Igreja.
A Igreja ilustrada. Edificarei a minha Igreja, Com pedras vivas, Unidas pelo Espírito, ligadas pelo amor, e serão invencíveis.
Corpo de Cristo. O corpo humano é a habitação da personalidade. Então, logo que fomos regenerados Cristo passou a habitar espiritualmente em nós (Jo. 16.23). Muitos membros, mas um só corpo; (1 Co. 12.12). O corpo de Cristo (1 Co.12.27). Ele é a cabeça do corpo (Ef. 1.22,23). Ele deu ministérios para edificação do corpo (Ef. 4.12). Somos membros do seu corpo (Ef. 5.30). Os membros dependem da cabeça para orientação, assim como a cabeça depende dos membros para as realizações.
Noiva de Cristo. São todos os santos, quais virgens puras, que estão esperando a sua união com Cristo no céu. O Senhor prometeu voltar e levar-nos para si mesmo” (Jo. 14.2,3). Porque Ele amou deu a vida pela noiva (Ef. 5.25–27). “Porque vindas são as bodas do Cordeiro e já a sua esposa se aprontou” (Ap. 19.7). João viu a cidade santa, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu como uma noiva preparada para o seu marido (Ap. 21.2). No verso nove conta que um dos anjos lhe mostrou a noiva, a mulher do Cordeiro.
Pérola valiosa. O Senhor revelou ser semelhante a uma pérola, pela qual despendeu tudo quanto tinha a fim de comprá-la (Mt.13.46). E foi revelado a João que a grande cidade, a santa Jerusalém, que descia do céu, tinha a glória de Deus e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima (Ap. 21.10,11). E as suas portas eram doze pérolas de grande valor (Ap. 21.21).
Rebanho. É o símbolo da unidade. Os santos na terra vivem unidos pelo Espírito em submissão ao Sumo Pastor e Bispo das suas almas (1 Pd. 2.25), o qual guia, cuida e protege os que são seus. O salmista canta com muita confiança: “O Senhor é o meu pastor e nada me faltará” (Sl. 23). E nós confiamos também que nada nos faltará porque Ele é fiel às suas promessas.
Varas da videira. Esta é uma bela figura da união com Cristo e do cuidado que o Pai despende com todos; “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim que não dá fruto a tira; e limpa toda aquela que dá fruto para que dê mais fruto. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado (Jo. 15.1–3).
Templo de Deus. “naos” era o lugar santíssimo, no Templo, onde Deus habitava e as pessoas podiam encontrá-lo. É diferente de “ieroj” (ieros) o edifício total. Nós somos edificados sobre o fundamento de Cristo e dos apóstolos para morada de Deus (Ef. 2.22). Por isso deseja que conservemos a santidade. Os santos são o lugar santíssimo para Deus (1 Co. 3.16). Este templo é santo porque é habitado pelo Santo (1 Co.3.17). É o templo do Espírito Santo (1 Co. 6.19). É o Templo do Deus vivo (2 Co. 6.16).
Candelabro. Esta é uma bela figura da Igreja de Cristo. Jesus ensinou que os seus discípulos são a luz do mundo, e que essa luz deve brilhar para todos a fim de glorificarem a Deus (Mt. .14,16). O Senhor revelou a João que os sete castiçais que ele tinha visto são as sete igrejas, símbolo da Igreja Universal, no meio das quais Cristo se move” (Ap. 1.20; 2.1). O Senhor revelou também que a perda do amor implica não haver luz; sendo, por isso, inútil ocupar esse lugar, o candelabro será retirado, se não houver arrependimento (Ap. 2.4,5). Jesus aconselhou vigilância para que “estejam cingidos os vossos lombos e acesas as vossas lâmpadas” (Lc. 12.35).