Written on Fevereiro 23rd, 2013 by Constantino Ferreira
Juízo Justo e Juízo Injusto
Será que Jesus e Paulo discordam a respeito do juízo praticado pelos cristãos? Primeiro, devemos ler os cinco versículos sem a divisão existente nas Bíblias, mas conforme se encontram abaixo.
“Não julgueis para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.” (Mt 7:1–5). Portanto, “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a recta justiça.” (João 7:24).
Jesus não proíbe o julgamento justo, mas adverte contra o injusto. Pois, se alguém não cumpre a lei não pode ser juiz, usando a mesma lei. Quem está na mesma situação está incapaz para julgar e condenar seja quem for. Quantas vezes queremos corrigir os outros quando nós mesmos desconhecemos que precisamos de correcção. Então, assim como fizermos nos será feito também, e nunca mais pára o julgamento recíproco, até mesmo um bosque ficar incendiado.
Agora olhemos para estas palavras de Jesus: “E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há-de julgar no último dia.” (João 12:47,48).
Aqui é dito que Jesus não julga nem condena quem o rejeita, porque essa não é Sua missão; Ele veio para salvar as pessoas, não para condená-las. Então, os seus discípulos devem seguir o Seu exemplo, livrando-as de comparecer no juízo final para serem condenadas por suas próprias acções.
Paulo, no capítulo cinco aos coríntios, revela que eles comentavam o facto do pecado, em vez de procurarem solução adequada para o caso. A primeira seria recolher provas concretas sobre o caso. Depois, convencer os intervenientes a abandonar as suas práticas pecaminosas. Terceiro, depois da admoestação, deveriam ser expulsos da comunhão até ao seu arrependimento comprovado por mudança de vida.
A Bíblia reconhece dois reinos. O reino das trevas e o reino da luz. Quando Paulo manda entregar o pecador a Satanás significa tirá-lo do reino da luz e deixá-lo entregue aos cuidados do reino das trevas, onde já se encontrava anteriormente, para ser açoitado na carne até à destruição da velha natureza. Isto só deve acontecer depois da tentativa de recuperação conforme abaixo é referido. Além disso, todo o processo deve ter como alvo primário a salvação do indivíduo.
E em 1 Co 6:5 Paulo diz o seguinte: “Digo isso para envergonhá-los. Acaso não há entre vocês alguém suficientemente sábio para julgar uma causa entre irmãos?”
Aqui entra o conselho de Jesus descrito em Mateus 18:15–17: “Ora, se teu irmão pecar, vai e repreende‑o entre ti e ele só; se te ouvir terás ganho teu irmão; mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada. Se recusar ouvi-los, di-lo à igreja; e, se também recusar ouvir a igreja, considera‑o como gentio e publicano.”
Cabe aqui anotar que o original não se refere ao “pecar contra ti” mas a “se teu irmão pecar” ou praticar alguma acção que não gostas, deves tratar disso pessoalmente para esclarecer e encaminhar o irmão. Só depois pode convidar um ou dois para ajudar na restauração do faltoso. É aqui que cabe aquela expressão de Paulo: “Acaso não há entre vocês alguém suficientemente sábio para julgar uma causa entre irmãos?”
“E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” (Efésios 4:11,12).
Pelo exposto, não é o juízo sério que é posto em causa por Jesus, mas a crítica desonesta, mordaz e maldizente, que arruína a igreja em vez de edificá-la.
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