Os atributos morais são as características pessoais relativas aos bons costumes e modo de proceder nas relações com os semelhantes. Visto ser Deus uma pessoa, reúne em Si características morais próprias que são o padrão vivencial dos seus filhos.
a) Deus é Santo e deixou-nos a ordem de ser santos como Ele é santo. A santidade é própria da Sua natureza divina. Ser santo é estar separado para uma vida especial. A Israel, Deus disse: “E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e vos separei dos povos para serdes meus.” Aos cristãos, Pedro disse: “Como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a maneira de viver” O salmista David escreveu assim: “Porque Tu não és um Deus que tenha prazer na iniquidade, nem contigo habitará o mal.” Deus é santíssimo em seu ser (Lv.11.44,45; 20.26; 1 Pd. 1.15,16; Sl. 5.4; Is. 6.3).
b) Deus é Justo no seu tratamento com as suas criaturas. A justiça de Deus é a santidade em acção; é a conduta certa em relação aos outros. É o juízo correcto na condenação, ou na absolvição. Deus tanto livra o inocente como castiga o ímpio. Ele é justo nas suas apreciações, não tem favoritos. O Messias julgará com justiça divina e não como os juizes terrenos, de acordo com testemunhos alheios. “Porquanto Deus tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo por meio do varão que destinou, e disso deu certeza a todos ressuscitando‑o dos mortos (Gn. 18.25; Is. 11.3–5; Is. 45.24,25; Is. 61.10; Act. 17.31).
c) Deus é Fiel à Sua Palavra. Ele é absolutamente digno de confiança. Podemos confiar em Suas promessas, que não falharão. Toda a Sua Palavra terá o seu cumprimento no tempo me a experiência de José, que foi vendido para o Egipto a fim de salvar a sua família da fome (Gén. 45.4–8). próprio; “Deus não é homem para que minta, nem filho do homem para que se arrependa; Diria ele e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria?” “Palavra alguma falhou de todas as boas palavras que o Senhor falou a Israel; tudo se cumpriu.” E aquilo que falta, tudo se cumprirá; “Se confessarmos os nossos pecados Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (Nm. 23.19; Js. 21.43–45; Mt. 5.18; 1 Jo. 1.9).
d) Deus é Misericordioso em relação às suas criaturas. A Sua misericórdia é a bondade em acção. No caso de prevaricadores impenitentes, Deus tem demonstrado longa paciência. Concernente aos Seus filhos, tem manifestado prontidão em perdoar e a prover o alívio necessário. O mais belo cântico sobre a misericórdia divina encontra-se no Salmo 103, o qual deve ser lido a fim de se conhecer a medida da Sua misericórdia. Sobretudo no verso treze está registado: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem.” Estando em Babilónia, Daniel orou assim: “Ah! Senhor, Deus grande e tremendo, que guardas o concerto e a misericórdia para com os que Te amam e guardam os Teus mandamentos.” E S. Paulo falou a Tito desta maneira: “Mas, quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso salvador, para os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo que abundantemente Ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso salvador” (Êx. 34.6,7; Dn. 9.4; Tt. 3.4,5).
e) Deus é Amor ‘agaph’ (agápe) e quer manter uma relação pessoal estável com os seus filhos de modo que todos sintam o gozo da comunhão com o Pai. Foi motivado pelo amor inefável que Deus tirou os israelitas da escravidão egípcia e os conduziu a uma terra de fartura. Deus confirma que “quando Israel era menino eu o amei e do Egipto chamei a meu filho. “Deus amou ‘hgaphsen’ o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Deus é amor e quem ama é nascido de Deus e conhece a Deus, mas quem não ama não tem Deus nem o conhece. Deus concede-nos o seu amor (agápe) pelo Espírito Santo que em nós habita (Dt.7.8; Jer. 31.3; Os. 11.1–4; Jo. 3.16; 1 Jo. 4.7–10; Rm. 5.5).
f) Deus é Bom para as suas criaturas. A sua bondade é o atributo pessoal pelo qual Ele lhes concede vida e muitas bênçãos. David expressa assim o seu conhecimento de Deus: “Bom e recto é o Senhor; pelo que ensinará o caminho aos pecadores. Guiará os mansos rectamente e aos mansos ensinará o seu caminho.” Deus provê o sol, a chuva, e os alimentos para todos, sem distinção (Sl. 25.8,9; 145.8,9; Mt. 5.45). Mas, perguntará alguém: “Se Deus é bom por que há também males sobre a terra?” Os males sofridos podem ser motivados pela transgressão das leis naturais instituídas por Deus. Podem ser permitidos a fim de aprendermos as lições da vida, ou para provarmos a nossa fidelidade ao Senhor, tal como na experiência de Jó (Jó 1,2).
Há um trecho em Isaías que parece dar a ideia de que Deus é o criador do mal. Todavia, o contexto histórico e textual desfazem essa interpretação. Lê-se em Isaías 45.7: “Eu formo a luz e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas”. Este trecho refere-se à experiência de Israel no cativeiro babilónico. Por causa da sua idolatria, Deus permitiu que adversários tirassem o povo da sua terra e o levassem para o cativeiro, afim de se lembrarem da escravidão, no Egipto, donde tinham sido tirados. No momento adequado o Senhor nomearia Ciro para permitir o seu regresso à terra que lhes dera. Assim, concluímos que Deus tanto cria a paz como permite a adversidade. Israel aprendeu a lição e, a partir daquela experiência, não praticou mais a idolatria. Deus é mesmo bom porque pode fazer que o mal coopere para o bem, conforme a experiência de José, que foi vendido para o Egipto a fim de salvar a sua família da fome (Gén. 45.4–8).