A PATERNIDADE
O paganismo considerava Zeus, o supremo deus grego, pai dos deuses e dos homens. Segundo o Antigo Testamento, Deus não é pai de todas as criaturas, mas sim o seu Criador. Somente Israel recebeu esse tratamento filial. Assim está escrita a sua confissão diante de Deus: “Mas Tu és nosso Pai…Tu ó Senhor és nosso Pai; nosso redentor desde a antiguidade é o Teu nome” (cf. Is. 63.16; Os. 1.10).
Acerca de David está escrito: “Achei a David, meu servo; com o meu santo óleo o ungi. Ele me invocará dizendo: Tu és meu Pai, meu Deus, e a Rocha da minha salvação” (Sl. 89.20,26). E, no tempo de Jesus confessaram que tinham Deus por pai (Jo. 8.41).
Segundo o Novo Testamento, Deus só reconhece como filhos aqueles que recebem o Seu Filho e vivem guiados pelo Espírito Santo (Gl. 3.26; Rm. 8.14). Por esse motivo Jesus exigiu a Nicodemos o novo nascimento; “Necessário vos é nascer de novo” (Jo. 3.7). A expressão grega (gennhqhnai anwqen) significa nascer de cima, de Deus, em contraste com a carne que nasceu de baixo, do pó.
O novo nascimento acontece mediante a aceitação do Seu Filho, porque a todos quantos O receberem é dado o poder de serem feitos filhos de Deus (Jo. 1,12). Pela fé em Cristo Jesus, o Filho de Deus, recebemos o direito de sermos também filhos de Deus e, desta maneira, pertencer à grande família universal que tem um só Pai, e é o Criador de todas as coisas.
A teologia do Logos
A ideia do Logos (logoj) provém da filosofia grega. O filósofo Heráclito descreveu logos como o princípio que dá estabilidade e ordem ao mundo em constante mudança. O Antigo Testamento é iniciado com a revelação da actividade criadora de Deus falando a palavra. Séculos mais tarde, David escreveu que “pela palavra (Logos) do Senhor foram feitos os céus” (Sl. 33.6). Então, o Logos foi o agente activo de Deus na criação.
O apóstolo João pegou na ideia do A.T. e identificou o “Logos” com a pessoa de Cristo, dizendo: “No princípio era o “Logos” e o Logos estava com Deus e o Logos era Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez; E o Logos incarnou e habitou entre nós, e vimos a sua glória como a glória do unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade (cf. Jo. 1.1,3,14).
O Logos é preexistente, não teve princípio. Ele só teve princípio físico para conviver com as suas criaturas e convidá-las ao arrependimento. Devemos comparar os primeiros versículos de Génesis com os de João.
O Logos é criador. O verso três diz que tudo foi feito por Ele. Em Colossenses 1.16,17 lemos que tudo é mantido por Ele. O Logos incarnou. Ele tornou-se carne (Jo. 1.14). Agora comparar com 1 João 1.1 onde observamos três verbos: “ouvir, ver, e tocar.” Cristo não era uma aparência fantasmagórica, mas verdadeira carne humana.
A Sua humanidade é comprovada por cinco factores:
- Jesus experimentou as nossas limitações físicas. Ele sentiu fome, sede, cansaço e tentações, assim como nós (Mt. 4.2; Jo. 4.6,7).
- Jesus demonstrou as mesmas emoções humanas. Ele amou, sentiu compaixão, chorou, irou-se contra o pecado (Jo. 11.35; 19.25,27).
- Jesus sentiu o desprezo dos seus contemporâneos (Jo. 19.5,6).
- Jesus sofreu uma morte real, idêntica à de cada um de nós (Jo. 19.34).
- Jesus ressuscitou dos mortos, aparecendo depois em seu próprio corpo (Lc. 24.39; Rm. 4.24,25).
Declarações de Cristo
O uso enfático que Jesus fez da expressão “EU SOU” revela que ele estava consciente da sua divindade. Para compreender esta expressão devemos consultar Êxodo 3.13,14, o qual já foi referido anteriormente sobre o nome pessoal de Deus. O Senhor disse a Moisés “Eu Sou o que Sou”. Esta expressão revela a Sua soberania. Observemos como Jesus aplica a Si mesmo oito vezes, só no evangelho de João, a mesma expressão “EU SOU” identificando-se com o Pai:
- Antes que Abraão existisse EU SOU (Jo. 8.58). Ficamos a saber que ele é eterno e estava com o Pai antes de incarnar.
- EU SOU o pão da vida (Jo. 6.35,48). Quem se alimenta dele, pela Palavra, tem a vida eterna.
- EU SOU a luz do mundo (Jo. 8.12). Quem estiver disposto a segui-lo andará na luz e terá a luz da vida.
- EU SOU a porta das ovelhas (Jo. 10.7,9). Quem entrar por intermédio dele no Reino não ficará de fora.
- EU SOU o bom pastor (Jo. 10.11). Quem for guiado por ele estará no rumo certo e terá alimento suficiente.
- EU SOU a ressurreição e a vida (Jo. 11.25). Quem nele crê e nele vive vencerá a própria morte, assim como ele venceu.
- EU SOU o caminho, e a verdade e a vida (Jo. 14.6). Quem permanecer nele sabe que está na verdade e tem a vida eterna.
- EU SOU a videira verdadeira (Jo. 15.1). Quem está unido ao seu corpo dá muito fruto.
Há mais três referências em Apocalipse:
EU SOU o Alfa e o Omega (Ap. 1.8; 22.13).
EU SOU a raiz e a geração de David (Ap. 22.16).
EU SOU a resplandecente Estrela da Manhã.