“O irmão ofendido é mais difícil de conquistar do que uma cidade forte; e as contendas são como ferrolhos de um palácio.” Provérbios 18.19
Questão
Em virtude de ser verdade o exposto em epígrafe, qual será a melhor maneira de proceder para não perder um irmão?
Contexto bíblico
Antes de entrarmos propriamente no assunto que nos move, olhemos a tradução da Nova Versão ‘o Livro’: “Um irmão ofendido torna-se mais impenetrável do que uma fortificação militar. As querelas fecham-no como se fossem ferrolhos dum velho castelo.” Uma ofensa forma algo semelhante a uma muralha à volta do ofendido capaz de prejudicá-lo nos seus próprios interesses, lesando ainda os que estiverem à sua volta. O ideal seria não ofender quem quer que fosse. Mas, porque isto acontece regularmente, impõe-se uma meditação séria sobre a assunto.
Comecemos pela interrogação e respectiva resposta de Tiago, irmão do Senhor: “Donde vêm as guerras e contendas entre vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras.” Tg 4:1, 2).Para ilustrar a ideia supra temos a história de Esaú e Jacó narrada em Génesis. Visto Esaú estar faminto pediu ao irmão um prato de comida. Logo Jacó aproveitou a oportunidade para negociar com o irmão a sua primogenitura e assim aconteceu. (Gn 25:31). Jacó prejudicou o seu irmão pela primeira vez. Depois, com ajuda da mãe, simulou ser Esaú e recebeu a sua bênção das mãos do velho pai. (Gn 27:35). Então apareceu Esaú para receber a bênção do pai, e retirou-se chorando amargamente porque fora enganado pelo seu próprio irmão (Gn 27:38), e fez o juramento de matar Jacó nestes termos: “Esaú, pois, odiava a Jacó por causa da bênção com que seu pai o tinha abençoado, e disse consigo: Vêm chegando os dias de luto por meu pai; então hei-de matar Jacó, meu irmão.” (Gn 27:41).
Jacó aproveitou o facto de ir procurar uma mulher para si para fugir da ira de seu irmão. Quando regressava ao lar dos pais foi assaltado pelo medo de ser castigado por Esaú. Então, Jacó tomou três atitudes importantes: Primeiro clamou ao Senhor por livramento desta maneira: “Livra-me, peço-te, da mão de meu irmão, da mão de Esaú, porque eu o temo; acaso não venha ele matar-me, e a mãe com os filhos.” (Gn 32:11). Segundo, preparou um presente para enviar na frente a fim de acalmar a ira do irmão. Para sua grande surpresa viu Esaú a correr para ele, a abraçá-lo e a beijá-lo. E ambos choraram. (Gn 33:4). Terceiro, instou com o irmão para aceitar o seu presente, o qual aceitou e seguiram o seu caminho em paz. Observemos atentamente a atitude dos dois irmãos: O ofensor mostrou arrependimento e o ofendido manifestou graça e perdão.
O Senhor Jesus disse a este respeito o seguinte: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará as vossas ofensas.” (Mt 6:14,15). E contou-nos uma história em forma de parábola acerca dum devedor que foi perdoado seu senhor, mas não quis perdoar ao seu companheiro: “Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem denários; e, segurando‑o, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves.” (Mt 18:28). “Então o seu senhor, chamando‑o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida porque me suplicaste; não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como eu tive compaixão de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos verdugos até que pagasse tudo o que lhe devia. Assim vos fará meu Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão.” (Mt 18:32–35). Pedro estava confuso e duvidoso sobre o perdão e interrogou o Senhor a este respeito: “Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei-de perdoar? Até sete? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete.” (Mt 18:21). O que significa que o cristão recebe capacidade para perdoar sempre. Quem não perdoar de coração receberá o castigo respectivo. (cf. Mt 18.34,35).
Conclusão
Melhor seria que evitássemos a ofensa, mas, por causa da nossa fraqueza humana, as Sagradas Escrituras ensinam-nos como fazer: O ofensor manifeste arrependimento e peça perdão pela ofensa. O ofendido esteja pronto a perdoar assim como foi perdoado pelo Senhor para continuar a ser perdoado. “Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas.” (Mc11:25). “Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.” (Rm 12:20). “Sabei isto, meus amados irmãos: Todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus.” (Tg 1:19,20). “A discrição do homem fá-lo tardio em irar-se; e a sua glória está em esquecer as ofensas.” ( Pv 19:11).