O PORVIR
O porvir diz respeito ao futuro da humanidade, dos céus eda terra. O seu estudo é nomeado como Escatologia, ou a ciência das últimas coisas. Assim como o livro de Génesis nos relata o princípio das coisas, o Apocalipse revela-nos as últimas coisas. Sem dúvida, conta com o apoio doutros livros proféticos, alguns dos quais predisseram também as últimas coisas.
Este estudo não passa dum esboço genérico, que procura contribuir, desta forma, para qualquer cristão desenvolver os seus estudos pessoais, e enriquecer os seus conhecimentos sobre escatologia, “segundo o eterno propósito que Deus estabeleceu em Cristo Jesus nosso Senhor” (Ef. 3.11).
A MORTE
Embora a morte seja considerada pelas pessoas um grande inimigo, é, contudo, um adversário vencido por Jesus, o qual foi morto, mas ressuscitou. Assim como a morte espiritual é o primeiro efeito do pecado, também a morte física será a última consequência. Pois, a partir desse momento não haverá mais tentação para pecar. O ser humano ficará isento de voltar a cair. A morte como acto é a separação do espírito do corpo; isto é, o corpo fica morto quando o espírito sai (Lc. 8.52–55). É uma experiência desagradável porque todos gostamos e queremos viver junto dos nossos familiares e amigos. A viúva de Naím, que lamentava a perda do seu querido filho, recebeu‑o de volta porque Jesus, compassivo, ressuscitou‑o para ela (Lc. 7.11–15).
A morte como agente é o meio de Deus nos tirar da terra. É a porta de acesso ao mundo espiritual de todos os espíritos (Lc. 16.22). A morte como estado é a continuação da vida num estado diferente do terreno. Jesus deixou-nos um grande exemplo na parábola do rico e Lázaro (Lc. 16.19–31). Havendo ambos morrido, ambos se encontraram no Hades, embora em posições diferentes. Enquanto um sofria, o outro era consolado.
O lugar intermediário para todos era, antes de Cristo, considerado pelos hebreus, o “sheol”, em hebraico, no grego “hades”. Estas palavras jamais podem representar o inferno; senão vejamos. Jacó, ao chorar seu filho José exclamou: “Na verdade, com choro hei de descer ao meu filho, até ao “sheol” (Gn. 37.35). Não vamos supor que Jacó estivesse a falar do inferno para si. Do mesmo modo, os rebeldes Coré, Datã e Abirã, desceram vivos ao sheol, e a terra os cobriu; (Nm. 16.30–33). Também Jó refere que os ímpios, num momento, descem ao sheol (Jó 21.13).
Foi a esse lugar que Cristo desceu após a morte, e levou consigo aqueles que o esperavam (Ef. 4.8–10). A partir daí houve mudança de lugar para os justos. Quando um dos malfeitores pediu que Jesus se lembrasse dele, o Senhor respondeu-lhe: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc. 23.43). E paraíso é bem diferente de hades. Paulo conta-nos a sua experiência no paraíso, que ele significa como sendo o terceiro céu, lugar da habitação de Deus (2 Co. 12.2–4). Cristo prometeu vida eterna àqueles que crerem nele, o que acontece pela fé presentemente e acontecerá no futuro junto dele no paraíso (Jo. 11.25).
O CÉU
O céu é tanto um lugar destinado aos fiéis de Deus, como um estado espiritual que perdurará pelos séculos, junto do seu Senhor; “porque na ressurreição não casam, nem são dados em casamento, mas serão como os anjos de Deus no céu” (Mt. 22.30). Parece que os conceitos do céu para os hebreus eram estes: O lugar das águas, ou donde elas vêm, era o terceiro céu; e, isto condiz com o relato bíblico em Génesis 1.1,7,8. Ali diz-se que Deus criou os céus e a terra; então, fez separação entre as águas, e chamou à expansão céus. É curioso que a grafia e a pronúncia dos vocábulos hebraicos são muito semelhantes: Céus é “shamaim”; enquanto águas, com o artigo, é “hamaim”, algo semelhantes no som, mas diferentes na grafia e no sentido.
Em Génesis 7.11 é dito que todas as fontes se romperam e as janelas dos céus se abriram e houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites. Jó deixou-nos este relato: “Eis que Deus é grande e nós o não compreendemos, e o número de seus anos não se pode calcular. Porque reúne as gotas das águas que derrama em chuva do seu vapor” (Jó 36.26,27).
O céu é a santa habitação de Deus. “Assim diz o Senhor: Os céus são o meu trono, e a terra o estrado dos meus pés” (Is. 66.1). Nas suas orações o povo dizia: “Olha desde a Tua santa habitação, desde os céus, e abençoa o teu povo” (Dt. 26.15); “Eis que os céus, e até o céu dos céus Te não poderiam conter, quanto menos esta casa que eu tenho edificado” (1 Rs 8.27).
Jesus confirma que o céu é o trono de Deus e a terra o estrado dos Seus pés (Mt. 5.34,35). E ouviu-se uma voz dos céus que dizia. Tu és meu Filho amado (Mc. 1.11). Os anjos informaram que Jesus ressurrecto foi recebido no céu (Act. 1.11).
O céu é a morada dos anjos, que descem e sobem à presença de Deus (Gn. 28.12). Jesus disse que os anjos nos céus sempre vêem a face de Seu Pai que está nos céus (Mt. 18.10). Também esclareceu que na ressurreição seremos como os anjos que estão nos céus (Mc.12.25). Milhões inumeráveis de anjos estão ao redor do trono louvando constantemente ao Senhor (Ap. 5.11,12).
O céu é a habitação dos santos. Daniel informou o rei da Babilónia que há um Deus nos céus que revela os segredos (Dan. 2.28). Este rei, nas suas visões, viu um santo que descia do céu (Dn. 4.13,23). E Jesus prometeu aos discípulos levá-los para a casa do Seu Pai, no céu (Jo. 14.2,3). Paulo manifesta o desejo de deixar o corpo físico para habitar com o Senhor, no céu. E diz que, quando deixarmos este corpo, temos uma casa não feita por mãos, eterna nos céus (2 Co. 5.1,8).
As bênçãos de Deus vêm do céu. Jesus disse que é grande o nosso galardão nos céus (Mt. 5.12). É dos céus que vêm a misericórdia e a graça divinas. Porque temos um grande Sumo Sacerdote nos céus “cheguemos com confiança ao trono da graça para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno (Hb. 4.16).
Os nomes dos santos estão registados nos céus; motivo por que devemos alegrar-nos (Lc. 10.20). Os tesouros dos santos devem estar nos céus, porque é ali que morarão na eternidade (Mt. 6.20,21). Uma herança incorruptível está reservada nos céus para os santos (1 Pd. 1.4). A cidade dos santos está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Fp. 3.20). João, nas suas visões, viu a grande cidade, a nova Jerusalém, que descia do céu (Ap. 21.2,10).
Ler ainda O Rapto dos Santos