Written on Outubro 8th, 2007 by Constantino Ferreira
A Igreja de Cristo
A Igreja de Cristo. “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela.” (Mateus 16:18)
Questão
Como poderemos identificar a Igreja fundada por Cristo? Quais são as suas características reconhecíveis?
Contexto bíblico
O reconhecimento de pessoas e coisas é feito segundo as características observadas nos primeiros encontros. Assim, também a identificação da Igreja de Cristo obedece à observação de certos aspectos identificáveis à luz de padrões bíblicos revelados por Deus. Consideremos então os factores fundamentais para identificar a Igreja de Cristo segundo as Escrituras Sagradas.
Cristo pregou a necessidade de arrependimento e novo nascimento para as pessoas fazerem parte do seu reino (cf. Jo 3.3,7). A sua igreja é formada por pecadores perdoados, purificados e libertados de prisões espirituais, para servirem unicamente àquele que os libertou da escravidão. Os apóstolos pregaram a necessidade de arrependimento seguido do baptismo: “E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” (At 2:37,38).
Identificamos a Igreja de Cristo considerando o início da sua formação. Jesus é o seu fundador e director supremo. Ele é o sumo pastor (cf. 1 Pd 5:4). E de acordo com o ensino universal de Pedro: “Porque éreis desgarrados como ovelhas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das vossas almas.” (1 Pd 2:25). “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina” (Ef 2:20). Quando Paulo e Silas foram libertos pelo carcereiro em Filipos, houve uma pergunta importante seguida de resposta importantíssima: “Senhores, que me é necessário fazer para me salvar? “Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.” (At 16:31). Arrependimento e fé em Cristo são imprescindíveis para pertencer à sua Igreja.
A Igreja de Cristo é identificada pela novidade de vida em contraste com a dos demais habitantes da terra. Como está escrito: “se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2 Co 5:17). Ser nova criação significa distinguir-se dos outros, no carácter, na moral e nos costumes, resignando à velha natureza que dominava até ali. Essa mudança deve ser distinguida por um marco histórico através do baptismo em água, como símbolo de sepultura para o velho homem, que morreu para o mundo de pecado. De acordo com o ensino de Paulo: “Pois fomos sepultados com ele pelo baptismo na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” (Rm 6:4). Vida nova e baptismo em água são essenciais para pertencer à Igreja de Cristo.
Identificamos a Igreja de Cristo considerando a comunhão existente entre os seus membros como corpo unido, e a sua fidelidade à doutrina dos apóstolos, conforme está escrito: “Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.” (At 4:32). “e perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At 2:42). Até “o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhando-se da doutrina do Senhor.” (At 13:12).
A Igreja de Cristo é identificada pela comunhão trinitária: “sim, o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que vós também tenhais comunhão connosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo.” (1 Jo 1:3). E “em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum” (At 2:43,44). A Igreja de Cristo é também marcada por sinais e maravilhas operados pelo Espírito Santo.
Identificamos a Igreja de Cristo considerando o seu serviço social. No início da sua existência, os apóstolos, sentindo a necessidade de eleger homens dotados para assistirem às carências sociais, ordenaram: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos deste serviço.” (At 6:3). As igrejas da Macedónia deixaram-nos um excelente exemplo de serviço social testemunhado por Paulo: “Porque lhes dou testemunho que, segundo as suas posses, e ainda acima das suas posses, deram voluntariamente, pedindo-nos enfaticamente o privilégio de participarem neste serviço a favor dos santos” (2 Co 8:3,4). “Porque a administração deste serviço não só supre as necessidades dos santos, mas também transborda em muitas acções de graças a Deus” (2 Co 9:12).
Identificamos a Igreja de Cristo pelo seu exemplo, procurando glorificar a Deus em todas as acções conforme o ensinamento do apóstolo: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). “Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. (1 Co 6:9,10). “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1 Co 10:31). Se outros não reflectem a glória de Deus, que sejam os discípulos de Cristo a fazê-lo, porque para isso fomos restaurados à sua imagem.
Identificamos a Igreja de Cristo mediante o serviço missionário para edificação do reino dos céus, conforme o mandamento do Senhor. Após ter lançado as bases o Senhor ordenou: “Portanto, indo fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos.” (Mt 28:19,20). Os discípulos obedeceram à grande comissão e indo, encheram a terra do conhecimento do Senhor: “Mas, quando creram em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus e do nome de Jesus, baptizavam-se homens e mulheres.” (At 8:12).
“Paulo, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, discutindo e persuadindo acerca do reino de Deus.” (At 19:8). Lucas dá-nos o testemunho do aconteceu quando Paulo e Silas chegaram a Tessalónica: “Assaltando a casa de Jason, procuravam-nos (os apóstolos) para entregá-los ao povo. Porém, não os achando, arrastaram Jason e alguns irmãos à presença dos magistrados da cidade, clamando: Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui” (At 17:6). Foi reconhecido por eles que a Igreja tinha já atingido o mundo com a mensagem do reino.
Identificamos a Igreja de Cristo, também, pelos ministérios que ele mesmo lhe conferiu a fim de cumprir a sua missão eficazmente: “E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo” (Ef 4:11,12). Houve ainda necessidade de outros ministérios para os ajudarem na sua função: “E, havendo-lhes feito eleger presbíteros em cada igreja e orado com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido” (At 14:23). E no início da epístola aos filipenses lemos esta saudação: “Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos, graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (Fl 1:1).
Além disso, distinguimos, ainda, a Igreja de Cristo através do exemplo dos seus ministros, como está escrito: Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem o que ainda não o está, e que em cada cidade estabelecesses anciãos, como já te mandei; alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, tendo filhos crentes que não sejam acusados de dissolução, nem sejam desobedientes. Pois é necessário que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro de Deus, não soberbo, nem irascível, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, moderado; retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os contradizentes.” (Tt 1:5–9). Esta norma moral é valida para todos.
Conclusão
Por conseguinte, a Igreja de Cristo pode ser identificada na sua constituição; isto é, ela é composta de pessoas arrependidas do pecado e nascidas de novo por obra do Espírito Santo para manterem uma comunhão trinitária, com o Pai, o Filho e os irmãos. Pode ser identificada, também, no seu serviço social em benefício dos mais necessitados. E ainda nos ministérios conferidos por Cristo para sua edificação, a fim de cumprir a Grande Comissão evangelística na edificação do reino dos céus.
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