“Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente.” Génesis 6:5
Questão
Visto que Deus é perfeito e criou o Homem à Sua imagem, por que motivo há tanta maldade no mundo procurando sempre o proveito próprio em prejuízo do próximo?
Contexto Bíblico
Ainda que o Senhor tenha criado o homem perfeito, criou‑o igualmente livre, com independência para poder tomar as suas próprias decisões e escolher o seu caminho. Tornou‑o, deste modo, responsável pelos seus próprios actos. Foi por este motivo que Deus destruiu a humanidade através do dilúvio e decidiu recomeçá-la com o justo Noé. Porque “Deus viu a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.” (Gn 6:12).
Porém, o adversário de Deus não dá tréguas, está sempre procurando a quem possa aliciar, e conseguiu desencaminhar a humanidade dos caminhos agradáveis a Deus e proveitosos às pessoas. Aí temos novamente a humanidade como nos tempos de Noé. Como disse Jesus a jeito de aviso para todos: “Como aconteceu nos dias de Noé, assim também será nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e os destruiu a todos.” (Lc 17:26, 27).
Um exemplo claro da corrupção da humanidade temo-lo no relato de Sodoma que foi consumida pelas chamas enfurecidas: “Como também da mesma forma aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre e os destruiu a todos; assim será no dia em que o Filho do homem se há-de manifestar.” (Lc 17:28–30).
Observemos a queixa de Jó a respeito dos seus amigos cujas palavras o molestavam: “Eis que conheço os vossos pensamentos e os maus intentos com que me fazeis injustiça. Como, pois, me ofereceis consolações vãs, quando nas vossas respostas só resta falsidade?” (Jó 21:27, 34).
“Tenho ouvido muitas coisas como essas; todos vós sois consoladores molestos. Eu também poderia falar como vós falais, se vós estivésseis em meu lugar; eu poderia amontoar palavras contra vós, e contra vós menear a minha cabeça…” (Jó 16:2, 4). “O meu rosto todo está inflamado de chorar e há sombras escuras sobre as minhas pálpebras, embora não haja violência nas minhas mãos e seja pura a minha oração. Os meus amigos zombam de mim; mas os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus…” (Jó 16:16, 17, 20).
A injustiça começa nos maus pensamentos que uma pessoa nutre a respeito de outras. Porque tudo provém dos pensamentos, tanto as boas como as más acções. Se forem pensamentos justos haverá acções justas, se forem pensamentos injustos resultarão em acções injustas. Como também escreveu o rei David lamentando a sua sorte: “Todos os dias torcem as minhas palavras; todos os seus pensamentos são contra mim para o mal.” (Sl 56:5). O facto está que quando ouvimos ou vemos alguma coisa interpretamos isso erroneamente e o resultado tem de ser errado. O juízo leviano e apressado resulta geralmente em condenação leviana e injusta.
Mas o salmista faz distinção entre os pensamentos do homem e os de Deus desta maneira: “O Senhor conhece os pensamentos do homem, que são vaidade.” (Sl 94:11). Porém, ele confia nos pensamentos de Deus reclama ser examinado por Ele: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos…” (Sl 139:23).
Através do profeta Isaías, Deus convida os homens e as mulheres a abandonar os seus maus pensamentos para poderem desfrutar da misericórdia de Deus e viver em melhores caminhos: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se para o Senhor que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. (Is 55:7–9).
Mais adiante, o profeta escreveu a seguinte acusação a respeito dos acusadores: “Os seus pés correm para o mal, e se apressam para derramarem o sangue inocente; os seus pensamentos são pensamentos de iniquidade; a desolação e a destruição acham-se nas suas estradas.” (Is 59:7).
E o Senhor Jesus, justo juiz, tem igualmente uma palavra a dizer a respeito dos maus pensamentos e dos juízos levianos, injustos e errados: “Não julgueis para que não sejais julgados.” (Mt 7:1). “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados.” (Lc 6:37). “Não julgueis pela aparência mas julgai segundo o recto juízo.” (Jo 7:24). E Paulo acrescenta: “e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.” (Fl 4:9, 7).
Conclusão
Ainda que Deus tenha criado o Homem perfeito, devido ao seu estatuto de liberdade, o espírito de pecado encheu os corações e a humanidade tornou-se injusta e violenta. E tudo isto devido aos maus pensamentos. A este respeito, o apóstolo Paulo, grande doutor da Igreja, deixou-nos esta sábia instrução que faremos bem em seguir fielmente para salvar as nossas almas: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”. (Fl 4.8).
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