A NOVA CRIAÇÃO

E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas coisas” (Apoc. 21.5)

Assim como do nada Deus fez todas as coisas, também do já existente Ele pode fazer coisas novas (Apoc. 21.1–5). A expiação efectuada no calvário tem o firme propósito de restaurar todas as coisas. O último a ser criado, o homem, é o primeiro a ser regenerado, para, então, as primeiras coisas criadas serem também transformadas. Quando isto acontecer não haverá mais distinção entre os habitantes do céu e os da terra; serão todos uma mesma grei, vivendo unidos em Cristo.

O resultado da expiação é aplicado pela Trindade mediante três acções simultâneas em resposta a outras três atitudes do homem, também simultâneas, referentes ao pecado. A salvação, que foi oferecida pelo Pai, tem sido conquistada pelo Filho, e está sendo aplicada pelo Espírito Santo, mediante a fé do indivíduo, contém três ingredientes que estudaremos de seguida:

  1. A justificação provém do arrependimento perante o Pai, para o perdão, pelo qual nos declara justos.

  2. 2. A regeneração provém da fé no sacrifício de Seu Filho, para a filiação, pela qual nos tornamos herdeiros.

  3. A santificação provém da conversão pelo Espírito Santo, para a vida nova, pela qual servimos a Deus, fazendo o que é do seu agrado. Estas experiências simultâneas constituem a salvação de todos aqueles que decidem confiar a sua vida a Jesus.

Justificação (gr. dikaiosis)

Justificação é um acto da graça de Deus pelo qual Ele declara o pecador arrependido livre da condenação mediante a sua fé na substituição por Cristo. Quando o réu se apresenta perante o Juiz, arrependido, e com as credenciais da fé, no sacrifício expiatório, recebe a sentença favorável que o liberta da condenação. Deus não somente perdoa todos os pecados, mas declara o pecador justificado, isto é, como se nunca tivesse pecado. Só Deus pode fazer tão maravilhosa acção e declaração. Isto acontece porque Aquele que nunca pecou foi feito pecado para que os pecadores fossem feitos justiça de Deus (2 Cor. 5.21).

Havia necessidade da justificação por causa da ira sobre o pecado (Rm. 1.18, 32). “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.”

A lei diz: Tens de pagar pelos teus pecados; (Ez.18.4,20). Mas, para o transgressor não pagar com a sua morte, Deus instituiu sacrifícios expiatórios que deviam ser rigorosamente cumpridos; (Lv. 4.27–35). O animal, inocente, substituía o pecador no sacrifício. A base para a justificação é sempre a graça de Deus; (Rom. 3.21–26). De acordo com este texto, somos justificados gratuitamente, pela graça de Deus manifestada por Cristo no Calvário; (Rm. 5.2).

A graça diz: Tudo está pago pelos teus pecados; (João.19.30). A expressão usada por Cristo, na cruz, é uma só palavra que tem o significado de “liquidado”, facto comprovado pela arqueologia na descoberta de recibos contendo o vocábulo grego (tetelestai). E, aquilo que está liquidado já não é dívida. Portanto, já não devo nada. E se você aceitar isto também não deve nada, porque tudo está pago pelo sangue.

A lei faz escravos sem direitos alguns; (Gál. 4.1–3). “Assim, também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão, debaixo dos primeiros rudimentos do mundo.” Isto é, antes de chegar a Cristo todos vivíamos conforme os costumes mundanos, orientados pelo pecado que a lei condena.

A graça faz filhos herdeiros das promessas; (Gál.4–7). “Assim, já não és mais escravo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.” Ser herdeiro de Deus com Cristo é a experiência mais gloriosa porque a herança inclui todas as provisões divinas. Tudo o que é bom está disponível para nós pela fé no Senhor Jesus. Ele próprio disse que se pedirmos alguma coisa em Seu nome, isso mesmo teremos; (João 14.13,14). “Pois assim como por uma só ofensa veio juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só acto de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida;” (Rom. 5.18). E, a vida eterna em Sua presença, é a maior graça, a maior bênção que alguém pode receber. O meio válido da justificação é arrependimento do pecado e fé no sacrifício da cruz. Porque, “Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam; porquanto tem determinado um dia em que com justiça há-de julgar o mundo por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando‑o dos mortos;” (Act. 17.30,31).

Jesus falou da sua nobre missão enquanto esteve entre nós: “Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento;” (Luc. 5.32). São estes que precisam de médico, e não os sãos, ou justos aos seus próprios olhos. O publicano, no templo, arrependido disse: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador;” (Lc.18.13). Porque reconheceu e confessou o seu pecado desceu justificado para sua casa, disse Jesus. Com o amigo leitor acontecerá o mesmo se proceder do mesmo modo perante o Senhor justo e amoroso.

O arrependimento diz respeito ao grande sentimento de pesar pelo pecado; enquanto a fé está virada para o sacrifício do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Pedro, em Actos 3.19 faz o seguinte convite: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor.” O verdadeiro gozo de viver está na experiência duma verdadeira comunhão com Deus.

O arrependimento tem o significado de mudança de atitude mental com relação ao pecado. A justificação é a antecipação do julgamento final com o benefício da absolvição, em virtude do justo sacrifício de Cristo. (cf. Apoc. 20.11–15) O arrependimento convém a todas as pessoas porque é o primeiro passo a dar para recomeçar o relacionamento com Deus.

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