Written on Maio 13th, 2008 by Constantino Ferreira
Como Preservar a Unidade
A unidade do corpo de Cristo é tão importante que Ele próprio na sua oração referiu o seguinte: “E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um; eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste a eles, assim como me amaste a mim.” (Jo 17.22,23). Como é possível, então, manter a unidade desejada pelo Senhor?
Aceitar diferenças
Não insistamos para que todos concordem connosco em todos os pormenores. Alguns temas são discutíveis. Paulo refere-se a isto em Romanos 14.1–23. Uns, que são débeis na fé, precisam de crescer, outros, que distinguem o que é lícito comer ou não comer, ainda outros, que diferenciam os dias, carecem de instrução bíblica. Os outros, que julgam e criticam tal procedimento, chegando mesmo ao ponto de desprezar aqueles que assim procedem, carecem da acção do Espírito Santo. O Espírito do Senhor é o factor número um na preservação da unidade.
Então, o apóstolo das gentes forneceu instrução proveitosa sobre o assunto ao escrever: “Mas tu, porque julgas teu irmão? Ou tu, também, porque desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer perante o tribunal de Deus.” (v. 10). As coisas acima referidas jamais devem servir de motivo para discórdia ou desprezo. Deus criou o mundo com muita diversidade de seres, formas, tamanhos e cores, de modo a torná-lo mais belo na sua variedade. As pessoas são mesmo muito diferentes em suas características, pensamentos e atitudes, o que faz de cada uma um ser especial aos olhos de Deus.
Abraçar objectivos
O que mais une uma igreja é envolver-se num objectivo comum. As pessoas querem saber qual é o alvo, para onde vão e para o que contribuem. O objectivo fundamental da igreja deve ser o reino de Deus e a sua justiça, como asseverou Jesus. (Mt 6.33). O vocábulo ‘reino’ é de tamanha importância que foi usada 935 vezes no Novo Testamento para descrever o reino de Deus, ou dos céus. É por causa do reino dos céus que a Igreja está na terra. Deus entregou-lhe esta função como a sua principal missão.
Este deve ser o objectivo comum a todos os membros do corpo de Cristo, continuar a missão iniciada por Ele até à sua consumação final. Conforme o Senhor asseverou: “É necessário que também às outras cidades eu anuncie o evangelho do reino de Deus, porque para isso é que fui enviado.” (Lc 4:43). O mesmo interesse manifestava Paulo quando visitava os judeus da diáspora: “Paulo, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, discutindo e persuadindo acerca do reino de Deus.” (At 19:8). E ensinava que “o reino de Deus não consiste no comer e no beber, mas na justiça, na paz, e na alegria no Espírito Santo.” (Rm 14.17).
Controlar a língua
Tiago fala da nossa língua como um instrumento perigoso, capaz até de incendiar um grande bosque. (Tg 3.5). Uma língua, cuja mente não foi treinada com bons pensamentos, é descuidada e fala desonestidades, descontroladamente, atingindo uns e outros, à direita e à esquerda, a torto e a direito, até fazer feridas profundas difíceis de sarar. Tiago refere-se aos tais com a seguinte apreciação: “Se alguém entre vós pensa ser religioso e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a sua religião é vã.” (Tg 1:26).
E Pedro deixou escrito um conselho sábio e de suprema importância para que a igreja preserve a unidade espiritual pelo Espírito Santo, nestas palavras: “Pois, quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano” (1 Pd 3:10). Precisamos pôr, frequentemente, um freio na língua para esta permanecer calada e não se enganar na declaração de juízos errados. E Paulo aconselha o seguinte: “Não saia de vossa boca alguma palavra má senão somente palavras boas, oportunas e edificantes, para fazer bem aos ouvintes.” (Ef 4.29).
Apoiar a liderança
Em todas as áreas de serviço existe uma liderança que coordena as actividades de modo a serem efectuadas adequadamente. Não haveria de ser diferente na Igreja de Cristo no cumprimento da sua missão de divulgar o reino dos céus. Por isso mesmo o autor da epístola aos hebreus deixou lá escrito o seguinte conselho: “Obedecei aos vossos dirigentes e sujeitai-vos a eles, pois cuidam das vossas almas como quem há-de prestar contas. Que o façam com alegria e sem queixas, pois isto não seria de nenhuma vantagem para vós.” (Hb 13.17).
A submissão é até uma das nobres características de Jesus que, como filho de Deus, abdicou da sua vontade para submeter-se à vontade do Pai, como exclamou dizendo: “Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.” (Lc 22:42). E ensinou-nos a orar desta maneira: “venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;” (Mt 6:10). Ele é o soberano líder, e os eleitos por Ele são dignos de serem seguidos.
Resolver conflitos
É normal haver conflito em qualquer grupo de pessoas, devido mesmo ao facto de sermos diferentes em pensamento, palavras e atitudes, o que faz de cada um de nós pessoas singulares. Mas, quando o conflito desponta é aconselhável tratá-lo à nascença, de acordo com a instrução de Jesus no relato de Mateus 18. Nos versículos 15 a 17, o Senhor deixou este conselho: “Se o teu irmão pecar, vai e censura‑o pessoalmente. Se ele te ouvir, terás ganho o teu irmão. Se não te ouvir, leva contigo uma ou duas pessoas a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. Se não as ouvir, vai dizê-lo à igreja. E, se não escutar a igreja, seja para ti como um pagão e pecador público.”
E o apóstolo Paulo, para o mesmo efeito, deixou-nos este conselho: “O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros;” (Rm 12:9,10).
Conclusão
Em vista do exposto, deduzimos que a unidade será preservada através destes cinco importantes factores: Aceitemos as diferenças, abracemos o mesmo objectivo, controlando a nossa língua, sem deixar de apoiar a liderança, e resolver possíveis conflitos próprios duma sociedade imperfeita.
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