“Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” Génesis 2.27
Questão
Que imagem é essa que o homem recebeu de Deus? Imagem física não pode ser porque Deus não contém físico. Por conseguinte, só poderá ser imagem espiritual, moral, criativa e administrativa.
Contexto bíblico
Antes de tudo devemos considerar que o espírito de Deus movia-se sobre a face das águas no início da criação. (cf. Gn 1.2). O Espírito estava ali para iniciar a vida marinha antes da vida terrena. Quando o homem foi criado, recebeu de Deus o seu espírito e tornou-se um ser espiritual à semelhança do seu Criador. Como está escrito: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente” (Gn 2.7). Após receber o fôlego da vida, o homem começou a respirar e a viver. Quando deixa de respirar deixa de viver e quando deixa de viver deixa de respirar. É como se costuma dizer: entregou o espírito a Deus. Como reconhece Jó: “O Espírito de Deus me fez e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida” (Jó 33:4).
Imagem espiritual: Foi através da dádiva do espírito que Deus transmitiu as suas características ao homem para que lhe fosse semelhante, conforme Génesis 1.27: “Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou.” Jesus confirma a ideia com estas palavras: “Deus é Espírito e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24). Recorde-mos que Faraó, no Egipto, reconheceu, pelo exemplo de José, ser este possuidor do espírito de Deus: “Perguntou, pois, Faraó a seus servos: Poderíamos achar um homem como este, em quem haja o espírito de Deus?” (Gn 41:38).
Também Isaías profetizou acerca do Salvador desta maneira: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura da prisão aos presos” (Is 61:1). Lucas dá testemunho de um homem assistido pelo Espírito Santo desta forma: “Ora, havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente a Deus, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava sobre ele” (Lc 2.25).
Da mesma sorte, a Igreja recebeu o Espírito Santo para cumprir a sua tarefa missionária: “E, tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus” (At 4:31). E Paulo aconselha os cristãos a abundar nos dons espirituais para edificação da igreja. “Assim também vós, já que estais desejosos de dons espirituais, procurai abundar neles para a edificação da igreja” (1 Co 14:12). Irmãos, se um homem chegar a ser surpreendido em algum delito, vós que sois espirituais corrigi o tal com espírito de mansidão” (Gl 6:1). E Pedro, escrevendo aos cristãos dispersos, diz: “vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pd 2:5).
Imagem moral: A principal característica da imagem moral é a santidade. O Salmista David convida todos a exaltar ao Senhor desta forma: “Exaltai o Senhor nosso Deus e prostrai-vos diante do escabelo de seus pés porque ele é santo” (Sl 99:5). E Moisés instrui o povo acerca de ser santo com Deus: “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Sereis santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19:2). Jesus, como filho de Deus, foi reconhecido como santo: “Ah! que temos nós contigo, Jesus, nazareno? vieste destruir-nos? Bem sei quem és, o Santo de Deus” (Lc 4:34).
Os apóstolos instruem a igreja a ser santa como Deus é santo: “…como também nos elegeu nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Ef 1:4). “mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento” (1Pd 1:15): “Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Ap 14:12).
Imagem criativa: Primeiro, reconhecemos Deus como sábio e poderoso Criador. Ele, do nada trouxe todas as coisas à existência. (cf. Gn 1.1,27). O Senhor tomou o homem e o pôs no jardim do Édem para o lavrar e guardar (Gn 2:15). Ele notificou Moisés que tinha arranjado artistas para criarem obras artísticas com vista à formação do seu tabernáculo: “Eis que eu tenho chamado por nome a Bezaleel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do espírito de Deus, no tocante à sabedoria, ao entendimento, à ciência e a todo ofício, para inventar obras artísticas, e trabalhar em ouro, em prata e em bronze…” (Êx 31:2–4). E em Êxodo 31:6 diz: “E eis que eu tenho designado com ele a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e tenho dado sabedoria ao coração de todos os homens hábeis para fazerem tudo o que tenho ordenado.”
Imagem administrativa: Como Grande Administrador, Deus criou e colocou no firmamento as coisas necessárias para termos dia e noite, estações e anos, calor e frio, sol e chuva. “E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu para fazerem separação entre o dia e a noite; sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos” (Gn 1:14). Jesus disse acerca da actividade de seu Pai aos sábados: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5:17). A epístola aos Hebreus narra o seguinte acerca de Jesus: “Mas, agora, alcançou ele ministério tanto mais excelente como mediador de um melhor pacto, o qual está firmado sobre melhores promessas” (Hb 8:6).
Os apóstolos, tendo dificuldade na administração social, convocaram a igreja e instruíram-na a eleger homens de Deus para se ocuparem nesse cargo: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos deste serviço” (At 6:3). Para haver boa administração é preciso sabedoria, a qual é assegurada pelo Senhor, conforme está escrito: “…e de Cristo, no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2:3). É dele que provêm todos os dons para uma boa administração das necessidades humanas.
Paulo escreveu o seguinte a este respeito: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” (1Co 12:4,5,6). “E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo (Ef 4:11,12). Os cristãos da Macedónia rogaram com muito empenho o privilégio de participarem no ministério a favor dos santos. (2 Co 8:4). E Paulo afirma que “a administração deste serviço não só supre as necessidades dos santos, mas também transborda em muitas acções de graças a Deus” (2 Co 9:12).
Conclusão
Pelo exposto concluímos que o Homem foi criado à imagem espiritual, moral, criativa e administrativa de Deus. E só é possível manter estas características em perfeita e constante comunhão com Ele. Poderemos ainda concluir que fomos criados à imagem de Jesus, que é preexistente, mas encarnou num corpo semelhante ao nosso para viver entre nós e nos revelar o Pai. “Quem me vê a mim, vê o Pai” disse Jesus.
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