Written on Junho 12th, 2007 by Constantino Ferreira
A Existência de Deus
Como já sabemos, teologia é a ciência que estuda a matéria relacionada com Deus. Primeiramente, vamos identificar os vários conceitos errados sobre Deus e, então, o conceito conforme a revelação bíblica. Conceito é o juízo que se faz de alguém, ou de alguma coisa, é uma ideia formada mediante a informação recebida previamente. Eis uma definição breve dos principais conceitos sobre Deus:
1. Animismo é uma espécie de religião primitiva que atribui uma alma a todos os fenómenos da natureza, a qual é o princípio das funções vegetativas tal como é das funções mentais humanas.
2. Agnosticismo é a doutrina filosófica que declara Deus inacessível ao espírito humano. Não nega a existência de Deus, mas diz ser impossível comprová-la.
3. Ateísmo é a doutrina que nega a existência de Deus sob qualquer forma, porém, sem comprovação alguma das suas negações.
4. Deísmo é a aceitação da existência dum Deus que não é pessoal, que não pode ser conhecido, nem se pode manter comunhão com Ele. Por isso, os seus adeptos rejeitam qualquer espécie de religião.
5. Panteísmo é o sistema doutrinário que concebe Deus como a única realidade verdadeira, afirma que Deus e Natureza são a mesma coisa, uma só substância.
6. Politeísmo é o sistema religioso que admite a existência de muitos deuses, cada qual com a sua função específica na natureza, que recebem culto a fim de serem propícios ao homem.
7. Teísmo é a doutrina que crê na existência de um só Deus pessoal, que é Espírito, Eterno, Omnipresente, Omnisciente, e Omnipotente, que recebe culto de adoração e gratidão pela sua misericórdia.
Argumentos a favor da existência de Deus
Embora tenhamos à nossa disposição vários argumentos para provar a existência de Deus, estes servem especialmente para fortalecer a fé de quem já O conhece. Deus não precisa de comprovar a Sua existência, nem a Bíblia se ocupa com isso. Contudo, podemos verificar nela alguns argumentos em favor da existência de Deus.
1. O Argumento da Criação é o facto de que a razão leva-nos a considerar que toda a criação deve ter tido um criador. Naturalmente, ninguém se atreve a dizer que uma máquina tão precisa, como é o relógio, não teve criador. Pois, o relógio universal chamado cosmos, com os seus milhões de galáxias, e a sua respeitável precisão, também exige um criador inteligente, sábio e poderoso, para realizar tão gigantesca obra. Este Criador, que ninguém viu pessoalmente, é aceite como sendo Deus, o Todo-Poderoso. “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn. 1.1).
2. O Argumento de causa e efeito é a aceitação de que todo o efeito deve ter uma causa adequada. A existência do universo, com a sua beleza e sua harmonia, manifesta elementos reveladores da existência de Deus como Criador. Ele é a primeira causa de todos os efeitos no universo, existindo antes de todas as coisas. Ele é a Causa primária da existência. “E viu Deus tudo quanto tinha feito e era muito bom” (Gn. 1.31).
3. O Argumento do Desígnio tem a ver com um projecto de propósito criativo. É a determinação de fazer planos prévios para levar a efeito qualquer obra com segurança e beleza. Sem dúvida, ninguém dirá que as grandes superfícies comerciais não tiveram projectista, embora não saibamos, ou não conheçamos, quem foi. Um experiente arquitecto está por detrás dessas gigantescas obras, algumas de rara beleza. Do mesmo modo, é forçoso admitir que o Universo teve um sábio Arquitecto que o planeou ao pormenor e dirigiu a sua construção. Ele só precisava de, como Legislador, ditar as leis infalíveis pelas quais este gigantesco cosmos é governado. Esta personalidade só pode ser definida como Deus. “E disse Deus: Haja, apareça, produza” (Gn. 1).
4. O Argumento Histórico é o registo do modo como impérios e nações tiveram o seu apogeu, a sua queda e consequente desaparecimento, ou mesmo restauração. Recordemos a Babilónia desaparecida e o Israel restaurado; o império romano desaparecido e a Igreja prevalecendo através dos milénios. Isto só pode dever-se à acção sábia e poderosa de Deus. Além disso, em todos os tempos as gentes têm procurado propiciar um deus qualquer a fim de receberem as bênçãos e a sua protecção, dos quais Deus disse: “Não terás outros deuses diante de mim, nem farás para ti imagem de escultura” (Êx. 20.3,4a).
5. O Argumento da Consciência está relacionado com a marca que o Grande Legislador implantou dentro de todos nós, quer acusando-nos, ou aprovando-nos. A consciência dos seres humanos, dizendo dentro de nós, farás, ou não farás, é a marca do Criador. Nós dispomos de natureza moral, pelo que a nossa vida é regulada por conceitos do bem e do mal. A consciência é uma autoridade legislativa dentro de nós. E, mesmo deformada e ofuscada pelo pecado, como geralmente acontece, mesmo assim, testemunha que fomos criados à imagem e semelhança de Deus (Gn. 1.27). Para defender essa Lei, o Grande Legislador condenará o prevaricador.
6. O Argumento da Crença Universal é o facto de não existirem povos, por mais primitivos que sejam, que não manifestem alguma forma de religião. Ainda que, por vezes, nos pareça absurda e inadequada, essa era a maneira pela qual o homem procurava chegar-se a Deus e obter dele a protecção. Mesmo a idolatria comprova o sentimento religioso imanente no homem de todos os tempos. O Homem foi constituído para crer na existência do seu Criador. A incredulidade é o maior pecado pelo qual o descrente será condenado. Todavia, receberá misericórdia se confiar em Cristo como salvador.
7. O Argumento Bíblico diz respeito àquilo que as Escrituras revelam acerca de Deus e suas obras. Ainda que as Escrituras não tratem de provar a existência de Deus, contudo, elas apelam a crer na Sua existência como o meio adequado para lhe agradar. “Pela fé entendemos que os mundos pela Palavra de Deus foram criados” (Hb. 11.3,6). A Bíblia revela que no princípio Deus criou o mundo. João esclareceu que “no princípio era o ‘logoj’ (Logos), e o Logos estava com Deus, e o Logos era Deus” (Jo. 1.1). Ele disse ainda que esse Logos é a fonte da vida, referindo-se a Cristo (v. 4).
Em Isaías 40.6 lê-se: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus.” No Salmo 95.6 lemos assim: “Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou.” E em Actos 17.24 lê-se: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mão de homens.” Ele habita nos corações humanos porque Deus é amor e este amor é agape (Jo. 4.8). Paulo afirma que a nossa vida depende integralmente dele (Act. 17.28).
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