O Cânon das Escrituras
O significado do vocábulo “cânon” provém do grego “kanon” que terá vindo do hebraico “qaneh” (hnq) o qual significa vara de medir. O vocábulo aparece em Ezequiel 40.3, traduzido “cana de medir,” e em Gálatas 6.16, significando a regra da vida cristã pela qual todos devemos andar.
A necessidade do Cânon das Escrituras veio pelo facto de haver outros escritos alegando serem divinamente inspirados. Algumas pessoas acreditavam mesmo que esses escritos eram igualmente produto da inspiração divina. Contudo, os líderes espirituais, duvidando tanto do carácter dos autores como das suas próprias obras, jamais os reconheceram e integraram no Cânon das Escrituras divinamente inspiradas.
O Cânon do Antigo Testamento (A.T.)
Quando Israel estava no deserto, Deus deu as instruções que formaram o primeiro Cânon da sua vida espiritual e moral (Êx.19 e 20). A necessidade de Israel ter o Cânon das suas Escrituras deveu-se a duas condições históricas: Primeiro, ficou a dever-se à sua frequente apostasia e consequente volta para Deus. O Senhor havia-lhes ordenado que não se misturassem com os povos vizinhos, por causa da sua idolatria que Deus abominava.
Embora tivessem prometido fidelidade ao pacto feito no Sinai quebraram-no ciclicamente porque os da nova geração deixavam o Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egipto, adoravam e seguiam os deuses que havia ao redor deles. E, porque deixavam ao Senhor para servir a Baal e a Astarote, provocavam a Sua ira e eram entregues na mão dos seus inimigos como cativos (cf. Jz. 2.12–14).
Quando aparecia um libertador e convocava o povo a voltar a Deus e às Escrituras, iam surgindo novos escritos inspirados para guiar o povo conforme o plano do Senhor. Tomemos como exemplo o que aconteceu nos reinados de Manassés e de Josias, cujo relato se encontra em 2 Reis 21 a 23. Havendo chegado ao ponto de perderem o livro da Lei, este foi achado enquanto restauravam o Templo. Logo a sua leitura provocou arrependimento e uma grande reforma. Quando foram levados cativos para Babilónia ficaram sem Templo para celebrar, e o centro unitário do povo passou a ser a leitura das Escrituras nas sinagogas criadas para o efeito.
Segundo, a dispersão de Israel no início do cristianismo exigiu que formulassem o Cânon definitivo. Isto foi motivado pelos novos escritos cristãos, que os judeus sempre rejeitaram. Havia, por conseguinte, a necessidade de determinar quais os livros que deviam formar as suas Escrituras para se protegerem dos presumíveis erros.
A formação do Cânon das Escrituras Hebraicas teve por base os seguintes factores:
1. Reconhecimento de que o seu ensino é totalmente divino. Por exemplo, quando o livro da Lei, que compõe os primeiros cinco livros da Bíblia, foi achado, foi também reconhecido como a Palavra de Deus e logo examinado para saberem a vontade de Deus, facto que provocou grande arrependimento e confissão; (2 Rs 22.8).
2. Aceitação consequente pelos líderes religiosos e pela comunidade israelita. Este exemplo é observado em Neemias 8.1–3 quando, após o regresso do cativeiro babilónico, Esdras leu o livro da lei de Moisés para todo o povo. É aceite que o Cânon do A.T. foi reconhecido completo, com seus 39 livros, numa reunião judaica deliberativa em Jâmnia, na Judeia Oriental, cerca de 90 d.C.
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