“Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8.31, 32
Em virtude das palavras do Senhor, em epígrafe, como poderemos ser reconhecidos como verdadeiros discípulos de Cristo?
O Dicionário de Português da Texto Editora contém a seguinte explicação a respeito do carácter: (do Lat. character < Gr. carakthr), (pl. caracteres), s. m., “cunho especial que distingue as coisas entre si; marca; impressão; índole; resolução; firmeza; propriedade; expressão ajustada; natureza; sentimentos; feitio moral; especialidade…”
Comecemos pela definição linguística do vocábulo. Carácter é um cunho distintivo de qualquer coisa ou pessoa. É a sua própria marca identificativa. Ora, o Senhor Jesus assegurou que se alguém permanecer na Sua Palavra é identificado como um verdadeiro discípulo Seu. Ele tem a marca do seu Mestre impressa no íntimo do seu ser e é claramente manifesta a todos. Por isso dirão que é um verdadeiro seguidor de Cristo, pois a Sua marca está visível.
A este respeito, o Senhor demonstrou quem era seu pai e sua mãe desta forma: “Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a palavra de Deus e a observam.” (Lc 8:21). E quem guarda a Palavra de Deus torna-se morada de Deus em Espírito, como disse Jesus: “Se alguém me amar guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele morada.” (Jo 14:23).
O Senhor deu-nos algumas indicações de indivíduos sem carácter, ou de carácter duvidoso, as quais incluímos a seguir: “Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me porque a minha palavra não encontra lugar em vós. Eu falo do que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que também ouvistes de vosso pai.” (Jo 8:37, 38).
Todos sabemos que Pedro afirmou que jamais negaria o Senhor, mas quando chegou a hora da verdade manifestou a sua falta de carácter: “E, tendo passado quase uma hora, outro afirmava, dizendo: Certamente este também estava com ele, pois é galileu. Mas Pedro respondeu: Homem, não sei o que dizes. E imediatamente estando ele ainda a falar, cantou o galo.” (Lc 22:59, 60).
Podemos incluir também a hipocrisia como falta de carácter pelo que o Senhor disse a respeito da beneficência: “Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.” (Mt 6:2).
A respeito da oração e do jejum diz o Senhor: “E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Quando jejuardes, não vos mostreis contristrados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.” (Mt 6:5, 16).
Somos ainda advertidos pelo Senhor a respeito da falta de justiça: “Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno.” (Mt 5:20, 37). E não evitou advertir a respeito da enganosa aparência exterior da seguinte maneira: “Assim também vós, exteriormente, pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.” (Mt 23:28).
Igualmente, o apóstolo Paulo manifesta a falta de carácter nos seguintes termos: “Pelo que deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo, pois somos membros uns dos outros.” (Ef 4:25).
E o apóstolo João usa as expressões seguintes: “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão. Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade.” (1 Jo 3:10, 18).
Observemos agora as características gerais de indivíduos com carácter. Paulo exalta os cristãos de Tessalónica com estas palavras de apreço: “E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra em muita tribulação com gozo do Espírito Santo. De sorte que vos tornastes modelo para todos os crentes na Macedónia e na Acaia.” (1 Ts 1:6, 7). E aconselha os de Éfeso a imitar o Pai celestial: “Sede pois imitadores de Deus como filhos amados, e andai em amor, como Cristo também vos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.” (Ef 5:1, 2).
Por conseguinte, a melhor maneira de imitar o carácter do Pai é através da prática do amor, da justiça e da verdade. Estas três características são a marca genuína de Deus e os componentes básicos do carácter dos cristãos. Quatro dos apóstolos aconselham-nos a estar revestidos com o amor, a verdade e a justiça: “Já que tendes purificado as vossas almas na obediência à verdade, que leva ao amor fraternal não fingido, amai-vos ardentemente uns aos outros de coração.” (1 Pd 1:22). “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade e vestida a couraça da justiça.” (Ef 6:14). “Vocês devem criar o hábito de falar e agir como pessoas que hão-de ser julgadas pela lei da liberdade.” Tg 2:12 (Tradução da International Standard Version).
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