O CAVALO BRANCO

Ou Cavalos e Cavaleiros

E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça.” Apocalipse 19:11

Questão

Qual a diferença entre o cavalo mencionado no capítulo dezanove e no capítulo seis? Não simbolizarão eles o mesmo personagem na visão profética?

Contexto bíblico

Esta visão estava num rolo selado com sete selos, um para cada símbolo respectivamente. “Vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, bem selado com sete selos” (5:1). “E vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi um dos quatro seres viventes dizer numa voz como de trovão: Vem” (6:1). Incluamos agora o segundo versículo do capítulo seis: “Olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vencendo, e para vencer.” (6:2).

O primeiro selo revela um cavalo branco, um cavaleiro que recebeu uma coroa, e saiu para vencer (v. 2). O segundo selo revela um cavalo vermelho, e o cavaleiro recebeu permissão para tirar a paz da terra, e que os homens se matassem uns aos outros (v. 4). O terceiro selo revela um cavalo preto, e o cavaleiro tinha uma balança na mão, significando fome e racionamento (v. 5). O quarto selo revela um cavalo amarelo, e o cavaleiro tinha por nome Morte (v. 8). O quinto selo revela o resultado da acção anterior, as almas dos justos debaixo do altar (v. 9). 

A visão dos quatro cavalos é simplesmente uma revelação da mesma personagem que se levantaria na disposição de dominar o mundo despoticamente. Para isso seria necessário perseguir os discípulos do Cordeiro de Deus até à morte. A esse personagem a Bíblia chama o ‘homem do pecado’, isto é, aquele que, artificiosamente, se colocaria no lugar que pertence a Cristo, como advertiu o apóstolo Paulo aos tessalonicenses: 

Paulo adverte os cristãos acerca da possibilidade de engano: “Ora, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, rogamo-vos, irmãos, que não vos movais facilmente do vosso modo de pensar, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola como enviada de nós, como se o dia do Senhor estivesse já perto. Ninguém de modo algum vos engane, porque isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição” (2 Ts 2:1–3).

E continua: “Pois o mistério da iniquidade já opera; somente há um que agora o detém até que seja posto fora e então será revelado esse iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e destruirá com a manifestação da sua vinda; a esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás com todo o poder e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para serem salvos.” (Ts 2:7–10).

O apóstolo João chama-lhe mentiroso e anticristo: “Filhinhos, esta é a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos se têm levantado, por onde conhecemos que é a última hora… Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho. (1 Jo 2:18,22). Porque já muitos enganadores saíram pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Tal é o enganador e o anticristo.” (2 Jo 1:7).

A João foi também revelada uma confederação disposta a combater contra o Cordeiro, mas o Cordeiro sairia vencedor: “Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam o reino, mas receberão autoridade, como reis, por uma hora, juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta. Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os que estão com ele, os chamados, e eleitos, e fiéis.” (Ap 17:12–14). Os dez chifres simbolizam o poder total da confederação política, cuja autoridade seria entregue ao à besta. Esta palavra ‘besta’ foi traduzida do grego ‘therion’ que significa fera, animal selvagem e perigoso. É este o carácter daquele que ambiciona o lugar de Cristo e se dispõe a lutar contra Ele.

O sexto selo revela a ira do Soberano Senhor com catástrofes sobrenaturais em toda a terra (vv. 12–17). O sétimo selo revela a ira do Todo-Poderoso simbolizada na visão das sete trombetas (8:7–11:15). Mas a sétima trombeta revela a vitória de Cristo, conforme está escrito: “E tocou o sétimo anjo a sua trombeta e houve no céu grandes vozes que diziam: O reino do mundo passou a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.” (Ap 11:15).

Entretanto, a noiva do Cordeiro é chamada para festejar as suas bodas ao lado do Noivo, de acordo com o trecho bíblico da visão: “Também ouvi uma voz como a de grande multidão, como a voz de muitas águas, e como a voz de fortes trovões, que dizia: Aleluia! porque já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso. Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou e foi-lhe permitido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro; pois o linho fino são as obras justas dos santos. E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. Disse-me ainda: Estas são as verdadeiras palavras de Deus.” (Ap 19:6–9).

E João continua a descrever a sua visão: “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. Os seus olhos eram como chama de fogo; sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo. Estava vestido de um manto salpicado de sangue; e o nome pelo qual se chama é o Verbo de Deus. (A palavra Verbo é no grego ‘Logos’ ou ‘Palavra’ atribuída por João ao Senhor Jesus).

Seguiam-no os exércitos que estão no céu, em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro. Da sua boca saía uma espada afiada para ferir com ela as nações; ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. No manto, sobre a sua coxa tem escrito o nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores.” (Ap 19:11–16).

Conclusão

Descobrimos, tanto pela descrição como pelos resultados dos primeiros quatro selos, que o capítulo seis de Apocalipse revela o aparecimento e a acção dum enganador, capaz de operar maravilhas para atrair a si os incautos, com pretexto de paz, mas para tirar a paz da terra. Ainda que seja facilmente aceite por muitos, encontrará igualmente a oposição de grande número de fieis, que foram comprados pelo sangue do Cordeiro e rejeitam pactuar com o seu adversário. A segunda visão do cavalo branco, que traria paz à terra, é descrita no capítulo dezanove, cujo cavaleiro se chama ‘Fiel e Verdadeiro’ ‘Logos de Deus’, ‘Rei dos reis’ e ‘Senhor dos senhores’. O seu reino é espiritual e eterno, e dele participa gente de todas as eras.

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