O MESSIAS REVELADO
No momento de grande aflição para Israel, provavelmente, quando estes fugirem para o deserto (Ap. 12.14) e os exércitos do anticristo os perseguirem, aparecerá o verdadeiro Messias, como o ladrão, para socorrer o seu povo (Ap. 19.11–16). A revelação de Cristo é acontecimento rápido. A palavra grega usada seis vezes em Apocalipse é “taxy” (taxi) que sempre significa movimento rápido; isto é, aparece como o ladrão (Ap. 2.16; 3.11; 11.14; 22.7, 12, 20).
Como o significado das palavras se entende pelo seu uso normal, observemos algumas Escrituras esclarecedoras. Jesus ordena que se reconcilie com o seu adversário depressa, “taxy” (Mt. 5.25). Ordenou para irem depressa dizer aos discípulos que havia ressuscitado (Mt. 28.7). A Judas disse: O que fazes fá-lo depressa, “taxion” rapidamente (Jo. 13.27). Quando foram ao sepulcro, o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro (Jo. 20.4). Todavia, Paulo alertou que a vinda de Cristo não aconteceria sem que antes aparecesse a apostasia, o homem do pecado, o anticristo (2 Ts. 2.3,4).
A volta de Cristo foi prometida por Ele mesmo; (Jo. 14.18). Foi confirmada pelos anjos aos apóstolos (Act. 1.11). Foi pregada pelos apóstolos; (Tg. 5.7,8). Será cumprida por Cristo (Ap. 19.11–16) em cumprimento da profecia de Isaías 23. 5,6. Enquanto para a Igreja Cristo virá como Noivo (Jo. 14.3), para os Judeus Ele virá como o Messias (Rm. 11.26). No momento da vitória, o Messias será reconhecido pelos judeus que exclamarão: “Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mt. 28.38,39). Nessa ocasião, todo Israel será salvo como diz Paulo (Rm. 11.25,26). E o Senhor será rei sobre toda a terra, será um reino com um rei — o Senhor (Ez. 37.21,22; Zc. 14.9).
Então, o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Vinde benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt. 25.34). Trata-se do cumprimento da profecia de Zacarias 14.16: “E acontecerá que todos os que restarem de todas as nações que vierem contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorarem o Rei, o Senhor dos Exércitos.” Este facto é comprovado por João em Ap. 19.13–15. Aquele personagem é referido ali como sendo chamado a “Palavra de Deus”, no grego “Logos de Deus”. E João identificou o Logos, que é desde o princípio, com Jesus, o Filho de Deus (Jo. 1.1,14).
Aos que estiverem à sua esquerda dirá o Senhor: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt. 25.41). Isto será o cumprimento da profecia de Zacarias 14.12, confirmada em Ap. 19.17,18. Um anjo convidará as aves para a ceia do grande Deus. O juízo da trindade satânica acontecerá de seguida. O anticristo e o falso profeta serão presos e lançados no lago de fogo; “E os demais foram mortos com a espada que saía da boca do que estava assentado sobre o cavalo” (Ap. 19.20; cf. Is. 11.4; 2 Tes. 2.8).
Acerca do lago de fogo comparemos as expressões que se encontram em Marcos 9.43–47. Ali é mencionado três vezes o inferno, no grego “geenna”, onde o bicho não morre e o fogo nunca se apaga. Satanás será preso no abismo durante o milénio para que não engane mais as nações; depois será solto e sairá a enganar as nações nos quatro cantos da terra, vindo também a ser lançado no lago de fogo (Ap. 20.1–3,7–10).
Aquele nome teve origem no vale de Hinom, (em hebraico, “guê hinom”, que resultou no grego, “guê enan”, depois geenna), mencionado em Josué 15.8 e 18.16 como parte dos termos da herança de Judá. Nesse lugar Manassés levantou um altar a Moloque onde sacrificavam criancinhas (2 Cr. 33.6). Mais tarde, Josias fez uma grande reforma e destruiu todos os altares falsos fazendo daquele lugar a lixeira da cidade, “onde o bicho não morre e o fogo nunca se apaga”. A partir daí passou a ser considerado como lugar de juízo (Jr. 7.31,32; 19.6,7).
O REINO MILENAR
A expressão “milénio” simplesmente não é usada por João no seu Apocalipse. Todavia, existe o conceito. No capítulo vinte menciona cinco vezes mil anos; Satanás amarrado por mil anos; os ressurrectos da tribulação reinando por mil anos; os outros mortos não reviveram até que os mil anos acabaram; e acabados os mil anos Satanás será solto.
As expressões mais encontradas em toda a Bíblia referem sempre o reino eterno de Deus (Êx. 15.18; Sl. 10.16; 146.10). Daniel, na interpretação do sonho de Nabucodonozor, referiu que será estabelecido um reino para sempre (Dn. 2.44). As visões de Daniel referem o reino eterno do Altíssimo (Dn. 7.14,18,27).
Acerca de Jesus foi escrito que “o Senhor lhe dará o trono de David, seu pai, e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc. 1.32). Em Apocalipse 11.15 e 22.5 ficou escrito que Ele reinará para sempre. Devemos reconhecer que o reino chegado com Jesus jamais terá fim, porque não haverá mais que um reino de Deus, mas terá fases até à sua consumação final. O Senhor teria isto em mente quando mudou a sua expressão acerca do reino. Concernente à primeira fase ordenou: “Curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: É chegado a vós o reino de Deus” (Lc. 10.9). Com referência à segunda fase, ou consumação, avisou: “Quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o reino de Deus está perto” (Lc. 21.31). É a esta segunda fase, após a tribulação, que João denomina milénio, porque passado esse tempo, chegará a terceira fase do mesmo reino de Deus para toda a eternidade (Ap. 21 e 22.5).
Também escritores posteriores aos apóstolos fizeram uso desta doutrina. Por exemplo Papias, escritor pós-apostólico, escreveu assim: “Entre estes ele diz que haverá um milénio depois da ressurreição dos mortos, quando o reino pessoal de Cristo for estabelecido na terra.” E Justino escreveu desta maneira: “Mas, eu e outros… estamos certos que haverá uma ressurreição dos mortos, e mil anos em Jerusalém, a qual, então, será construída, adornada, e engrandecida, como os profetas Ezequiel e Isaías e outros declaram.”
Os propósitos do reino milenar são:
- Reunir à volta de Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra (Ef. 1.10).
- Estabelecer a justiça na terra pelo aniquilamento de todo o império e potestade e força; “porque convém que Ele reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés” (1 Co. 15.24,25).
- Ensinar as nações no cumprimento da justiça. “E virão muitos povos e dirão: Vinde e subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a Palavra do Senhor” (cf. Is. 2.2,3).
- Reinar sobre as nações, a partir dos corações, de modo a converter as espadas em enxadões e as lanças em foices por não ser preciso mais guerrear (Is. 2.4; Ap. 20.4).
Nesse tempo milenar haverá um conhecimento universal de Deus (Is. 11.9). As pessoas terão comunhão com Deus e viverão na justiça (Is. 26.7–9). Os governantes reinarão com rectidão sob as ordens do soberano Senhor, como está escrito: “Eis aí está que reinará um Rei com justiça, e dominarão os príncipes segundo o juízo” (Is. 32.1). Haverá, então, prosperidade para todos, porque até o deserto fará produzir abundantemente (Is. 35.1,2; 51.3). Cristo aconselhou a buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas virão por acréscimo (Mt. 6.33). Ele proferiu aos discípulos um sermão considerado “as leis do reino” que ficou registado em Mateus, capítulos cinco a sete.
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