Tiago 4:17
“Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz comete pecado.”
Questão
Qual a diferença entre pecado de omissão e pecado de comissão? E, em que consiste o pecado de omissão?
Contexto bíblico
O pecado de comissão diz respeito às más acções que são praticadas. O pecado de omissão são as boas acções que deveriam ser praticadas, mas são omitidas. Quando alguém sabe fazer o bem e o não faz comete pecado. Errou o alvo para o qual foi criado e salvo.
Um exemplo do pecado de omissão encontra-se no relato de Lucas acerca de Simão, em cuja casa Jesus estava, e aquele não cumpriu com os seus deveres de bom anfitrião. Além disso, ainda censurou a mulher pela boa acção praticada sobre Jesus. Por este motivo, o Senhor criticou‑o dizendo a Simão: “Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta com suas lágrimas os regou e com seus cabelos os enxugou. Não me deste ósculo; ela, porém, desde que entrei, não tem cessado de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta com bálsamo ungiu-me os pés. Por isso te digo: Perdoados lhe são os seus muitos pecados; porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.” (Lc 7:44–47).
Não aconteceu assim com Zaqueu, em cuja casa Jesus também estava. Durante a entrevista com o Senhor, ele descobriu o que devia fazer e, acerca dessa boa acção, disse a Jesus: “Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado. Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão.” (Lc 19:8,9). Zaqueu arrependeu-se de haver prejudicado muitos de seus irmãos, mas agora estava disposto a restituir o que lhes roubara nos impostos. Isto é, sem dúvida, uma boa acção praticada como resultado de vida nova.
O apóstolo Paulo escreveu uma carta à igreja de Éfeso e instruiu os cristãos desta maneira: “Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tem necessidade.” (Ef. 4:28). Enquanto, roubar é pecado de comissão, não trabalhar é pecado de omissão. É algo que era suposto alguém fazer, mas não fez. “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem.” (Ef 4:29). Palavras torpes insultam, ofendem, lesam alguém. Mas deixar de proferir palavras edificantes é pecado de omissão, porque dessa forma não contribui na edificação do corpo de Cristo. “Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” (Ef 4:32).
Como cristãos, podemos ter abandonado os pecados de comissão, mas se não formos compassivos e não concedermos perdão, cometemos pecado de omissão. Acerca disto, Tiago ensina o seguinte: “Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos. Porque o mesmo que disse: Não adulterarás, também disse: Não matarás. Ora, se não cometes adultério, mas és homicida, tornas-te transgressor da lei.” (Tg 2:10,11). “Que proveito há, meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Porventura essa fé pode salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento quotidiano e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso? Assim também a fé, se não tiver obras é morta em si mesma.” (Tg 2:14–17).
Conhecer as necessidades de alguém e não procurar minorá-las, de alguma maneira, é pecado de omissão e desonra a fé. O apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos da Galácia, ensina o seguinte: “Irmãos, se um homem chegar a ser surpreendido em algum delito, vós que sois espirituais corrigi o tal com espírito de mansidão; e olha por ti mesmo, para que tu não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo. (Gl 6:1–2). Se, como cristãos, não praticamos estes ensinamentos, cometemos pecado de omissão e responderemos por isso.
E continua o seu ensinamento: “E o que está sendo instruído na palavra, faça participante em todas as boas coisas aquele que o instrui. Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque quem semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” (Gl 6:6–8). A sementeira é uma lei natural que consta em dar e receber. Sempre se recebe aquilo que é semeado.
E remata da seguinte maneira: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Então, enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos, mas principalmente aos da mesma Fé.” (Gl 6:9,10). Quando deixarmos de fazer o bem, deixaremos igualmente de receber o bem. Isto é pecado de omissão em duplicado. Então, enquanto temos vida, pratiquemos o bem a quem dele necessitar; mas, primeiro estão os nossos irmãos, nascidos do mesmo Pai pela fé no Senhor Jesus Cristo.
E João, o apóstolo do amor, aconselha deste modo: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitando, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade. Nisto conheceremos que somos da verdade, e diante dele tranquilizaremos o nosso coração.” (1 Jo 3:16–19).
Conclusão
Em vista do exposto, concluímos que não há diferença entre pecado de comissão e pecado de omissão. Pecado é sempre errar o alvo; é deixar de fazer aquilo que seria suposto fazer. Quando omitimos uma boa acção, cometemos o erro de não semear em tempo oportuno, e não colheremos o fruto da suposta sementeira. Portanto, façamos bem a todos, mas principalmente aos da mesma Fé.