Rios de água viva

João 7:37,38

Ora, no seu últi­mo dia, o grande dia da fes­ta, Jesus pôs-se em pé e clam­ou, dizen­do: Se alguém tem sede ven­ha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escrit­u­ra, do seu ven­tre cor­rerão rios de água viva.” 

Questão

Em relação ao tre­cho supra há duas questões a pôr: Primeiro, per­gun­ta-se o que é que Jesus tem para dar a beber. E o ver­sícu­lo trin­ta e nove diz que é o Espíri­to San­to que havi­am de rece­ber. A segun­da per­gun­ta é: O que sairá do ven­tre dos crentes. Alguns alegam que essas cor­rentes de água viva se ref­er­em ao bro­tar do Espíri­to San­to do ven­tre dos crentes, porque o tre­cho assim o nar­ra. Ora, o ven­tre não é mais do que a sede das vísceras essen­ci­ais à vida físi­ca. O ven­tre não pode ser a sede do espíri­to. A sede do espíri­to é out­ra e é daí que pro­cede qual­quer man­i­fes­tação do Espíri­to Santo.

Con­tex­to bíblico

Quan­do nos­so Sen­hor Jesus quis referir-se à sua morte e ressur­reição usou a ilus­tração de Jonas: “pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ven­tre do grande peixe, assim estará o Fil­ho do homem três dias e três noites no seio da ter­ra.” (Mt 12:40).

Observe­mos como é fei­ta com­para­ção entre o ven­tre do peixe e o seio da ter­ra. Esclareça-se des­de já que ‘seio da ter­ra’ é a tradução do vocábu­lo grego ‘kar­dia’ ou, ‘coração’ da ter­ra. De modo semel­hante o vocábu­lo ‘ven­tre’ deve ser com­preen­di­do como o ‘cen­tro’ o âma­go da vida humana. Isto sig­nifi­ca que o crente que recebe o Espíri­to de Cristo se tornará uma fonte que bro­ta bênção e ale­gria para todos. No seu ínti­mo são man­i­fes­tas as car­ac­terís­ti­cas do fru­to do Espíri­to, con­forme Paulo aos Gálatas: “Mas o fru­to do Espíri­to é: amor, gozo, paz, paciên­cia, benig­nidade, bon­dade, fidel­i­dade, man­sid­ão, domínio próprio, (Gl 5:22) que podem sin­te­ti­zar-se em ‘amor, paz e ale­gria’, as quais definem o reino de Deus.

Jesus ofer­e­ceu a água viva na fes­ta dos tabernácu­los, a qual era cel­e­bra­da para recor­dar a pere­gri­nação de Israel pelo deser­to, e usou a exper­iên­cia da rocha que bro­tou água para todo o povo, seden­to, mit­i­gar a sua sede. No deser­to beber­am água min­er­al para man­terem a vida físi­ca, mas Jesus dava-lhes água espir­i­tu­al para des­frutarem a vida eterna.

Duas exper­iên­cias impor­tantes rev­e­ladas em Êxo­do são as seguintes: “Então vier­am a Elim, onde havia doze fontes de água e seten­ta palmeiras; e ali, jun­to das águas, acam­param.” (Êx 15:27). É curioso obser­var a nar­ração de doze fontes de água, no meio do deser­to, para os pere­gri­nos hebreus, e os doze após­to­los para jor­rar água para todos, em todos os lugares.

Noutra ocasião, quan­do se queixaram com sede, Moisés feriu a rocha em Horebe e ela bro­tou água para todos beberem. (Êx 17:6). E Paulo ref­ere-se a esta exper­iên­cia des­ta maneira: “e beber­am todos da mes­ma bebi­da espir­i­tu­al, porque bebi­am da pedra espir­i­tu­al que os acom­pan­ha­va; e a pedra era Cristo.” (1 Co 10:4). Quem bebe de Cristo tem a vida de Cristo para a trans­mi­tir como água viva que satisfaz.

O Anti­go Tes­ta­men­to faz refer­ên­cia á água espir­i­tu­al que Deus prom­e­teu, des­ta for­ma: “Não temas, ó Jacó, ser­vo meu, e tu, Jesu­rum, a quem escol­hi. Porque der­ra­marei água sobre o seden­to, e cor­rentes sobre a ter­ra seca; der­ra­marei o meu Espíri­to sobre a tua pos­teri­dade, e a min­ha bênção sobre a tua descendên­cia; e bro­tarão como a erva, como salgueiros jun­to às cor­rentes de águas.” (Is 44:3,4). E em Isaías 58:11  “O Sen­hor te guiará con­tin­u­a­mente e te far­tará até em lugares ári­dos, e for­ti­fi­cará os teus ossos; serás como um jardim rega­do e como um man­an­cial, cujas águas nun­ca falham.”

Con­clusão

A sede do Espíri­to é jun­to da alma, a qual é defini­da em grego por ‘psi­co’. E esta sig­nifi­ca mente, a sede do pen­sa­men­to, a qual reside no cére­bro. Ora, quan­do é acon­sel­ha­da psi­coter­apia a um doente, tem neces­si­dade de sub­me­ter-se a sessões guiadas por um espe­cial­ista no assun­to, o qual procu­ra desven­dar o que vai no ínti­mo dos sen­ti­men­tos do paciente a fim de ajudá-lo a desco­brir a solução à luz dos próprios sintomas.

Eis algu­mas nar­rações para ilus­trar a sede do espíri­to na exper­iên­cia de Isaque e Rebe­ca com a suas noras: “E estas foram para Isaque e Rebe­ca uma amar­gu­ra de espíri­to.” (Gn 26:35). Onde é que se man­i­fes­ta a amar­gu­ra? Não será na mente humana? Encon­tramos out­ra na exper­iên­cia de faraó com os seus son­hos: “Pela man­hã o seu espíri­to esta­va per­tur­ba­do, pelo que man­dou chamar todos os adi­v­in­hadores do Egip­to e todos os seus sábios; e Faraó con­tou-lhes os seus son­hos, mas não havia quem lhos inter­pre­tasse.” (Gn 41:8). E a exper­iên­cia de Jacó ao encon­trar-se com o fil­ho que jul­ga­va estar mor­to: “Quan­do, porém, eles lhe con­taram todas as palavras que José lhes falara, e ven­do Jacó, seu pai, os car­ros que José enviara para levá-lo, rean­i­mou-se-lhe o espíri­to;” (Gn 45:27). Onde encon­tramos âni­mo ou desân­i­mo? Não será na nos­sa mente? Ain­da a dura exper­iên­cia dos hebreus na escravidão egíp­cia: “Assim falou Moisés aos fil­hos de Israel, mas eles não lhe der­am ouvi­dos, por causa da angús­tia de espíri­to e da dura servidão.” (Êx 6:9). Per­gun­ta-se, tam­bém, onde está o espíri­to de sabedo­ria para exe­cu­tar as obras de Deus: “Falarás a todos os home­ns hábeis, a quem eu ten­ha enchi­do do espíri­to de sabedo­ria, que façam as vestes de Arão para san­tificá-lo, a fim de que me admin­istre o ofí­cio sac­er­do­tal.” (Êx 28:3).

Nós apren­demos que:

  1. Os cristãos man­i­fes­tam o seu carác­ter pelo fru­to do Espírito.
  2. Os cristãos dese­jam que out­ros encon­trem Jesus como salvador.
  3. Os cristãos anseiam e agem pela sal­vação do mundo.
  4. Os cristãos são como rios de água viva em lig­ação con­stante com a Fonte genuí­na do Espíri­to San­to. Recebem para dar. Quan­do deix­am de dar deix­am de rece­ber. São como uma máquina para­da muito tem­po, que enfer­ru­ja e não tra­bal­ha mais, até que seja restau­ra­da pelo especialista.
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