Written on Junho 4th, 2008 by Constantino Ferreira
Ser Livre
OU A VERDADEIRA LIBERDADE
“…e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará… Se, pois, o Filho vos libertar verdadeiramente sereis livres.” (Jo 8.32,36)
A liberdade é uma condição social concedida por Deus aos seres que Ele criou para ser desfrutada por todos. A liberdade é um direito inalienável concedido pelo Criador. Deus é um Ser livre e, por isso mesmo, criou-nos livres. Nem Ele mesmo nos oprime, nem cerceia nossas liberdades. Mas Satanás, nosso adversário, escravizou-nos ao pecado com toda a espécie de acções inerentes. Por este motivo, Jesus veio libertar-nos da escravidão para vivermos em liberdade. (cf. Is 61.1; Lc 4.18).
Deus é a fonte da verdadeira liberdade, como está escrito: “Ora, o Senhor é o Espírito, e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade.” (2 Co 3:17). O salmista David fez uma confissão sobre a sua liberdade nestes termos: “Assim observarei de contínuo a tua lei, para sempre e eternamente, e andarei em liberdade, pois tenho buscado os teus preceitos.” (Sl 119.44,45).
Ser livre é desfrutar do privilégio de pensar, falar, e agir de acordo com as leis de Deus, sem ser importunado por alguém acerca das suas escolhas. Somente quando formos submissos às leis de Deus poderemos ser realmente livres. Jamais nos tornemos escravos dum padrão, duma época, ou dum costume. É preferível morrer de pé, a viver sempre ajoelhado a ideais contraditórios. É preferível ser escravo do dever por amor à liberdade. Pois, o segredo da liberdade é amar o dever e fazer dele um prazer.
Ser livre é usufruir do direito de pensar sem interferência de terceiros. Quando aprendemos a pensar por nós mesmos, experimentamos a verdadeira liberdade. A este respeito há, todavia, na Bíblia, uma importante promessa e um valioso conselho, que diz: “A paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Fl 4:7,8).
A liberdade é, por conseguinte, um direito de todos os seres viventes, e o pensamento uma faculdade concedida por Deus. Quando pensamos livremente fazemos as nossas próprias escolhas, e não dependemos de quem quer que seja. Diga-se, todavia, que não é livre quem não for capaz de se dominar a si mesmo. Não há pior escravo do que aquele que é dominado constantemente pelas suas paixões. A liberdade é a capacidade de viver com as consequências das próprias decisões.
Ser livre é usufruir do direito de falar sem impedimento algum. Contudo, quando falarmos devemos procurar discursos edificantes, de modo que os ouvintes aproveitem o seu teor e sejam encorajados. Conforme está escrito: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem.” (Ef 4:29). “Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo, visando o que é bom para edificação.” (Rm 15:2).
A despeito do direito à liberdade, a linguagem obscena, ou sem conteúdo edificante, deve sempre ser omitida em favor de linguagem sã, que contenha conteúdo edificante para aqueles que ouvem. E Tiago deixou-nos o seguinte conselho: “Falai de tal maneira e de tal maneira procedei, como havendo de ser julgados pela lei da liberdade.” (Tg 2:12). A lei da liberdade a que Tiago se refere é a vontade de Deus expressa nas Escrituras Sagradas para nossa orientação. Devemos, por isso, aferir a nossa vontade pela vontade de Deus para sermos livres.
Ser livre é usufruir do direito de agir de acordo com o propósito e a vontade de Deus. As nossas acções reflectem sempre liberdade ou escravidão. Se agirmos à luz dos propósitos divinos comprovam que somos livres; se, pelo contrário, as nossas obras são contrárias à lei do Senhor, então temos a prova que somos escravos doutros ideais. Por isso, Jesus aconselhou que “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mt 5:16).
E Paulo esclarece esta questão da seguinte maneira: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (1 Co 10:31). Quando agimos visando a glória de Deus estamos usufruindo da liberdade concedida pelo Senhor, visto que “somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andemos nelas.” (Ef 2:10). E deixa-nos uma séria advertência sobre o assunto: “Mas, vede que essa vossa liberdade não venha a ser motivo de tropeço para os fracos.” (1 Co 8:9).
Conclusão
Finalmente, ser livre é usufruir do direito de viver de acordo com a lei de Deus em todos os seus aspectos. A verdadeira liberdade consiste em fazer o que devemos para o bem dos outros, e visando a glória de Deus, sem sermos obrigados a fazer o que não devemos.
Paulo compara a liberdade recebida de Cristo com a escravidão religiosa desta maneira: “Mas nem mesmo Tito, que estava comigo, embora sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se; e isto por causa dos falsos irmãos, intrusos, os quais furtivamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos escravizar.” (Gl 2:3,4). “Cristo libertou-nos para a liberdade; permanecei, pois, firmes, e não vos dobreis novamente a um jugo de escravidão.” (Gl 5:1).
Finalizamos com uma declaração do Concílio Vaticano II: “Toda a pessoa tem direito à liberdade religiosa (…) de tal maneira que, em matéria religiosa, não se obrigue ninguém a actuar contra a sua consciência nem o impeçam de actuar de acordo com ela em privado ou em público, sozinho ou associado a outras pessoas.” Assim seja.
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