“Depois apareceu o Senhor a Abraão junto aos carvalhos de Manre, estando ele sentado à porta da tenda, no maior calor do dia. Levantando Abraão os olhos, olhou e eis três homens de pé em frente dele. Quando os viu, correu da porta da tenda ao seu encontro e prostrou-se em terra…” Génesis 18.1,2
Questão
Quem eram aqueles varões que apareceram a Abraão? Seriam terrenos ou celestiais? Humanos ou espirituais? Embora não tenhamos uma pista clara, temos, contudo, alguma indicação de que Deus visitara Abraão. Então, quem seriam os acompanhantes? Mensageiros humanos de Deus? Por que precisavam descansar, de lavar os pés, e de comer? Por que somente dois foram a Sodoma, enquanto Abraão conversava com Deus?
Contexto bíblico
Comecemos por examinar os vocábulos hebraicos, concernentes a Deus, existentes no referido capítulo. Logo no princípio é mencionado ‘Jehowah’ traduzido por Senhor. E ao longo do texto aparece repetido mais nove vezes. Enquanto ‘adonai’ traduzido meu Senhor, aparece cinco vezes com referência a Deus, e uma vez referente a Abraão.
Com referência aos anjos aparece a palavra hebraica ‘melek’ no plural, no grego ‘angelos’, a qual tem o significado de ‘anjos, mensageiros, embaixadores. Estes eram servos de Deus para executar as suas ordens. Mas também há mensageiros enviados pelos homens. Eis alguns exemplos bíblicos:
Quando Agar fugiu de Sara, o anjo de Jehowah foi encontrá-la junto a uma fonte no deserto e aconselhou‑a a regressar para junto de sua senhora (Gn 16:7ss). Quando Jacó regressava à sua terra, “encontraram-no os anjos de Deus. Quando Jacó os viu, disse: Este é o exército de Deus.” (Gn 32:1,2). “Então, enviou Jacó mensageiros diante de si a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, o território de Edom… Depois os mensageiros voltaram a Jacó, dizendo: Fomos ter com teu irmão Esaú; e, em verdade, vem ele para encontrar-te, e quatrocentos homens com ele.” (Gn 32:3,6.
Agora note-se: Génesis 32.1 relata que Deus enviou mensageiros a Jacó, enquanto os versículos três e seis narram que Jacó enviou mensageiros a Esaú e voltaram com o relato da sua observação.
Observemos também a experiência de Gideão, que recebeu um mensageiro de Deus: “E sucedeu que, clamando eles ao Senhor por causa dos midianitas, enviou-lhes o Senhor um profeta, que lhes disse: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Do Egipto eu vos fiz subir e vos tirei da casa da servidão” (Jz 6:7,8)… “Então o anjo do Senhor veio e sentou-se debaixo do carvalho que estava em Ofra e que pertencia a Joás, abiezrita, cujo filho, Gideão, estava malhando o trigo no lagar para o esconder dos midianitas. Apareceu-lhe então o anjo do Senhor e lhe disse: O Senhor é contigo, ó homem valoroso.” (Jz 6:11,12. “Vendo Gideão que era o anjo do Senhor, disse: Ai de mim, Senhor Deus! pois eu vi o anjo do Senhor face a face.” (Jz 6:22).
Outra experiência é a da mãe de Sansão: “Mas o anjo do Senhor apareceu à mulher e lhe disse: Eis que és estéril e nunca deste à luz; porém conceberás e terás um filho… Então a mulher entrou e falou a seu marido, dizendo: Veio a mim um homem de Deus, cujo semblante era como o de um anjo de Deus, em extremo terrível; e não lhe perguntei de onde era, nem ele me disse o seu nome;” (Jz 13:3,6).
Conclusão
Estes anjos parecem ser mensageiros humanos enviados por Deus como embaixadores com uma mensagem importante. Basta recordar aqui o uso do vocábulo ‘anjo’ feito por João, nos capítulos dois e três de Apocalipse, para se referir aos líderes das sete igrejas da Ásia, a quem revela o juízo feito por Jesus acerca da sua missão. Todavia, podem também ser mensageiros celestes com a mensagem de Deus.