Written on Março 2nd, 2009 by Constantino Ferreira
Unidade na Diversidade
Unidos pelo Espírito
“Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação.” (Efésios 4:3,4)
Questão
Visto que somos convidados por Deus para viver em unidade, pergunta-se como será possível conseguir tal proeza em virtude de sermos tão diferentes e termos também tão diferentes interesses pessoais?
Contexto bíblico
O Reino de Deus exige uma unidade perfeita e esta só pode ser encontrada em Cristo Jesus. Assim como a unidade é observada na diversidade das coisas criadas, é, também, possível observar a unidade na diversidade dos membros do mesmo corpo, da Igreja de Cristo. O átomo é uma unidade que contém elementos diferentes: Electrões, protões, e neutrões. A roda contém três elementos diferentes: Eixo, raio, e aro. A família básica contém três elementos: Pai, mãe, e filho. O corpo humano tem cabeça, tronco e membros. Todos diferentes, porém, uma unidade. Além disso, observe-se como é belo, o cosmos, na sua diversidade. Como seria se fosse de um só padrão!
Jesus apresenta-nos como exemplo da verdadeira unidade a trindade divina. São pessoas autónomas, porém, interdependentes, e operando em conjunto em todas as realizações. Assim deve ser na Igreja de Cristo para que o mundo acredite na sua mensagem e aceite viver de acordo com o sábio plano de Deus. Tudo deve ser feito por cada membro do corpo a fim de ser vista a mesma unidade na diversidade.
UNIDADE NO ESPÍRITO
As Sagradas Escrituras demonstram que a verdadeira unidade é espiritual, e que só pode ser formada por pessoas espirituais. O Senhor Jesus, quando intercedia pelos discípulos, orava assim: “E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em mim, e eu em Ti ; para que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que Tu me enviaste. Jo 17.21. Acreditamos realmente nesta oração do Senhor. Cremos no seu valor prático para os nossos dias. Pois, aquilo que Jesus pediu ao Pai não ficaria sem concretização. Uma vez que Ele prometeu que receberíamos aquilo que pedíssemos em Seu nome, como ficaria sem cumprimento um pedido Seu? Jo 17.23. Sem dúvida, sendo este um factor importantíssimo para a formação do reino, não ficou sem atendimento. Contudo, é preciso reconhecer a existência da unidade espiritual na diversidade física e cultural.
Pelo novo nascimento tornamo-nos filhos de Deus e, portanto, receptores do Espírito do mesmo Pai, para formar uma família unida em amor agápico, isto é, com características do amor em grego ‘agápe’. Esta é a qualidade de amor manifestado pelo Pai e pelo Filho por nós no Calvário. E este mesmo amor está sendo derramado em nossos corações pelo mesmo Espírito Santo que nos foi dado. Gal. 3.26. Rom. 5.5. Como filhos de Deus fomos incluídos no Corpo de Cristo e estamos revestidos do mesmo Cristo, para que Ele seja visível em nós. “Porque todos quantos fostes baptizados em Cristo já vos revestistes de Cristo.” Gal. 3.27.
Por isso mesmo, é que Paulo ensina que já não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim . Gal. 2.20. Agora vivemos uma vida de fé unidos no serviço do Senhor e do seu reino. A unidade dos filhos de Deus não lhes permite fazerem quaisquer acepção de pessoas, porque isto seria uma negação da unidade pretendida. Gal. 3.28. Haja, por conseguinte, em nós o mesmo sentimento de Cristo em demonstração da verdadeira unidade. Fil. 2.5. Sendo Ele Deus, assumiu voluntariamente a forma humana a fim de se identificar connosco no mesmo nível.
UNIDADE NO AMOR
A unidade espiritual carece dum suporte espiritual forte, o qual Deus nos concedeu pelo Espírito Santo; é o Seu amor infalível, aquele que nunca cai nem acaba porque tudo suporta. É o amor agápico revelado no Calvário. Cristo informou que “ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” Jo. 15.13. Ele permaneceu em união connosco apesar do seu atroz sofrimento na cruz. Aos romanos, (12.9,10) o apóstolo Paulo apresenta-nos o amor numa forma muito bela, que convém explanar aqui seguindo uma tradução literal. É curioso que ele usa neste trecho três vocábulos gregos para escrever sobre o amor. Eis uma breve explicação antes dos ditos versículos.
“Agape” é o amor sacrificial exemplar na cruz. “Filadelfia” é a amizade filantrópica humana. “Filostorguia” é o amor com a ternura paterna.
– O amor não seja hipócrita (não seja fingido); aborrecendo o mal e apegando-vos ao bem.
– O amor fraternal de uns para os outros; (como irmãos, filhos do mesmo pai).
– Como de pais para filhos; (com a mesma ternura paterna). Considerando-vos em honra uns aos outros.
O amor não aceita acusação contra o irmão sem testemunhas. Mat. 18.16; 1 Tim. 5.19. Além disso, o amor só aceita testemunhas qualificadas, conforme o exemplo dos apóstolos referente ao evangelho. “O que vimos e ouvimos vos anunciamos para que tenhais comunhão connosco; e a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo.” 1 Jo. 1.3. Para que haja uma verdadeira comunhão e unidade é preciso falar aquilo que tiver sido visto e ouvido pessoalmente e com testemunhas. Ainda, o amor procura esclarecer a falta junto do irmão faltoso, através duma conversa pessoal. Mat. 18.15.
Assim, mantenhamos a unidade espiritual pelo amor prático, espiritual, ensinado por Tiago em toda a sua epístola, conforme tem sido explanado anteriormente nestas páginas. É digno de registo o trecho que João escreveu sobre o amor, o qual contém nada menos que quinze vocábulos referentes ao amor, todos derivados de “agape”. “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. (Ou seja, Deus é Agape).
Nisto se manifestou o amor de Deus para connosco: Que Deus enviou o seu Filho ao mundo, para que por Ele vivamos. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Deus nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados. “Amados, se Deus assim nos amou, também nos devemos amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é perfeito o seu amor.” 1 Jo. 4.7–12. Quem amar desta maneira, infalivelmente está cheio do Espírito de Deus e com certeza testemunha de Deus.
UNIDADE NA COMUNHÃO
Comunhão é usufruir coisas em comum. É participar das mesmas actividades. É alegrar-se com os alegres, chorar com os que choram, e levar as cargas uns dos outros, Rom. 12.15. Comunhão é interdependência com reconhecimento das liberdades pessoais, e deve ser reconhecida a nível universal. “Para que não haja divisão no Corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros.” 1 Cor. 12.25. Com este propósito providenciou o Senhor ministérios espirituais à Igreja universal, “querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef. 4.12,13.
UNIDADE NA COOPERAÇÃO
‘Koinonia’ é uma palavra grega traduzida comunhão, a qual na Igreja tem também o sentido de cooperação na proclamação do evangelho do reino de Deus. A primeira igreja europeia, em Filipos, na Macedónia, uniu-se na grande comissão ajudando Paulo, mesmo quando ele estava sob prisão domiciliar em Roma. Fil. 1.3–5. Paulo conta-nos que recebeu salário dum grupo de igrejas a fim de pregar este evangelho que nós pregamos. 2 Cor. 11.8,9. As igrejas da Macedónia uniram-se na obra social, a segurança social da época, 2 Co. 8. E os cristãos podem colaborar das mais variadas formas a fim do evangelho do reino ser ouvido e aceite pelo maior número de pessoas.
A unidade, com laços espirituais inquebráveis, é aquela onde Cristo é Soberano e Líder. Cristãos, pratiquemos a verdadeira comunhão na interdependência das capacidades espirituais e humanas. Cooperemos no cumprimento da grande comissão para que outros também tenham comunhão connosco. “E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.” 1 Jo. 1.3.
Pelo trecho exposto acima, deve ser notado que a verdadeira comunhão tem que ser trilateral para ser perfeita. Não poderá faltar qualquer dos factores. Tal como a Trindade é uma comunhão de pessoas, assim deve ser a nossa. Pois, só gozaremos de perfeita comunhão com Deus se ao mesmo tempo zelarmos pela comunhão com os irmãos, a morada do Espírito Santo. (cf. 1 Jo. 4.21).
CONCLUSÃO
A unidade é possível se considerarmos que Deus é uma Trindade Unida. O Pai não é o Filho, mas é um com o Filho. O Filho mão é o Pai, mas é um com o Pai. O Espírito Santo não é o Pai nem o Filho, mas é um com o Pai e com o Filho. Os três são uma unidade composta. Eu não sou como tu; tu não és como eu; e nós não somos como o outro, mas podemos estar unidos no mesmo propósito que sirva para glória de Deus e benefício da humanidade. (Extraído do livro do autor “O Reino de Deus”)
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