Céu, Inferno e Purgatório

Estudando céu, inferno e purgatório.

 Mateus 25.31–34,41

Pois, quando vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória, e diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda.” …
“Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos.”

Questão

Se há céu e inferno, não haverá também purgatório? Onde será ele? E de onde proveio a ideia de purgatório?

Contexto bíblico

  1.    O CÉU

O Senhor Jesus prometeu àqueles que O recebam a preparação de um lugar ‘na casa do Pai’, na qual havia muitas moradas (Jo 14:1). É nesse lugar que se encontra o trono de Deus (Is 66:1), sendo daí que o Senhor estende a Sua soberania, faz conhecer o Seu poder, a Sua glória e a Sua sabedoria.

O céu é um lugar eterno (2 Co 5:1, Salmos 45:6; 145:13), um alto e santo lugar (Is 57:15), onde se manifesta a paz, onde não haverá choro, tristeza ou dor (Ap 7:16,17). Como tal, não é simbólico nem mero estado de espírito. Enoque e Elias foram elevados para esse lugar, assim como o Senhor Jesus também ascendeu (At 1:11). O Senhor foi para um lugar real, onde foi visto por Estêvão, à mão direita do Pai (At 7:56), e também por Paulo (2 Co 12) e por João (Ap 1:10–18). Aqui está a explicação de Mateus 3:12a que diz: “Em sua mão tem a pá e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo…” 

 2.    O INFERNO

O Senhor Jesus alertou igualmente para o inferno, um lugar onde o bicho não morre nem o fogo se apaga. Assegurou que os que praticarem a iniquidade serão lançados no lago de fogo e enxofre, onde haverá choro e ranger de dentes (Mt 13:42). Um dia, Ele dirá a esses: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos” (Mt 25:41. Cf. Ap 20:10 e 21:8). Aqui temos a explicação de Mateus 3:12b que diz: “e queimará a palha com fogo que nunca se apaga.”

O céu e o inferno são lugares reais que providenciarão prazer ou sofrimento eternos. Jesus asseverou que entre o inferno e o céu existe um tal abismo que é impossível transpor (Lc 16:26). O inferno é um lugar de tormento (Lc 16:23), de vergonha e desprezo eterno (Dn 12:2) onde existe separação absoluta e eterna de Deus, e o desprezo eterno de todos os que lá se encontram. “A fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre, e não têm repouso nem de dia nem de noite” (Ap 14:11). 

 3.   O PURGATÓRIO

a)   O purgatório, como local de purificação após a morte, não existe. Trata-se de uma invenção da Religião Romana, concretamente do papa Gregório I, em 593, que foi aprovada no Concílio de Florença em 1439 e confirmada no de Trento em 1563, apoiando-se na passagem do livro apócrifo de II Macabeus 12:39–46, narrativa das guerras macabeias, conforme o relato abaixo incluso:

No dia seguinte, Judas e os seus companheiros foram levantar os corpos dos mortos, como era necessário, para os depositar na sepultura, ao lado de seus pais. Então, sob a túnica dos que tinham tombado, encontraram objectos consagrados aos ídolos de Jâmnia, proibidos aos judeus pela lei, e todos reconheceram que fora esta a causa da sua morte. Bendisseram, pois, a mão do Senhor justo juiz, que faz aparecer as coisas ocultas, e puseram-se em oração para lhe implorar perdão completo do pecado cometido. O nobre Judas convocou a multidão e exortava‑a a evitar qualquer transgressão, tendo diante dos olhos o mal que havia sucedido aos que foram mortos por causa dos pecados. E mandou fazer uma colecta, recolhendo cerca de dez mil dracmas, que enviou a Jerusalém para que se oferecesse um sacrifício pelo pecado, obra digna e santa, inspirada na sua crença na ressurreição, porque se não esperasse que os mortos ressuscitariam teria sido vão e supérfluo rezar por eles. E acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piamente. Era este um pensamento santo e piedoso. Por isso, pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas.”

Algo deve ser dito a respeito deste relato. Em lado algum das Escrituras canónicas encontramos prática semelhante, mesmo em tempo de guerra com os povos vizinhos, ou conquistadores. Os soldados mortos na batalha pela defesa da sua terra, doada por Deus, só precisavam de confiar na misericórdia divina. Quanto ao pecado da idolatria que tinham cometido, não havia outra solução senão a justa punição segundo a lei. E quando os relatos discordam, o discordante da maioria deve ser rejeitado.

A Bíblia é muito clara ao afirmar em Mt 25:46 que os ímpios irão para o tormento eterno e os justos para a vida eterna. Não há outro lugar ou outro destino. O malfeitor que foi crucificado ao lado do Senhor Jesus, apesar dos seus muitos pecados, não teve de ir para um lugar de purificação, antes o Senhor Jesus lhe assegurou: “em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23:43).

Lemos igualmente em 1 Jo 1:7 que “o sangue de Jesus Cristo, nos purifica de todo o pecado”. Só pela graça do Senhor Jesus somos salvos, por meio da fé, e nunca pelas obras de justiça que possamos fazer (Efésios 2:8,9; Romanos 10:9–13; 3:20–28 e 5:1–10). Só desta forma podemos alcançar a paz com Deus.

b)   Mas, como local de purificação antes da morte, o purgatório existe. A Bíblia aconselha a nossa purificação enquanto vivemos nesta terra. O apóstolo Paulo diz a este respeito: “Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.” “2 Co 7:1). Isto implica levar uma vida de purificação constante até ao momento da morte.

Jesus aconselhou um leproso curado a oferecer pela sua purificação, mas ainda vivia: “Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou para lhes servir de testemunho.” (Mc 1:44).

Apoio de textos bíblicos

… “quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará das obras mortas a vossa consciência para servirdes ao Deus vivo?” (Hb 9:14).
… “nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, que se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade e purificar para si um povo especial, zeloso de boas obras.” (Tt 2:13,14).
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. (1Jo 1:9 ).
“Se, pois, alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e útil ao Senhor, preparado para toda boa obra.” (2  Tm 2:21).

Conclusão

Por conseguinte, concluímos que existe céu para os justos, e inferno para os injustos; e ainda um lugar e o tempo apropriados para cada pecador se purificar de seus pecados. É aqui na terra e antes da morte, que que deve acontecer a purificação, e podemos definir como Purgatório.

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