“vós … sois edificados para morada de Deus em Espírito.” Ef 2.22

Deus começou a habitar, no meio do Seu povo, numa tenda feita com madeira, panos e peles de animais. Anos mais tarde, ordenou que Salomão lhe edificasse uma habitação mais condigna, e este edificou-lhe um majestoso templo no monte Sião em Jerusalém. Mas esse não seria ainda o lugar definitivo para Deus morar entre o Seu povo. Ele tinha uma expectativa mais importante a respeito da Sua habitação. Certa vez Paulo, falando aos gregos, disse que “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens.” Cf. At 17:24.

Depois do Senhor se ter servido daquela habitação durante cerca de mil anos, enviou o Seu querido Filho à terra para viver entre os mortais. Foi nessa ocasião que os povos viram uma grande luz conforme uma profecia de Isaías. Ele era de facto diferente no pensamento, na vida e no trato com as pessoas. Ninguém tinha sido como Ele, Jesus era exemplar entre os humanos. Certa vez até desfiou os seus ouvintes interrogando: “Qual de vós me repreende por pecado?” Jamais alguém teve sinceramente que lhe apontar qualquer transgressão.

Este Jesus foi feito por Deus a pedra fundamental da Sua nova morada. Certa vez Filipe, que já conhecia Jesus, manifestou o desejo de conhecer o Pai e pediu que lho mostrasse. Ao que Jesus respondeu com clareza: “Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Filipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras.” Cf. Jo 14:9,10.

Deus Pai estava ali incarnado, feito homem como os homens que criara, para viver entre eles, com eles e para eles, mas não como eles. A Sua vivência era marcada pela diferença, pela isenção do pecado, da malícia, e do engano. O Deus justo morava naquele corpo humano, mas com vida justa, eterna e divina. Foi deste modo que as multidões viram uma grande luz. Porque Deus é luz e não há n’Ele trevas algumas.

Certa vez, os judeus pediram a Jesus um sinal da Sua autoridade, e Ele respondeu: “Derribai este santuário e em três dias o levantarei.” João esclarece o significado destas palavras ao dizer que “Ele falava do santuário do Seu corpo.” Nas duas vezes que é usada a palavra santuário, o texto grego emprega o vocábulo “naoj” (naos) que era a parte do templo onde se encontrava a Arca da Aliança, o lugar santíssimo, ou morada de Deus. Sem dúvida, este é o maior sinal de que Ele é Deus incarnado à semelhança do homem. Pois, também o homem tinha sido criado espiritualmente à Sua semelhança. Agora havia uma fusão Deus/homem porque foi do agrado de Deus que n’Ele habitasse toda a plenitude da divindade.

Visto ser Jesus a pedra angular, ou fundamental, outras pedras se lhe estão ajuntando com a finalidade de edificar uma nova morada para Deus. Como nos ensina o doutor da Igreja: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício bem ajustado cresce para templo (naos) santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.” Cf. Ef 2:20–22. As próprias palavras do Senhor Jesus confirmam esta doutrina. “Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada.” Cf. João 14.23.

Está confirmado que, como cristãos purificados, somos morada do Pai e do Filho. Agora resta-nos avançar no estudo e certificarmo-nos que o Espírito Santo também habita em nós, como somos ensinados pelo apóstolo dos gentios. “Não sabeis vós que sois santuário (naos) de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” Cf. 1 Co 3:16. “Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário (naos) do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo.” Cf. 1Co 6:19,20.

Por conseguinte, fomos comprados, chamados, purificados e vocacionados para sermos a morada de Deus na terra. Não podemos ser nem fazer outra coisa. Façamos o que Ele faria de acordo com as circunstâncias do momento. O Senhor prometeu estar connosco para nos ajudar na realização da Sua vontade.