A inspiração é entendida como sendo uma influência espiritual, emocional, ou mental, de forma a motivar alguém a praticar alguma acção. Mas, há quatro teorias da inspiração, as quais vamos considerar:
1. A inspiração natural é a alegação de que a Bíblia não é mais inspirada do que qualquer outra obra artística. A inspiração é meramente um discernimento superior existente nalgumas pessoas. Esta teoria não dá lugar a qualquer acção sobrenatural do Espírito Santo. Assim, estes teóricos não têm muita certeza na veracidade da Bíblia.
2. A inspiração parcial é o reconhecimento de que há algumas partes das Escrituras que foram inspiradas, outras não. Alguns destes teóricos acreditam que as palavras proferidas por Deus, ou por Jesus, são mais inspiradas do que as outras dos próprios escritores. Outros acham que as verdades doutrinárias são inspiradas, mas referências históricas, geográficas, ou científicas, estão sujeitas a erro. Deste modo, algumas partes da Bíblia são plenamente inspiradas, outras são parcialmente inspiradas, e o restante não é inspirado. Esta teoria destrói a confiança na Bíblia porque ficamos sem saber em que confiar.
3. A inspiração ditada é a teoria que alega terem sido os escritores secretários de Deus que registaram cada palavra recebida. Estes teóricos valem-se de passagens como estas: “Disse mais o Senhor a Moisés, ou, assim diz o Senhor” (cf. Êx.34.27). Ora, se Deus tivesse ditado todas as palavras das Escrituras o seu vocabulário e estilo seriam semelhantes do princípio ao fim, o que não acontece. Os quarenta escritores da Bíblia, durante cerca de 1500 anos, revelam estilo e vocabulário diferentes. Esta teoria está errada porque temos evidências de que Deus usou vocabulário, estilo e observação humana na composição da mensagem.
4. A inspiração plenária sugere que toda a Escritura é igualmente inspirada por Deus. Paulo afirma isso ao dirigir-se a Timóteo em 2 Tm. 3.16. No acto da inspiração o Senhor contou com o intelecto, a cultura, o vocabulário, e o estilo da cada escritor. Eles foram guiados pelo Espírito Santo a escrever a mensagem certa, porém, com as suas características pessoais. Nós cremos na inspiração plenária porque dá solução ao problema de vocabulário e estilo diferentes nos vários livros da Bíblia (cf. 1 Tes. 2.13). A nossa confiança na inspiração plenária afecta a nossa atitude em relação à Bíblia e o nosso modo de viver.
Na inspiração plena há três significados importantes a considerar:
1. Significa que a mensagem é infalível, pois aquilo que Deus fala não pode falhar. Sempre produzirá o resultado para o qual foi inspirada e escrita (cf. Is. 55.11; Sl. 19.7,8). Onde a Bíblia fala dos propósitos de Deus podemos confiar que essa é a Sua vontade e o Seu plano. Dizer infalível significa afirmar que é incapaz de induzir alguém a errar, se a mensagem for interpretada correctamente.
2. Significa que a mensagem é suficiente para levar os pecadores à salvação e para orientar os filhos de Deus no caminho certo. É a mensagem adequada para informar o homem acerca da vontade de Deus e da sua salvação (2 Tm. 3.16,17). Por isso os reformadores afirmaram: “ Só Escritura, só Graça, só Fé.”
3. Significa que a mensagem é autorizada porque veio do próprio Deus. Ele revelou a Sua vontade e inspirou os homens santos a escrever essa vontade para ser obedecida. A Sagrada Escritura é a maior autoridade reconhecida pelos cristãos. E a doutrina da inspiração plena é fundamental para o reconhecimento da sua autoridade. A Bíblia é a Palavra de Deus infalível e a Sua revelação perfeita. Se for estudada e compreendida à luz da boa hermenêutica, a sociedade não precisa de qualquer outra revelação. Pois, ela ensina, claramente e com autoridade, tudo acerca de Deus e das suas criaturas.
Contraste entre revelação e inspiração
A revelação é diferente da inspiração. A revelação é a comunicação da verdade que não poderia ser descoberta doutra forma. A inspiração está relacionada com o registo dessa verdade forma fiel. A revelação trata de comunicar a verdade, enquanto a inspiração ocupa-se do registo fiel da mesma.
Por exemplo, Moisés registou a história da Criação conforme Deus lha revelara. Porém, o Êxodo foi registado conforme a sua observação dos factos. Mas, em ambos os casos foi inspirado pelo Espírito de Deus para registar os factos para a posteridade. Outro factor que merece atenção é aquele das más acções registadas na Bíblia. Tudo isto foi inspirado e registado fielmente para nosso ensino, a fim de conhecermos a verdade.
A História da Criação foi revelada a Moisés que, inspirado pelo Espírito Santo, a escreveu. No entanto, ao registar o relato do Êxodo, Moisés foi inspirado a escrever aquilo que observara. Em ambos os casos Moisés estava sob a influência e inspiração de Deus. Mesmo quando a Escritura narra factos bons e maus, até as acções de Satanás, mesmo assim, tudo foi inspirado para ficar registado a fim de sermos ensinados (Rm. 15.4). LER + AQUI