Written on Julho 15th, 2012 by Constantino Ferreira
O Carácter da Igreja I
O carácter da Igreja. “Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar;” (Ef. 5.25)
No grego clássico, o vocábulo “ekklesia” era empregue para convocar um exército. Foi usada para expressar a assembleia popular dos cidadãos competentes duma localidade. As reuniões dessa “ekklesia” eram iniciadas com orações e sacrifícios às divindades da cidade. Na versão grega do Antigo Testamento a palavra ocorre cerca de cem vezes, para expressar a assembleia do povo, com exemplos no livro de Deuteronómio. E para exprimir a assembleia para adoração, com exemplos em 2 Crónicas capítulos seis, e trinta.
Por conseguinte, o termo “ekklesia” é usado quando se trata da convocação solene do povo de Deus, e caracteriza-se pela resposta a essa chamada. As pessoas que atendem ao convite do evangelho dirigem-se para a Igreja de Deus e adoram em conjunto. Juntos formamos a Assembleia dos Chamados, daqueles que vieram do mundo para ser incluídos no reino dos céus.
Os escritores do Novo Testamento empregaram o mesmo vocábulo cento e catorze vezes a fim de nomear a assembleia dos chamados para serem os arautos da Boa Nova do Reino. Geralmente, Paulo endereça as suas cartas à “ekklesia de Deus” em certa cidade, doutrinando, ou, corrigindo anomalias, a fim de construir o reino de Deus.
O apóstolo, da sua prisão em Roma, escreve aos cristãos de Colossos, e no final informa-os acerca dos seus três companheiros, únicos cooperadores no reino de Deus. Vejamos como até na prisão os servos do Senhor não perderam a visão do Reino. Assim deve ser até à sua consumação.
A Igreja é a nova criação de Deus, em Cristo, para cumprimento do seu plano concernente ao reino. Ela é formada por pessoas libertadas do reino das trevas, e transferidas para o reino da luz do Filho de Deus, para que agora, pela igreja, a imensa sabedoria de Deus seja conhecida de todos. A igreja é o corpo que Deus usa para oferecer o seu reino a todas as pessoas, com a sabedoria própria do Espírito Santo.
A igreja é santa porque é separada por Deus para Ele mesmo. A igreja é santa porque recebeu de Cristo uma vida nova após o perdão e a purificação dos pecados. A igreja é santa porque está exclusivamente ao serviço de Deus. Paulo escreve assim: “À igreja de Deus em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso;” 1 Co. 1.2.
A ideia de santificação está na transição efetuada, pela fé no sacrifício de Cristo, do reino das trevas para o reino da luz, e na consagração ao serviço do reino dos céus. Todos os membros do corpo de Cristo são santificados para o cumprimento do seu ministério, que é proclamar a reconciliação com Deus, para formar o reino dos céus.
O carácter da igreja é semelhante ao do seu fundador porque Ele habita nela e dirige‑a pelo Espírito Santo. Jesus é a cabeça do seu corpo, da igreja, e sendo a cabeça santa também o corpo é. Na sua carta aos Gálatas, capítulo cinco, Paulo fornece uma grande lista de práticas carnais que impedem as pessoas de entrar no Reino de Deus, enquanto logo a seguir menciona o fruto do Espírito, que é: “Amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança;” E continuando diz: “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências (maus desejos carnais).” Gl. 5.22,24.
A igreja é santa porque os seus membros vivem uma vida nova para glória de Deus, e têm como alvo central o reino dos céus. Assim escreveu Pedro: “Como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver.” 1 Pd. 1.15. A santificação dos filhos de Deus é operada pelo Espírito Santo juntamente com a vontade do indivíduo. Se alguém não quiser ser santo jamais o será. Para ser santo do Senhor tem que separar-se do pecado e obedecer a Deus. A cabeça reina sobre os membros do corpo. Assim é também na igreja, onde Cristo está reinando espiritualmente.
Poder-se‑à dizer que a igreja é a preparação para a concretização do reino. A igreja pode assemelhar-se a uma comissão instaladora. A sua proclamação e o seu serviço visam providenciar o estabelecimento do reino de Deus sobre a terra. Quando chegar o tempo do Senhor, o povo eleito, Israel, tomará o seu devido lugar no reino mediante a sua fé em Cristo.
No futuro, quando reconhecerem Jesus como o seu Messias, serão perdoados e integrados para a consumação do reino. Isto acontecerá quando se completar o tempo dos gentios. Como diz Paulo.“ Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo: Que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E, assim, todo o Israel será salvo” (Rm. 11.25, 26).
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